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Wolff, da ESPN: o Rio demorou, mas empolgou

Para Russell Wolff, vice-presidente executivo da ESPN Internacional, Jogos Olímpicos no Brasil tem tudo para ser um sucesso

RUSSELL WOLFF: “há três meses dos Jogos, eu estava nervoso; agora, os patrocinadores batem na nossa porta” / Divulgação
CO

Carol Oliveira

Publicado em 11 de agosto de 2016 às 19h40.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h20.

Sem poder transmitir as Olimpíadas nos Estados Unidos – já que os direitos de exclusividade por lá foram comprados pela NBC por 7,65 bilhões -, o canal esportivo ESPN aposta pesado na cobertura para a América Latina. Mais de 500 profissionais estão no Rio de Janeiro. Eventos ao vivo são cada vez mais importantes na estratégia da companhia, mas nunca foi tão difícil conquistar seus direitos. Em 2014, para renovar os direitos sobre a NBA, a liga de basquete americana, a emissora teve de subir o acordo de 485 milhões para 1,47 bilhão de dólares. No mesmo ano, aqui no Brasil, perdeu os direitos de transmissão da Liga dos Campeões da Europa para o Esporte Interativo, do grupo Turner. Em entrevista a EXAME Hoje durante sua visita ao Brasil, o vice-presidente executivo da ESPN Internacional, Russell Wolff, falou sobre a Rio 2016, a aquisição de direitos de transmissão e o futuro da emissora no mercado de streaming.

Como o senhor avalia a Rio 2016 até agora? O Brasil está indo bem se comprado a outras edições?
Eu estive no Brasil para a Copa do Mundo em 2014, e estar de volta é empolgante. Já vi muitas edições dos jogos e acho que está tudo indo muito bem. Para nós, está tudo correndo bem nas transmissões, as taxas de audiência estão boas e estamos vendo um grande interesse dos fãs não só no Brasil, mas também na transmissão em espanhol ao redor da América Latina.

As Olimpíadas são uma oportunidade para expandir o mercado internacionalmente?
Elas só duram duas semanas, e nós estamos no ar com milhares de horas de conteúdo todos os dias, no Brasil e em todos os países em que estamos presentes. Então, não é uma porta de entrada para nós, é a continuação do crescimento que temos visto ao longo dos últimos 28 anos – e eu estou na ESPN por 20 deles. Então, estou muito feliz em ver como os negócios estão crescendo. No ano passado, por exemplo, anunciamos uma parceria com a Tencent para exibir conteúdo da ESPN na China.

O senhor está feliz com os resultados comerciais das Olimpíadas no Brasil, mesmo com a crise econômica e política aqui?
Tem sido um período nervoso, e o ambiente antes dos jogos certamente não fez com que muitas pessoas quisessem investir com antecedência. Mas como sempre acontece em grandes eventos, à medida que a data se aproximara a empolgação cresce, os parceiros e anunciantes se animam e começam a aparecer. E foi o que aconteceu ao longo dos últimos tempos. Se tivéssemos nos encontrado há três meses, eu estaria mais nervoso. Agora, os patrocinadores continuam a bater na nossa porta e querem se envolver.

A que esportes o senhor assistirá no Rio?
Já assisti a provas do Michael Phelps na natação, e à final de Rugby na quinta-feira. Na verdade, sou mais fã de esportes de inverno, então meu favorito é hóquei no gelo. Mas nas Olimpíadas de verão, adoro natação e basquete. E amo assistir a coisas diferentes, então gostei muito que adicionaram rugby de sete – é muito emocionante e rápido.

Os eventos ao vivo são o carro-chefe da ESPN. Como escolher quais eventos são essenciais?
É parte arte e parte ciência. A parte da ciência é quando olhamos para os números de audiência, as vendas de anúncio, a importância para os fãs e para nossos clientes. A parte da arte é que nem todos os direitos estão disponíveis ao mesmo tempo: diferentes direitos aparecem em momentos diferentes e com orçamentos diferentes. Nem todo processo de aquisição é igual. Vemos os eventos ao vivo como nosso portfólio: um portfólio de direitos de transmissão, de talentos, de shows, da estrutura que temos para servir aos fãs. Acredito que a receita que temos hoje para fazer isso é muito forte.

