Temer diz que foi denunciado porque Janot queria impedir nomeação
Temer falou como vítima de uma "trama" que "pretendeu mergulhar o Brasil numa crise política", ao discursar a deputados líderes de partidos e bancadas
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de novembro de 2017 às 21h06.
Brasília - O presidente da República, Michel Temer , afirmou nesta segunda-feira, 6, que foi denunciado criminalmente duas vezes porque o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot , autor das acusações formais, queria impedir sua influência na escolha do novo chefe do Ministério Público.
Temer falou como vítima de uma "trama" que "pretendeu mergulhar o Brasil numa crise política", ao discursar a deputados líderes de partidos e bancadas na Câmara, convidados para reunião no Palácio do Planalto.
"Urdiram muitas tramas, na verdade, para derrubar o presidente da República, derrubar o regime posto. As duas denúncias que foram desautorizadas pela Câmara, hoje está robustamente, relevantemente, fortemente demonstrado, era uma articulação que tinha um objetivo mesquinho, minúsculo, menor, de derrubar o governo para impedir o presidente de indicar o sucessor daquele que ocupava a PGR", disse o peemedebista.
Com o fim do mandato de Janot, Temer indicou para substituí-lo a segunda colocada na lista tríplice encaminhada pela Procuradoria-Geral da República, Raquel Dodge.
Ele rompeu o histórico recente ao ignorar o primeiro colocado, Nicolau Dino, do grupo de Janot. Raquel Dodge é tida como adversária interna do ex-procurador-geral no órgão.
Temer foi denunciado formalmente no âmbito da delação premiada do grupo JBS por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça.
Sem citar as denúncias, ele disse aos deputados que o livraram de perder o mandato, barrando no voto o processamento das acusações até o fim de seu governo, que faz um governo "conjugado" e "semiparlamentarista".
"Ninguém obstacularizou, ninguém impediu que se apurasse isso ou aquilo", defendeu-se o presidente.
Temer também fez um apelo, em tom resignado, para que os deputados ajudem a aprovar pelo menos uma revisão previdenciária, diante das dificuldades do Congresso de aceitar a íntegra da reforma da Previdência proposta pelo Planalto.
Ele afirmou que continuou trabalhando "apesar das infâmias" contra ele e que os próximos 14 meses de governo serão de prosperidade. "Precisamos a essa altura descomprimir o País", disse.