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A inteligência artificial pode estar criando uma cultura de procrastinação 

A utilização desenfreada da inteligência artificial, alinhada à defasagem do senso crítico, provoca a queda no desempenho e na qualidade de serviços. Confira o artigo de Bruno Abreu, CEO da Sofist

Software programmers analyzing html code and database, brainstorming script ideas to develop new security system. Engineers working with coding language collaborating on group project (valentinrussanov/Getty Images)

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Publicado em 24 de setembro de 2024 às 16h00.

Por Bruno Abreu, CEO da Sofist

Não tenho dúvidas de que a inteligência artificial foi desenvolvida para otimizar as atividades, resolver novos problemas complexos, acelerar o tempo de desenvolvimento das tarefas e impulsionar os negócios. 

No entanto, a automação inteligente pode ser utilizada de forma inadequada por gestores e colaboradores. A falta de planejamento está colocando as empresas em risco e 89% dos C-levels vão desperdiçar dinheiro com investimentos em inteligência artificial se não definirem estratégias a longo prazo, como indica o relatório “Budget Planning Guide 2025”,  da Forrester

A falta de uma estratégia adequada para o uso dos sistemas inteligentes também está comprometendo o desempenho dos profissionais, que não sabem como utilizá-los de maneira assertiva e eficaz. Como resultado, os custos vão para as alturas e, além disso, entregam projetos de baixa qualidade

Segundo o estudo “É prejudicial ou útil? Examinando as causas e consequências do uso da IA generativa entre estudantes universitários”, publicado no International Journal of Educational Technology in Higher Education, a utilização excessiva da inteligência artificial generativa pode influenciar tendências de procrastinação. 

Esse fenômeno ocorre devido à oferta de atalhos e respostas fáceis, o que pode enfraquecer o pensamento crítico, podendo levar à perda de memória. 

Estamos falando sobre a potencial diminuição cognitiva dos profissionais pela dependência de ferramentas que deveriam ser utilizadas para aprimorar as competências humanas, mas que agora são usadas para substituir o pensamento lógico. 

Automação e o enfraquecimento da capacidade crítica

Uma pesquisa realizada pela Opinion Box em janeiro de 2024, com mais de mil participantes, aponta que apenas 41% das pessoas concordaram que o ser humano é insubstituível no trabalho. 

Já para 62% dos entrevistados, quem não aprender a utilizar IA perderá competitividade no ambiente profissional. 

Curiosamente, justamente a habilidade que torna os humanos superiores às máquinas está sendo negligenciada devido à preguiça de realizar as tarefas cotidianas.

Um exemplo disso é a utilização de chatbots. Ao invés de utilizar essas plataformas, como o ChatGPT, para otimizar as atividades, muitos profissionais elaboram prompts mal formulados e dão continuidade ao trabalho sem sequer conferir se a resposta gerada está correta ou faz sentido. 

Por isso, as projeções do Gartner indicam que, até 2025, pelo menos 30% dos projetos de IA Generativa serão abandonados após prova de conceito (POC) devido à má qualidade dos dados, controle inadequado de riscos e aumento dos custos operacionais.

Como manter a qualidade dos serviços com a utilização da IA?

A chave para equilibrar a utilização e a qualidade dos serviços está no planejamento estratégico e no investimento na cultura de inovação

As tecnologias precisam ser combinadas com as habilidades humanas e cabe às gestões conscientizar e impedir que a inteligência artificial se torne um encosto que enfraqueça o pensamento crítico. 

Compartilho abaixo três estratégias fundamentais para garantir o sucesso da integração entre máquinas e seres humanos, aumentando a qualidade dos resultados:

Treinamento contínuo

Para que a implementação da IA seja eficiente nas empresas, as lideranças precisam investir na capacitação dos colaboradores, para que eles aprendam como utilizar as ferramentas para otimizar o trabalho, enxergando as tecnologias de forma inteligente, sem deixar de lado o pensamento crítico e a criatividade. 

Espaço para inovação e criatividade

A automação é benéfica para otimizar os processos dentro das empresas. Ela pode ser implementada em tarefas manuais pouco cognitivas e que podem ser aceleradas, como catalogar dados, transcrever reuniões, sumarizar relatórios, dentre outras atividades. 

Monitoramento e avaliação dos resultados

Um bom planejamento estratégico também envolve um acompanhamento constante dos projetos para identificar gargalos, falhas e pontos de melhoria, assim como uma mensuração detalhada dos resultados. É necessário entregar qualidade durante todo o processo, não só no produto final.

O potencial enfraquecimento do pensamento crítico dos profissionais e a queda na qualidade dos serviços são ameaças reais que precisam ser abordadas com seriedade. 

A inteligência artificial e outras ferramentas tecnológicas foram criadas para impulsionar os negócios e facilitar nossas vidas, mas, para isso, precisam ser utilizadas com discernimento e responsabilidade. 

Para evitar que a tecnologia enfraqueça a capacidade humana, é essencial que cultivemos uma cultura  de aprendizado contínuo, onde a IA seja vista como uma aliada na busca pela excelência, e não como um substituto para as habilidades que nos tornam únicos como seres humanos. 

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