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"Traição" de Bolsonaro faz Patriota e Livres mudarem de planos

Lideranças dos grupos tiveram seus projetos políticos atropelados pelo casamento consumado entre o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o PSL

Jair Bolsonaro: presidente do Patriota não pretende fechar as portas para o deputado (Antonio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de janeiro de 2018 às 08h35.

Última atualização em 11 de janeiro de 2018 às 10h16.

São Paulo - "Perdoa-me por Me Traíres" é o título de uma peça do dramaturgo Nelson Rodrigues, escrita em 1957, mas que poderia servir perfeitamente de epíteto para a situação do presidente do PEN-Patriota, Adilson Barroso, e do presidente interino do Livres, Paulo Gontijo.

Mesmo que em diferentes níveis, os dois viram seus projetos políticos serem atropelados pelo casamento consumado (expressão usada pelos próprios envolvidos) entre o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o PSL, de Luciano Bivar (PE).

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Barroso é o presidente do PEN-Patriota, que até a semana passada ainda era a legenda escolhida pelo hoje segundo colocado nas pesquisas de intenção de votos, Jair Bolsonaro, para concorrer à Presidência da República.

Já o publicitário Gontijo foi alçado à presidência interina do Livres depois que o movimento foi expelido do PSL, onde militavam havia dois anos, por não concordarem com a chegada dele, o Bolsonaro.

Barroso, claramente, não pretende fechar as portas para Bolsonaro. Por isso, quando fala em traição, faz questão de ressaltar que a traição foi da equipe do deputado.

"O Bolsonaro foi enganado por um grupo mal-intencionado que está ao redor dele. Esse grupo não quer elegê-lo presidente. O que eles querem é tomar um partido. Fui traído pelo grupo dele", disse.

O presidente do PEN-Patriota se disse aliviado porque já não estava suportando a pressão do grupo bolsonarista por espaços na legenda. "Começaram pedindo o controle de cinco Estados. No fim, já estavam com 23 e querendo o Diretório Nacional."

Ainda assim, Barroso sinalizou com a possibilidade de receber Bolsonaro de volta - caso o casamento com o PSL não seja assim tão feliz. "Aqui ainda tem vaga para ele. Mas com a condição de ter o controle político do partido. Aqui, eu digo, ele pode ter a legenda - isso se nenhuma denúncia pegar nele."

Ou seja, Barroso não acreditou que o casamento do deputado com o PSL possa vingar. "Já tem muito arranhão lá no PSL. Eles (o grupo do Bolsonaro) vão pedir tudo e vai dar briga. Aqui no Patriota nós temos uma unidade grande. Aqui, quando eu falo a é a. Aqui, quando eu falo você será candidato, todos acompanham. No PSL metade é contra o Bolsonaro, metade é a favor. No Patriota não tem essa questão de maioria, aqui tem unanimidade."

Barroso prevê que a candidatura Bolsonaro pode cair no colo de outra legenda. "Não sou profeta, sou técnico. E acho que é o que provavelmente vai acontecer", afirmou.

Gosto amargo

Já Gontijo, dos Livres, admitiu que no cálculo de Bivar, presidente do PSL, teve um quê de pragmatismo eleitoral, mas que "chegou com gosto de traição".

"Foi um trabalho desenvolvido ao longo de dois anos, tínhamos o controle de 12 Estados, da fundação e da comunicação. Todas essas coisas são marcos de um trabalho bem-feito. Quando tudo isso muda em questão de dias não dá para dizer que não fica um gosto amargo."

Apesar do amargor, Gontijo é otimista. Ele viu as redes sociais do Livres crescer em uma semana o que crescia em seis e tem recebido a solidariedade de partidos como Novo, Rede e PPS. "Ainda não definimos se os candidatos do Livres vão sair por um partido ou espalhados por vários."

A assessoria do deputado Bolsonaro foi procurada, mas não se manifestou. Bivar, do PSL, foi procurado, mas também não respondeu à reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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