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ESG: Como colocar em prática o capitalismo de stakeholders

Em vez de apenas informar ou consultar os públicos impactados pelo negócio, é preciso criar espaços de colaboração e desenvolvimento de projetos conjuntos

 (Luis Alvarez/Getty Images)

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Publicado em 21 de junho de 2022 às 10h44.

Por Danilo Maeda*

A primeira coluna que escrevi para este espaço teve o título “Não se faz capitalismo de stakeholders sem stakeholders”. No texto, discutia como consistência, engajamento e resultado são as chaves para determinar se determinada organização está entre as que fazem parte do problema ou da solução.

Hoje chego ao texto de número 49, quase 10 meses depois da estreia e decidi retomar o tema, agora em uma perspectiva mais prática: quais são as boas práticas recomendáveis para um processo de engajamento de stakeholders consistente e com resultados práticos?

O primeiro passo é entender o papel central do engajamento de stakeholders para o sucesso de estratégias de ESG. Conceitos que pautam as discussões de sustentabilidade corporativa, como aprendizagem organizacional, capitalismo consciente ou geração de valor compartilhado estão fundamentados na ideia de que é preciso interagir de forma qualificada com públicos de interesse para identificar necessidades, temas relevantes e oportunidades de negócio. A relevância do engajamento é reforçada quando analisamos mecanismos de avaliação de empresas neste prisma, como os questionários do Índice de Sustentabilidade Empresarial, da Certificação B e de frameworks como GRI ou Relato Integrado.

Em um famoso artigo sobre performance financeira e relações com partes interessadas, os professores Jaepil Choi e Heli Wang concluíram que “ao avaliar o impacto do engajamento de stakeholders, a literatura existente argumenta que o gerenciamento eficaz dos relacionamentos com as partes interessadas pode resultar em um desempenho persistentemente superior a longo prazo, ou mesmo na recuperação mais rápida de empresas com desempenho insatisfatório”. Ou seja, o valor do engajamento é indiscutível.

Na prática, isso significa desenvolver boas práticas que consideram o chamado engajamento de terceira geração, marcado por integração estratégica, engajamento transformacional e performance sustentável. Na prática, mais do que reagir a demandas ou apenas mitigar risco, é atuar em conjunto para construir valor compartilhado. Em vez de apenas informar e/ou consultar os públicos impactados pelo negócio, é preciso criar espaços de colaboração, empoderamento e desenvolvimento de projetos conjuntos.

O engajamento qualificado pode (e deve) ser implementado nas diversas frentes de uma organização. Para citar quatro exemplos: com a comunidade, por meio da estruturação de programas de relacionamento baseados no entendimento profundo dos stakeholders e empoderamento das comunidades locais e da força de trabalho; com os colaboradores, via estratégias de comunicação interna e de employee experience para melhorar engajamento, gerar awareness sobre impacto, direcionar comportamentos e promover mudanças; com poder público, através de estratégias de Public Affairs para acelerar mudanças políticas e sociais baseadas em boas práticas e padrões de excelência; com os consumidores, atendidos por programas transparentes de comunicação e relacionamento focados em consumo consciente e valor compartilhado.

Para encerrar, lembro da conclusão do artigo que inaugurou este espaço, ainda válida: Não é nada fácil mudar e engajar as pessoas sobre a urgência do médio ou longo prazo, mas é disso que dependemos para viabilizar o futuro do planeta e de nossas organizações.

*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG do Grupo FSB

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