O que os eventos nos ensinam sobre a economia de cidades pequenas
Eventos geram empregos, crescimento na receita de outros setores, decorrente do aumento do número de visitantes no local e, consequentemente, lucro
Bússola
Publicado em 5 de julho de 2022 às 10h13.
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Você já deve ter escutado alguma história de sucesso de uma personalidade que nasceu e foi criada em uma pequena cidade, pouco conhecida e, hoje, tem um reconhecimento mundial, não é mesmo? Essa linha de desenvolvimento progressivo tanto nos emociona, por nos fazer refletir no esforço e criatividade daquela pessoa para conseguir sair do anonimato à notoriedade. Essa trajetória, mudando o contexto e analisando por uma visão econômica, é basicamente o que acontece com cidades que usam estratégias inovadoras e viram polos, mesmo estando fora do eixo econômico do país.
Em 2012, no Brasil, seis cidades concentravam quase 25% da riqueza do país – São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte e Manaus – e, conforme o último levantamento do governo federal, Porto Alegre e Osasco entraram para a conta também. Esses dados refletem a realidade das pequenas cidades brasileiras, consideradas 97%, que acabam perdendo oportunidades por não fazerem parte desse grupo, mas que, na maioria das vezes, são as que contam com o melhor custo e desenvolvimento de novos negócios diante da concorrência, espaços demográficos, alta taxa de talentos concentrados, melhores preços de negociação e fluxos de mercadorias, por exemplo.
Nesse contexto, como atrair oportunidades de impulsionamento de economia para pequenas cidades?
Em primeiro lugar, é preciso chamar a atenção do público-alvo, no caso, de investidores, C-levels de grandes indústrias, fábricas e empresas, em seguida instigar a curiosidade de os fazerem querer conhecer, para que, na sequência, possa usar o tempo conquistado para mostrar e provar os benefícios. Um bom exemplo para fomentar esse fluxo é o desenvolvimento de eventos, que possibilitam, além da experiência, o conhecimento.
Por envolver estruturas, construções, parcerias e toda uma organização, os eventos são ótimas opções de impulsionamento de economias locais, pois geram novos empregos, crescimento na receita de outros setores (decorrente do aumento do número de visitantes no local), consequentemente, lucro, crescimento e não deixam de respeitar as características locais.
O HJ Conference, que reúne as principais personalidades do ecossistema de empreendedorismo do Brasil em Concórdia, Santa Catarina, é um exemplo de evento sediado em uma pequena cidade, mas que, desde 2016, aumenta a taxa de lotação do serviço de hotelaria meses antes do lançamento de cada edição, renda extra e oportunidades de trabalho. Para exemplificar, nas últimas edições, uma média de 150 a 200 pessoas participaram do staff de produção e desenvolvimento do evento. É uma via de mão dupla, com benefícios para a cidade, em âmbitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, e para os visitantes, organizadores e expositores também.
Na contramão, todo esse processo pode não funcionar se não houver um bom planejamento de logística, na fase de pré-evento, porque, apesar de deter o poder de movimentar o capital local, demanda grandes estruturas e lida com a vida de pessoas de diferentes realidades sociais.
2022 começou marcado pelo retorno das atividades presenciais em escala. Isso inclui os grandes eventos. Neste cenário, fica uma dica aos interessados em movimentar a economia de cidades fora do eixo econômico, aproveitem esta oportunidade! As pessoas anseiam pelo contato físico, ver com os próprios olhos novamente e experienciar momentos que ficarão marcados para sempre em suas vidas.
Em paralelo, o mercado de eventos, festas e entretenimento permanece em movimento. Estamos acompanhando o retorno dos casamentos, que de acordo com a Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), devem movimentar cerca de R$ 40 bilhões só neste ano e envolver 6 milhões de profissionais, 62% maior do que o de 2019. Esta pode ser a chance de alavancar o seu negócio, atrair investimentos, notoriedade e brand awareness, sem que você e a sua empresa precisem migrar para uma das 8 cidades que detém a maior movimentação de capital do país.
Pós-evento
Ao final de todo evento, a movimentação econômica continua, desta vez, também no formato digital, com o amadurecimento do networking feito, conteúdos desenvolvidos nas mídias digitais, firmamento das parcerias negociadas durante a festividade e a reorganização das próximas edições, que envolvem a constância de oportunidades de empregos e renda extra geradas. Além disso, também envolve toda a questão das indústrias, investidores e empresas que foram atraídas e a expansão da notoriedade da geolocalização do local, para a visita de novos viajantes.
*Alexandre Weimer é cofundador do HJ Conference
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