As ruas pressionam os senadores da CPI da Pandemia
Os parlamentares da comissão sabem aonde querem chegar, mas não sabem como
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2021 às 20h22.
Por Márcio de Freitas*
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia tem uma semana quebrada pela frente, com o feriado de quinta-feira parando os trabalhos. Mas o ritmo da investigação agora tem a pressão vinda das ruas, após os protestos contra o governo no último sábado de maio e a favor uma semana antes.
Senadores de oposição e os independentes convergem com os manifestantes. São todos contra o presidente Jair Bolsonaro. E isso ajuda a alimentar as chamas da fornalha onde está sendo forjado o relatório do senador Renan Calheiros.
A CPI segue com mais depoimentos, mas sem a força para incriminar o governo de forma cabal. Até agora não avançou além do que já se conhecia de público das manifestações em redes sociais. Corre portanto o risco de se repetirem não só os personagens como também os resultados de depoimentos.
O atual ministro da Saúde Marcelo Queiroga passou pelo banco das testemunhas sem comprometer o governo. Nada indica que um segundo tempo mudará esse quadro. Se o presidente é a favor da aglomeração, a oposição que foi às ruas copiou a prática… o pau que bate no mito, bate também no milico.
O ex-ministro Eduardo Pazuello voltará à CPI. O problema dele não é político, mas com a corporação à qual está ligado, o Exército. Os senadores talvez sejam mais agressivos após a presença do ex-ministro em manifestação favorável ao presidente, no Rio de Janeiro uma semana antes dos oposicionistas. E vice-versa. Pode virar roleta russa.
Os senadores sabem aonde querem chegar; não sabem como. A CPI não tem um guia a indicar o caminho. O risco é passar a imagem de paralisia ou de estarem perdidos. A busca por um fato novo continua, mas o risco de déjà vu é grande.
*Márcio de Freitasé analista político da FSB Comunicação
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