Na terça-feira, a Disney, dona da ESPN, anunciou a compra de 33% dos direitos da companhia de streaming BAMTech, para as transmissões de beisebol. Em tempos de Netflix, o streaming será uma das prioridades da ESPN?
Nós acreditamos que a BAMTech é muito forte no setor, em termos tecnológicos, e estamos muito felizes com o acordo. Já estamos no ramo do streaming com a plataforma ESPN Watch, e com uma assinatura de TV os fãs podem ver conteúdo em seus celulares, tablets, computadores, em qualquer lugar em que estejam. Nossa missão é servir aos fãs a qualquer hora e em qualquer lugar. Isso não significa que vamos colocar conteúdo de graça em todos os lugares, mas quando acharmos que é de nosso interesse distribuir conteúdo em lugares com o Twitter, o Facebook ou o Snapchat, nós faremos isso.

Está mudando a interação das novas gerações com a TV?
As pessoas continuam assistindo a entretenimento e continuam assistindo a esportes. Apesar de tudo, acredito que, por um longo tempo, a assinatura de pacotes de canais na TV ainda será a principal forma de as pessoas se entreterem. Nós vemos os fãs de todas as idades buscando interagir com esportes e com eventos esportivos ao vivo. E as Olimpíadas são um grande exemplo. Nosso conteúdo não será gratuito, e estamos confiantes no preço que cobramos por isso.

Os resultados da Disney para o segundo semestre foram positivos, mas muito se fala que a ESPN não é mais uma das prioridades da empresa. Os custos de transmissão, por exemplo, subiram de 3 para 5 bilhões de dólares, enquanto a emissora perdeu mais de 7 milhões de assinantes nos últimos dois anos. O modelo da ESPN está em xeque?
A situação é muito melhor do que o que é dito nos jornais. A ESPN é um ótimo negócio em qualquer lugar do mundo. Sempre tivemos um enorme apoio da Disney ao longo dos anos. Não fazemos investimentos torcendo para que dê certo, são aquisições de conteúdo que fazem parte de um modelo de negócio que se sustenta sozinho, e no qual temos muita experiência. Seja um acordo milionário para transmissão internacional da NBA ou a compra dos direitos das Olimpíadas aqui no Brasil, nós estamos felizes com o conteúdo que oferecemos e com o apoio que temos da Disney para fazer isso.

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Sem poder transmitir as Olimpíadas nos Estados Unidos – já que os direitos de exclusividade por lá foram comprados pela NBC por 7,65 bilhões -, o canal esportivo ESPN aposta pesado na cobertura para a América Latina. Mais de 500 profissionais estão no Rio de Janeiro. Eventos ao vivo são cada vez mais importantes na estratégia da companhia, mas nunca foi tão difícil conquistar seus direitos. Em 2014, para renovar os direitos sobre a NBA, a liga de basquete americana, a emissora teve de subir o acordo de 485 milhões para 1,47 bilhão de dólares. No mesmo ano, aqui no Brasil, perdeu os direitos de transmissão da Liga dos Campeões da Europa para o Esporte Interativo, do grupo Turner. Em entrevista a EXAME Hoje durante sua visita ao Brasil, o vice-presidente executivo da ESPN Internacional, Russell Wolff, falou sobre a Rio 2016, a aquisição de direitos de transmissão e o futuro da emissora no mercado de streaming.

Como o senhor avalia a Rio 2016 até agora? O Brasil está indo bem se comprado a outras edições?
Eu estive no Brasil para a Copa do Mundo em 2014, e estar de volta é empolgante. Já vi muitas edições dos jogos e acho que está tudo indo muito bem. Para nós, está tudo correndo bem nas transmissões, as taxas de audiência estão boas e estamos vendo um grande interesse dos fãs não só no Brasil, mas também na transmissão em espanhol ao redor da América Latina.

As Olimpíadas são uma oportunidade para expandir o mercado internacionalmente?
Elas só duram duas semanas, e nós estamos no ar com milhares de horas de conteúdo todos os dias, no Brasil e em todos os países em que estamos presentes. Então, não é uma porta de entrada para nós, é a continuação do crescimento que temos visto ao longo dos últimos 28 anos – e eu estou na ESPN por 20 deles. Então, estou muito feliz em ver como os negócios estão crescendo. No ano passado, por exemplo, anunciamos uma parceria com a Tencent para exibir conteúdo da ESPN na China.

