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Turnover LGBT: como reter a diversidade na empresa

Executivos LGBTQIAP+ falam sobre como a cultura das empresas é determinante para sua permanência nos cargos

Diversidade: Ambientes saudáveis criam produtividade ainda maior (Javier Zayas Photography/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 1 de julho de 2022 às 18h10.

Última atualização em 1 de julho de 2022 às 18h17.

Por Bússola

Qualquer colaborador que se sinta acuado, ansioso e temeroso no expediente não demora muito para começar a buscar outras oportunidades de emprego.

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Apesar de muitas pessoas já terem passado por essa situação pelo menos uma vez em sua trajetória, tal cenário é ainda mais recorrente e desgastante para os funcionários LGBTQIAP+. Como resultado, a taxa de turnover nas empresas sobe na mesma proporção em que a diversidade cai; condicional hipotética que causa diversos prejuízos. Segundo a ONG Out Now, as empresas brasileiras anualmente gastam mais de R$ 1,4 bilhão com a rotatividade de funcionários LGBT insatisfeitos com o ambiente de trabalho.

Ainda nesse cenário, na última semana, a consultoria global Great Place To Work (GPTW) divulgou os resultados da pesquisa Diversidade e Inclusão (D&I), e revela que os colaboradores LGBTQIAP+ são os que mais escutam piadas e comentários preconceituosos. Em detalhes, 24% afirmam terem presenciado com muita ou alguma frequência. Foi o caso do Renan Conde, diretor Brasil e EUA da Factorial, solução all-in-one de gestão de recursos humanos e departamento pessoal, que durante a sua trajetória profissional foi alvo das ofensas.

“Já fui alvo de preconceito em empresas que não estavam preparadas e, naquele momento, sem a maturidade que tenho hoje, optei por seguir em uma outra oportunidade, mas a denúncia não é só importante, mas essencial para que os RHs possam rever a maneira que lidam com a diversidade em suas equipes”, afirma. Ainda, Renan sinaliza que nestes casos “o ideal é sempre reportar ao RH, lembrando que independentemente da denúncia a nível corporativo, discriminação é crime previsto em lei”.

Entretanto, quando os colaboradores LGBTQIAP+ encontram uma empresa com uma cultura inclusiva e saudável, a permanência é certa. Um exemplo de tal afirmação é Renan Pimenta, supervisor de relacionamento no GetNinjas, aplicativo para contratação de serviços. O executivo está há cinco anos na companhia e durante esse tempo passou por todas as áreas dentro de CS e hoje lidera um time de dez pessoas. “Quando eu cheguei aqui, a cultura da startup me potencializou. Por conta da minha criação em uma cidade do interior, eu tive um choque de cultura, pois não esperava que eu pudesse trabalhar em um lugar em que posso ser quem sou”, declara Renan.

A responsabilidade das empresas

Apesar dos avanços da diversidade corporativa, ainda é imprescindível que as instituições preparem os setores e os profissionais com urgência, desenvolvendo palestras, cursos e atividades de conscientização. Ainda, criar políticas de desmistificação da atuação dos profissionais LGBTQIAP+, porque o preconceito, em muitos casos, ocorre de forma inconsciente na reprodução de comportamentos e comentários que estereotipam o profissional. “Quando a empresa aposta na educação e na diversidade, ela colhe os frutos de um ambiente mais saudável, produtivo e inovador, isso reflete nos resultados”, finaliza Renan Conde.

Além dos treinamentos, as empresas também podem investir em  vagas afirmativas como forma de mostrar acolhimento. Nyldo Moreira, COO da Fala Criativa, braço de relações públicas da Fala HUB, ressalta a importância de vagas afirmativas e de que os colaboradores tenham um canal aberto com o RH e lideranças para trazer esse diálogo.

“As vagas afirmativas garantem mais espaço para esse público e também colocam a empresa à disposição deles. Muitas pessoas acabam não se inscrevendo em uma vaga não afirmativa por receio de não serem acolhidas, por ser discriminadas. Eu mesmo já deixei de falar que sou gay por acreditar que não seria aceito em uma vaga de emprego”, afirma o executivo.

Nyldo diz ainda que já viu empresas se questionarem por não atraírem candidatos diversos, e isso acontece porque a diversidade não vê naquela empresa espaço para integração. “Quando você cria vagas afirmativas, já de início, você está dizendo que ali tem lugar para essas pessoas,”, diz.

Impacto na produtividade

A psicóloga da Smart Doctor, Michelle Vianna Goliath, especializada no atendimento de profissionais LGBTQIAP+, explica que a exposição à violência e desamparo no trabalho pode ocasionar na formação de gatilhos para crises de ansiedade, quadros depressivos e estresse pós-traumático. Além disso, pode ocasionar aumento do estresse, o que causa impactos sobre a produtividade, a janela de atenção e o trabalho em equipe, por exemplo.

“Um ambiente no qual há diálogo e acolhimento para a diversidade pode ser um fator de proteção não só para os indivíduos LGBTQIAP+ mas a todos os colaboradores”, afirma a psicóloga.

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