São Paulo – Virar executivo não é a meta de todo profissional. Mas para quem chega neste ponto da carreira , por vezes, é difícil definir com clareza os contornos da nova função.
É a dificuldade de lidar com o poder, por um lado. Ou a necessidade de aprender novas competências, por outro. Não equalizar bem questões como estas pode levar ao fracasso no novo desafio.
José Augusto Figueiredo, presidente da LHH|DBM, já viu diversos casos desse tipo e concorda que alguns se devem a uma visão equivocada do que é ser um executivo de fato. Veja quais são os 5 mitos mais comuns neste sentido:
Mito 1Suas habilidades atuais sempre trarão sucesso
Até agora, provavelmente, você cresceu na carreira devido a uma gama específica de habilidades que o destacaram no meio da multidão de profissionais no mercado. No entanto, daqui para frente, não há garantias de que o que funcionou no passado trará os mesmos resultados.
Em outros termos: as habilidades que trouxeram a promoção não necessariamente o manterão no cargo.
“As pessoas viram executivas porque mostraram um diferencial”, diz José Augusto Figueiredo. “Mas chega um determinado ponto da carreira que o mundo passa a requerer novas competências”.
Por exemplo, para quem assume um cargo de liderança, as habilidades técnicas continuam importantes, claro. Mas o que pesa é a capacidade de extrair o melhor dos outros para alcançar resultados.
Mito 2Você terá toda autonomia do universo
Outra utopia que alimenta os sonhos pueris dos recém-chegados a um cargo executivo é a ideia de que a partir deste momento da carreira, será possível ter liberdade para fazer o que bem entende.
A história comprova que a vida não é assim. “Não há esta liberdade nem quando você é o dono da empresa”, diz Figueiredo. Evidentemente, o mesmo vale para quem é presidente, diretor e, claro, gerente.
Mais do que em qualquer outra fase da hierarquia, o topo exige uma capacidade “cavalar” de tecer boas negociações. Na prática, isso significa que, além de bons argumentos, o novo executivo precisará de uma dose de “desapego”.
Afinal, negociar também implica em abdicar, ceder, abrir mão em prol do bem comum. (Veja como fazer isso ).
Mito 3Neste ponto, não é permitido errar
Responsabilidade traz evidência. O que, na prática, significa uma porção de holofotes vidrados em cada milimétrica ação que você faz. Junte-se isso aos efeitos hiperbólicos que um deslize pode ter no topo e terás a explicação sobre porque, em um contexto assim, poucos querem errar.
A justificativa é compreensível, porém, ilusória. Se quanto maiores os riscos, melhores os ganhos, podemos afirmar que arriscar-se é essencial neste momento da carreira.
O ponto é que em um cenário incerto, o erro sempre será uma das probabilidades possíveis. Temer encará-lo torna-se, portanto, uma atitude paradoxal. Como manter-se no posto e dar espaço ao novo, se a sua tendência pessoal é paralisar diante do risco de errar?
Além disso, as avó já se cansaram de repetir que “é errando que se aprende”. Por isso, é fato que o erro (quando bem gerido) torna o profissional mais preparado para as próximas etapas. Ou seja, quem acumula uma trajetória consistente de tropeços e consequentes passos firmes pode ganhar, sim, pontos no mercado.
O presidente da LLH|DBM conta que até já pediram a ele a indicação de um executivo que tivesse levado uma empresa à falência. Motivo? Pelo menos assim, o tal presidente saberia o que não fazer sob hipótese alguma.
Mito 4Ser executivo é sinônimo de ter o “rei na barriga”
A arrogância é outra armadilha que pode pôr tudo a perder para o novo executivo. “Ela afugenta as pessoas em volta, diminui o risco dele ser questionado e encostado contra a parede”, descreve Figueiredo.
Como se vê, a arrogância constrói um muro ao redor de quem dá vazão a ela. Se, por um lado, isso traz uma torta forma de proteção, por outro, o impede de ver o que está para além de si. Sem uma visão sistêmica e global, como liderar? Como apostar nos melhores percursos? Como inspirar os outros?
