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3 perguntas de ESG a Marco Fujihara, do Fórum Brasileiro do Clima

Consultor e decano da sustentabilidade no país fala sobre as coisas que tentará destravar como novo coordenador executivo da instituição

Marco Fujihara, consultor do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (Divulgação/Divulgação)
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Bússola

Publicado em 7 de abril de 2022 às 10h51.

Última atualização em 7 de abril de 2022 às 15h27.

Por Renato Krausz e Danilo Maeda*

1) Quais são as prioridades do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, cujo comando você assumiu em março?

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Marco Fujihara: Realizamos no final do mês passado a primeira reunião executiva do ano e definimos três frentes de trabalho prioritárias: 1) as nossas NDCs [Contribuição Nacionalmente Determinada, na sigla em inglês – são as metas que cada país estipulou no Acordo de Paris para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa]; 2) a criação do mercado de carbono no país; e 3) o financiamento climático. As NDCs devem ser revistas a cada cinco anos.

Precisam ser factíveis, e o mercado de carbono pode ser um instrumento de enorme importância para que consigamos cumpri-las. Já em relação ao financiamento climático, queremos pensar nas condições de fundos do clima para projetos não reembolsáveis e outros reembolsáveis. Precisamos discutir e estabelecer condições diferenciadas para prazos e taxas, pois estamos falando de adaptação e mitigação climática. E, claro, precisamos atrair capital, o que só será possível com segurança jurídica. O mercado de carbono será fundamental para isso também.

2) Qual o modelo ideal de mercado de carbono para o Brasil adotar?

Marco Fujihara: Temos dois projetos em discussão no Congresso, e ambos têm vantagens e desvantagens. Penso que o modelo ideal seria próximo do que existe na Europa, o cap and trade [sistema que estabelece limites e licenças de emissões que podem ser comercializadas]. Regular um mercado de carbono é muito melhor do que simplesmente criar um imposto a ser pago pelo poluidor. O carbono tem mais liquidez, e você pode agregar outros layers que acabarão conferindo mais valor aos créditos, como um de biodiversidade, outro de água e por aí vai. A chave disso é definir como precificar. E estipular os limites de emissões para cada setor. Lá fora já ocorrem leilões setoriais. Enquanto isso, no Brasil, hoje há projetos no mercado voluntário que nem sequer possuem auditoria. Tem gente que nunca surfou querendo vender prancha de surfe. Por isso, o mais urgente é criar o mercado.

3) Como avalia a corrida pelo net-zero em carbono na qual muitas empresas têm se lançado?

Marco Fujihara: É positivo, sem dúvida, mas com um risco muito grande de virar greenwashing. A empresa que firma esse pacto precisa dizer claramente como vai chegar lá e ainda mostrar como e por que esse caminho é factível. Por exemplo, não adianta uma fábrica X dizer que trocará todos os seus motores, se não há por ora substitutos disponíveis no mercado. A pauta precisa ser mais profunda. Nesse sentido, sou muito crítico mesmo. Meus alunos [Fujihara é professor do IBGC — Instituto Brasileiro de Governança Corporativa] até brincam comigo perguntando se existe alguma coisa que eu ache legal. Sim, tem muita coisa. E por elas que estamos trabalhando há tantos anos.

*Renato Krauszé sócio-diretor da Loures Comunicação eDanilo Maedaé head da Beon, consultoria de ESG do grupo FSB

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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