O senhor está feliz com os resultados comerciais das Olimpíadas no Brasil, mesmo com a crise econômica e política aqui?
Tem sido um período nervoso, e o ambiente antes dos jogos certamente não fez com que muitas pessoas quisessem investir com antecedência. Mas como sempre acontece em grandes eventos, à medida que a data se aproximara a empolgação cresce, os parceiros e anunciantes se animam e começam a aparecer. E foi o que aconteceu ao longo dos últimos tempos. Se tivéssemos nos encontrado há três meses, eu estaria mais nervoso. Agora, os patrocinadores continuam a bater na nossa porta e querem se envolver.

A que esportes o senhor assistirá no Rio?
Já assisti a provas do Michael Phelps na natação, e à final de Rugby na quinta-feira. Na verdade, sou mais fã de esportes de inverno, então meu favorito é hóquei no gelo. Mas nas Olimpíadas de verão, adoro natação e basquete. E amo assistir a coisas diferentes, então gostei muito que adicionaram rugby de sete – é muito emocionante e rápido.

Os eventos ao vivo são o carro-chefe da ESPN. Como escolher quais eventos são essenciais?
É parte arte e parte ciência. A parte da ciência é quando olhamos para os números de audiência, as vendas de anúncio, a importância para os fãs e para nossos clientes. A parte da arte é que nem todos os direitos estão disponíveis ao mesmo tempo: diferentes direitos aparecem em momentos diferentes e com orçamentos diferentes. Nem todo processo de aquisição é igual. Vemos os eventos ao vivo como nosso portfólio: um portfólio de direitos de transmissão, de talentos, de shows, da estrutura que temos para servir aos fãs. Acredito que a receita que temos hoje para fazer isso é muito forte.

Na terça-feira, a Disney, dona da ESPN, anunciou a compra de 33% dos direitos da companhia de streaming BAMTech, para as transmissões de beisebol. Em tempos de Netflix, o streaming será uma das prioridades da ESPN?
Nós acreditamos que a BAMTech é muito forte no setor, em termos tecnológicos, e estamos muito felizes com o acordo. Já estamos no ramo do streaming com a plataforma ESPN Watch, e com uma assinatura de TV os fãs podem ver conteúdo em seus celulares, tablets, computadores, em qualquer lugar em que estejam. Nossa missão é servir aos fãs a qualquer hora e em qualquer lugar. Isso não significa que vamos colocar conteúdo de graça em todos os lugares, mas quando acharmos que é de nosso interesse distribuir conteúdo em lugares com o Twitter, o Facebook ou o Snapchat, nós faremos isso.

Está mudando a interação das novas gerações com a TV?
As pessoas continuam assistindo a entretenimento e continuam assistindo a esportes. Apesar de tudo, acredito que, por um longo tempo, a assinatura de pacotes de canais na TV ainda será a principal forma de as pessoas se entreterem. Nós vemos os fãs de todas as idades buscando interagir com esportes e com eventos esportivos ao vivo. E as Olimpíadas são um grande exemplo. Nosso conteúdo não será gratuito, e estamos confiantes no preço que cobramos por isso.

Os resultados da Disney para o segundo semestre foram positivos, mas muito se fala que a ESPN não é mais uma das prioridades da empresa. Os custos de transmissão, por exemplo, subiram de 3 para 5 bilhões de dólares, enquanto a emissora perdeu mais de 7 milhões de assinantes nos últimos dois anos. O modelo da ESPN está em xeque?
A situação é muito melhor do que o que é dito nos jornais. A ESPN é um ótimo negócio em qualquer lugar do mundo. Sempre tivemos um enorme apoio da Disney ao longo dos anos. Não fazemos investimentos torcendo para que dê certo, são aquisições de conteúdo que fazem parte de um modelo de negócio que se sustenta sozinho, e no qual temos muita experiência. Seja um acordo milionário para transmissão internacional da NBA ou a compra dos direitos das Olimpíadas aqui no Brasil, nós estamos felizes com o conteúdo que oferecemos e com o apoio que temos da Disney para fazer isso.

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