Mito 5“Ter poder” é sinônimo de “ter prazer”
Um cargo no topo pode trazer status e (um certo grau de) poder. Um dos principais erros é acreditar que esta combinação é feita apenas para desaguar em você mesmo.
Quem opta por este conceito acaba focando demasiadamente em si e nutrindo um comportamento egocêntrico. “Não percebe que quando tem poder, o papel dele é proporcionar prazer aos outros”, diz Figueiredo.
Uma das bases da teoria de James Hunter, autor do best-seller “O monge e o executivo”, é a ideia de que o papel de um líder é servir aos outros - a começar por quem está abaixo dele no escalão, segundo ele disse a EXAME.com no ano passado.
Ao focar em si mesmo e usar o poder para isso, o líder perde a dimensão do outro, como diz Figueiredo. E esquece-se de um fato: o reconhecimento é produto natural do ato de servir e se importar com quem está ao seu redor. A satisfação profissional vem exatamente deste ciclo.
- 1. Os executivos do futuro (próximo)
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São Paulo - O mundo mudou. Para seguir este ritmo, novos cargos apareceram na estrutura das empresas. As novas siglas que compõem o alto escalão são um exemplo claro disso. E, segundo pesquisa recente da CTPartners, mais do que meras
profissões , muitos destes novos cargos começam a entrar na mira dos recrutadores. Confira a
lista cargos
executivos que já são tendência nos Estados Unidos e que podem despontar no Brasil em breve.
- 2. Vice-presidente de marketing digital
2 /16(Getty Images)
As empresas brasileiras já estão se acostumando com a imagem do gerente de marketing digital na estrutura corporativa. Mas, de acordo com a pesquisa, a tendência é que, nos próximos anos, este cargo assuma uma posição cada vez mais estratégica na companhia. Nos Estados Unidos, o VP de marketing digital já é uma figura corrente em muitas das maiores empresas. Ele tem a tarefa de criar e implementar as estratégias de marketing da companhia em todas as plataformas online. “Ele precisa entender esta geração que está conectada de uma forma nova e tem que saber lidar com informações que não estão estruturadas. Saber como aproveitar estes recursos da melhor forma”, diz Ana Cláudia Reis, uma das sócias da CTPartners.
- 3. Consumer Internet Chief
3 /16(Wikimedia Commons/Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
De acordo com a especialista, o Consumer Internet Chief trabalha em parceria com o VP de marketing digital. “Ele é a pessoa que visa à inovação no marketing online”, diz. A missão dele é desenvolver produtos e conteúdos com foco na experiência do usuário. Além disso, segundo Ana Cláudia, é dele a responsabilidade por fechar parcerias, coordenar as vendas e as decisões de marketing de consumo e editorial.
- 4. Chief Marketing Information Officer (CMIO)
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Nos últimos anos, é fato que a missão do departamento de marketing ganhou um viés mais tecnológico. “Com o advento do big data, análise da nuvem, marketing digital e multicanais integrados ao marketing, o CMO [Chief Marketing Officer) precisa de ajuda com as novas tecnologias de amplitude e profundidade necessárias para gerenciar e entregar a função de marketing para a companhia”, afirma o estudo. Neste contexto, entra em cena o CMIO. “É alguém que conhece de tecnologia e que é capaz de organizar o grande volume de dados. É um CIO voltado para marketing”, diz a especialista.
- 5. Chefe de análise e Big Data
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Antes de tomar corpo nos planos estratégicos da empresa e balizar as decisões tomadas diariamente, os dados que chegam aos sistemas de computadores precisam ser analisados. Atualmente, no Brasil, os cientistas de dados têm a função de colocar estas informações dentro de um contexto para então encaminhar as análises para os departamentos estratégicos. A tendência, segundo o estudo, é que este profissional ganhe senioridade nos próximo anos. Segundo Ana Cláudia, é ele quem terá a tarefa de desenvolve e manter “os frameworks para as análises, consultas e relatórios, usando as melhores ferramentas de inteligência de negócios disponíveis”, afirma. “Ele tem que entender das ferramentas de manipulação de dados e saber até que ponto isso está inserido no negócio”.
