Tragédia de Itaoca afeta pesca no Vale do Ribeira
O presidente da Colônia de Pescadores Z 7 de Iguape, Rafael Ribeiro, vai pedir ao governo estadual o repovoamento do rio com as espécies mais atingidas
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2014 às 15h07.
Sorocaba - A tragédia de Itaoca, atingida por uma tromba d'água no último dia 13, pode afetar de forma drástica a atividade pesqueira no Vale do Ribeira e litoral sul do Estado de São Paulo.
Amostragens realizadas por docentes do Curso de Engenharia de Pesca da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Registro, constataram perdas em 17 espécies de peixes e uma de camarão em razão da grande quantidade de resíduos lançada pelo fenômeno nas águas do rio Ribeira.
O presidente da Colônia de Pescadores Z 7 de Iguape, Rafael Ribeiro, vai pedir ao governo estadual o repovoamento do rio com as espécies mais atingidas, como curimbatá, robalo, jundiá e mandi.
O estudo da Unesp foi realizado entre as cidades de Registro e Sete Barras, banhadas pelo rio após a passagem por Itaoca, uma semana depois do temporal.
As espécies mais abundantes entre os peixes mortos foram manjuba, com 34,3%, curimbatá, com 22,6%, e mandi, com 7,8%, sendo o restante dividido entre as demais espécies.
Os peixes mortos foram observados flutuando no rio ou retidos nas margens. Havia acúmulo de peixes próximo de Sete Barras e Registro, o que levou à conclusão de que, uma semana após o temporal, os peixes ainda rodavam pelo rio, e que a mortandade fora causada pelos deslizamentos de terra ocorridos 60 quilômetros à montante.
De acordo com os pesquisadores, embora o nível do prejuízo para a atividade pesqueira ainda seja incerto, a grande quantidade de peixes mortos aponta para menor abundância das espécies atingidas nos próximos anos. É o caso do curimbatá, espécie comercial pescada praticamente o ano todo, cujo ciclo de vida se restringe às águas doces do Ribeira.
Também pode ter sido afetado o ciclo de reprodução da manjuba, espécie importante do ponto de vista comercial e ecológico. O peixe migra do mar para o rio nesta época do ano para a reprodução. Com o fenômeno, os cardumes podem ter sido dizimados ou se refugiado no mar num período em que as fêmeas deveriam estar desovando no rio.
Incerteza
Para o presidente da colônia, que reúne 1,8 mil pescadores de Registro, Iguape e Ilha Comprida, o futuro da atividade é incerto. Nesta sexta-feira, 24, terminou o período de defeso (proibição) e a pesca da manjuba será retomada neste fim de semana. "O estuário todo de Iguape foi afetado pela lama e ainda não dá para saber se os cardumes vão aparecer."
Ele acredita que o dano também foi grande na população de robalos. "O peixe que escapou da mancha de sujeira fugiu para o mar." Também morreram muitos exemplares de lagostim preto e amarelo. "É uma espécie que já estava ameaçada de extinção", afirmou.
Sorocaba - A tragédia de Itaoca, atingida por uma tromba d'água no último dia 13, pode afetar de forma drástica a atividade pesqueira no Vale do Ribeira e litoral sul do Estado de São Paulo.
Amostragens realizadas por docentes do Curso de Engenharia de Pesca da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Registro, constataram perdas em 17 espécies de peixes e uma de camarão em razão da grande quantidade de resíduos lançada pelo fenômeno nas águas do rio Ribeira.
O presidente da Colônia de Pescadores Z 7 de Iguape, Rafael Ribeiro, vai pedir ao governo estadual o repovoamento do rio com as espécies mais atingidas, como curimbatá, robalo, jundiá e mandi.
O estudo da Unesp foi realizado entre as cidades de Registro e Sete Barras, banhadas pelo rio após a passagem por Itaoca, uma semana depois do temporal.
As espécies mais abundantes entre os peixes mortos foram manjuba, com 34,3%, curimbatá, com 22,6%, e mandi, com 7,8%, sendo o restante dividido entre as demais espécies.
Os peixes mortos foram observados flutuando no rio ou retidos nas margens. Havia acúmulo de peixes próximo de Sete Barras e Registro, o que levou à conclusão de que, uma semana após o temporal, os peixes ainda rodavam pelo rio, e que a mortandade fora causada pelos deslizamentos de terra ocorridos 60 quilômetros à montante.
De acordo com os pesquisadores, embora o nível do prejuízo para a atividade pesqueira ainda seja incerto, a grande quantidade de peixes mortos aponta para menor abundância das espécies atingidas nos próximos anos. É o caso do curimbatá, espécie comercial pescada praticamente o ano todo, cujo ciclo de vida se restringe às águas doces do Ribeira.
Também pode ter sido afetado o ciclo de reprodução da manjuba, espécie importante do ponto de vista comercial e ecológico. O peixe migra do mar para o rio nesta época do ano para a reprodução. Com o fenômeno, os cardumes podem ter sido dizimados ou se refugiado no mar num período em que as fêmeas deveriam estar desovando no rio.
Incerteza
Para o presidente da colônia, que reúne 1,8 mil pescadores de Registro, Iguape e Ilha Comprida, o futuro da atividade é incerto. Nesta sexta-feira, 24, terminou o período de defeso (proibição) e a pesca da manjuba será retomada neste fim de semana. "O estuário todo de Iguape foi afetado pela lama e ainda não dá para saber se os cardumes vão aparecer."
Ele acredita que o dano também foi grande na população de robalos. "O peixe que escapou da mancha de sujeira fugiu para o mar." Também morreram muitos exemplares de lagostim preto e amarelo. "É uma espécie que já estava ameaçada de extinção", afirmou.