Temer vai a Janot por ser chamado de "ladrão-geral da República"
Na sexta, o Planalto chamou Joesley Batista de "grampeador-geral da República"; o empresário respondeu, chamando Temer de "ladrão-geral da República"
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de setembro de 2017 às 15h49.
Última atualização em 4 de setembro de 2017 às 15h59.
São Paulo - O presidente Michel Temer decidiu apelar ao procurador-geral da República Rodrigo Janot contra Joesley Batista, por quem alega ter sido ofendido. Depois que o Palácio do Planalto emitiu nota na sexta-feira, 1, dizendo que o dono da JBS é "grampeador-geral da República", o empresário também divulgou texto em que chamou Temer de "ladrão-geral da República" e, ainda, que o presidente "envergonha" todos os brasileiros.
"Estou indignado", declarou nesta segunda-feira, 4, o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor do presidente.
"Vamos tomar providências imediatamente, primeiro junto ao procurador-geral que não pode permitir que um homem subjudice saia ofendendo não só a pessoa física do presidente como a própria instituição da República. É mais um acinte à Justiça."
"Esse homem (Joesley) já recebeu vergonhosos benefícios e está agora tendo garantias para falar o que quer, de quem quer, a hora que quer. Também vamos peticionar ao ministro Edson Fachin (relator do caso JBS no Supremo Tribunal Federal), que homologou a delação, para que tome medidas."
Temer está em viagem oficial à China. O advogado disse que aguarda apenas a chegada do presidente, prevista para quarta, 6, para protocolar ofício no gabinete de Janot.
"O procurador-geral não pode permitir, tem que tomar providências contra um delator que extrapola completamente os limites da sua ação como colaborador de Justiça e parte para ofensas pessoais contra o presidente."
"Eu entendo que o procurador tem que tomar providências de ofício para punir (Joesley) e proibir qualquer manifestação dele a respeito de terceiros. A menos que o colaborador esteja falando nos autos. Mesmo nos autos ele não pode fazer ofensas. Tem que exercer o seu papel de informante, o qual ele está extrapolando atingindo o presidente da República."
Na avaliação de Mariz, "o grau de impunidade do empresário não pode ser aumentado, não pode atingir níveis maiores que os já alcançados".
"Trata-se de colaborador que se tornou verdadeiro agraciado por uma indulgência plena, impunidade nunca vista na história da República e que agora se sente absolutamente confortável para ofender o presidente da República."