- 6. Diretor de multicanais e varejo
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Já se foi o tempo em que apenas uma estratégia era suficiente para alcançar os consumidores. Hoje, não basta ter, por exemplo, um ponto de venda físico, é preciso ter uma loja online, marcar presença nas redes sociais, entre outras tantas plataformas. É neste cenário que o diretor de multicanais entra em cena: “Ele é responsável por fazer a integração de todos os canais de vendas e de contato com o cliente – seja online ou os tradicionais”, diz Ana Cláudia.
- 7. Vice-presidente de serviços na nuvem
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“Já é uma realidade. As grandes empresas já estão estruturando suas áreas para ofertar serviços na nuvem”, diz Ana Cláudia. “Ele é um profissional com bastante capacitação técnica de infraestrutura e serviços de comunicação de dados, além de terceirização”.
- 8. Chief Operations and Integration Officer (COIO)
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Dentro dos hospitais, o papel do Chief Operations and Integration Officer (COIO) é comandar as complexas parcerias entre hospitais e grupos de médicos com o objetivo a atender melhor o paciente. De acordo com Magui Castro, outra sócia da CKPartners, a ideia é ir além da proposta atual de equipes multidisciplinares locais e partir para uma atuação de equipes multilocais de saúde.Para isso, além de bom entendimento do negócios de saúde, este profissional precisa ter boas habilidades de negociação.
- 9. Chief Business Officer - Saúde
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No setor de saúde, o Chief Business Officer tem a missão de criar estratégias para melhorar a atuação da força de vendas, segundo Magui. Para isso, “ele tem que entender tecnologia digital, os hardwares e softwares médicos existentes”. Mas isso não é tudo. Segundo, o estudo, eles também precisam ter uma noção clara dos tratados regulatórios do setor e da estrutura de mercado de saúde.
- 10. VP de Acesso ao Mercado
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“Acesso ao mercado é um tópico quente nas empresas de biotecnologia, indústria farmacêutica e de diagnóstico”, afirma o estudo. Afinal, é este departamento que está por trás dos esforços para seguir as drásticas mudanças no setor de saúde. “Ele tem que saber o caminho e a estratégia mais eficiente para apresentar o produto ao médico”, exemplifica a especialista. E, neste percurso, não basta chegar com uma dúzia de amostras gratuitas na bolsa. “O conceito tem que ser muito poderoso”, diz a especialista.
- 11. VP/SVP de Desenvolvimento Clínico
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A missão de quem assumir estes cargos é clara: liderar as equipes de desenvolvimento de pesquisas científicas dentro da indústria farmacêutica. Além de experiência no desenvolvimento de novos medicamentos, estes profissionais precisam de uma apurada visão do negócio, segundo o estudo.
- 12. VP de Marketing – Saúde
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Seja pelas novas regras do setor ou pela própria natureza dinâmica do mercado, a área de saúde está mudando. E o vice-presidente de marketing de empresas ligadas ao setor precisam estar atentos. “É ele quem fará toda estratégia”, afirma Magui.
- 13. VP de efetividade da força de vendas
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No Brasil, esta área ainda não tem um cargo de vice-presidente, afirma Magui Castro. “Lá fora, o papel dele é estruturar as vendas por canais e decidir qual a estratégia mais eficiente para cada produto e região”, diz.
- 14. Chief Marketing Information Officer (CMIO) - Informática Clínica
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Big data, análise de dados da nuvem, marketing digital e multicanais também estão entrando aos poucos para o dicionário estratégico das empresas de saúde. Neste cenário, emerge a figura do Chief Marketing Information Officer. A tarefa dele é aliar as estratégias de marketing da companhia com as novas tecnologias. Mas, atenção: ele não precisa ter as mesmas habilidades do CIO. “Ele preenche as lacunas”, diz o estudo
- 15. VP de TI – Saúde
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A nova legislação de saúde dos Estados Unidos determina a integração de todos os registros médicos de pacientes. Neste cenário, a figura do executivo de tecnologia da informação ganha um papel ainda mais estratégico. Mesmo sem uma regra parecida, por enquanto, no Brasil, a tendência é que profissionais com uma visão estratégica do negócio e com habilidades técnicas na infraestrutura de TI sejam mais demandados.
- 16. Agora, que tal ver quais as novas carreiras do mercado
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