Divulgador da TelexFREE mostra como a empresa funciona
Para Danilo Saúde, divulgador que tem uma rede de 12 mil pessoas, não há nada de pirâmide na empresa que teve os bens bloqueados
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2013 às 17h19.
São Paulo – A TelexFREE está hoje no centro de uma batalha. A empresa, que vende pacotes de telefonia via internet (VoIP), é acusada pelo Ministério Público de praticar pirâmide financeira. Enquanto o caso corre na Justiça do Acre, a TelexFREE teve todos os bens bloqueados, deixando sem pagamento cerca de um milhão de vendedores – que são chamados de "divulgadores". Entre eles, Danilo Saúde, de Novo Hamburgo (RS).
Com trânsito na cúpula da empresa no Brasil, foi ele quem apresentou Carlos Costa, diretor de marketing e sócio da companhia, numa das últimas teleconferências para investidores realizada pela firma.
Segundo o MP, a TelexFREE seria um exemplo de pirâmide por se manter não pela venda dos produtos, mas pela adesão de novas pessoas à cadeia de vendedores, que compram pacotes para entrar. O esquema, de acordo com promotores, não é sustentável e iria ruir quando as adesões cessassem, trazendo prejuízo para a maioria dos envolvidos. A empresa, por sua vez, afirma praticar marketing multinível.
Em entrevista a EXAME.com, Danilo Saúde, cuja equipe de divulgadores tem hoje cerca de 12 mil pessoas em vários países, rebate as acusações contra a firma e defende que são eles os mais prejudicados.
EXAME.com — Na sua opinião, a TelexFREE se mantém através de pirâmide financeira?
Danilo Saúde - Para quem está de fora, é muito fácil julgar. As pessoas insistem em dizer que é pirâmide, mas o contrato não me obriga a convidar ninguém. Na minha opinião, a TelexFREE foi alvo de interesses particulares. Antes de ela surgir, nunca tinha visto operadoras de telefonia como a Oi, a Tim ou a Vivo oferecerem serviços Voip a preços muito baratos. Eles têm medo de nós porque o custo de uma chamada é bem menor para quem usa VoIP (sistema de telefonia via internet).
EXAME.com — Como você conheceu a TelexFREE?
Saúde - Entrei na empresa em 18 de julho de 2012 por meio de amigos que já faziam parte. Minha equipe hoje tem cerca de 12 mil pessoas e está espalhada por Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Espanha e Portugal. Em geral, não tenho um contato direto muito grande com eles. Normalmente, são amigos de amigos. Na adesão, o divulgador paga 50 dólares à empresa. Quem o convidou não ganha nada com isso, mas recebe um retorno caso ele compre os kits.
EXAME.com — E o que são os kits?
Saúde - Há dois tipos de kits. Um deles é o Adcentral Simples, que custa 289 dólares. Ele é formado por 10 pacotes de chamadas VoIP, que permitem a quem compra falar à vontade com os Estados Unidos e durante 3 mil minutos com outros 40 países quando conectado. O outro kit é o Adcentral Family, que vem com 50 pacotes e sai por 1.375 dólares. Para cada pacote de Voip vendido, o divulgador ganha 44,90 reais. Na nossa empresa, ganha mais quem vende mais. Um divulgador habilidoso consegue vender até 5 pacotes por dia sem dificuldade.
EXAME.com — Qual é o vínculo dos divulgadores com a TelexFREE?
Saúde - Eu não sou um empregado da empresa, mas um empreendedor. Meu contrato me autoriza a vender pacotes de VoIP da TelexFREE. Como presto serviço para eles, parte de tudo que eu ganho é descontado em fonte pelo Imposto de Renda. Só no ano passado, o meu desconto foi de quase 20 mil reais.
EXAME.com — Segundo o Ministério da Justiça, aempresa estaria ferindo princípios básicosdo Código de Defesa do Consumidor, como transparência e boa-fé. Você concorda?
Saúde – A maior pirâmide que existe no Brasil se chama INSS. É uma grande massa de pessoas sustentando poucos, um esquema falido. Vários estudos já mostraram que, em breve, a quantidade de gente trabalhando não vai dar conta de sustentar o número de aposentados. Na hora de julgarem a TelexFREE, ainda escolheram o Acre – um lugar distante e governado pelo PT. O filho do Lula é um dos maiores acionistas da Oi. Tudo isso está interligado.
Em um evento da TelexFREE, tive o prazer de conhecer pessoalmente o Carlos Wanzeler, sócio da empresa e o nosso diretor Carlos Costa. Ele é um cara que tem simplicidade para falar, passa transparência e que conversa com os divulgadores.
EXAME.com — Muitos dos divulgadores se referem à empresa como uma família. De onde vem essa união?
Saúde – Nossa união se deve a tudo que a TelexFREE conseguiu fazer. O marketing multinível trouxe felicidade para muita gente. Pessoas comuns puderam ganhar dinheiro e realizar sonhos. É claro que quando as coisas não vão bem, as pessoas se juntam. Muita gente pegou empréstimos para entrar na TelexFREE e se endividou. Imagine o que essas pessoas estão passando.
EXAME.com — Há muitos casos de pessoas em dificuldades?
Saúde – Eu tenho na minha equipe uma senhora que é aposentada e tem um filho especial. Ela não pode trabalhar fora de casa e seus vencimentos não cobrem as despesas. Então, ela depende da renda da TelexFREE para sobreviver. Há poucos dias, ela me ligou pedindo ajuda. Quando a juíza tomou a decisão inconsequente de interditar a empresa, ela acabou prejudicando muita gente.
EXAME.com — Com a situação atual, você tem medo de perder o dinheiro que investiu comprando os pacotes?
Saúde – A Justiça garantiu que o dinheiro vai ser devolvido. Então, nós, divulgadores, não estamos brigando por dinheiro. Estamos lutando pelo direito de trabalhar pela TelexFREE. A orientação que recebemos da empresa é de manter a paciência e confiar na Justiça – embora a gente saiba que há muitos interesses por trás disso tudo.
EXAME.com — Você já tem planos caso a Justiça impeça definitivamente o funcionamento da TelexFREE?
Saúde – Acredito muito que a empresa vai voltar às suas atividades. Se isso não acontecer, vou entender realmente que a Justiça não está nem aí para as pessoas desse país, que a Justiça quer é ferrar quem é mais pobre mesmo.
( matéria atualizada às 14h50 )
São Paulo – A TelexFREE está hoje no centro de uma batalha. A empresa, que vende pacotes de telefonia via internet (VoIP), é acusada pelo Ministério Público de praticar pirâmide financeira. Enquanto o caso corre na Justiça do Acre, a TelexFREE teve todos os bens bloqueados, deixando sem pagamento cerca de um milhão de vendedores – que são chamados de "divulgadores". Entre eles, Danilo Saúde, de Novo Hamburgo (RS).
Com trânsito na cúpula da empresa no Brasil, foi ele quem apresentou Carlos Costa, diretor de marketing e sócio da companhia, numa das últimas teleconferências para investidores realizada pela firma.
Segundo o MP, a TelexFREE seria um exemplo de pirâmide por se manter não pela venda dos produtos, mas pela adesão de novas pessoas à cadeia de vendedores, que compram pacotes para entrar. O esquema, de acordo com promotores, não é sustentável e iria ruir quando as adesões cessassem, trazendo prejuízo para a maioria dos envolvidos. A empresa, por sua vez, afirma praticar marketing multinível.
Em entrevista a EXAME.com, Danilo Saúde, cuja equipe de divulgadores tem hoje cerca de 12 mil pessoas em vários países, rebate as acusações contra a firma e defende que são eles os mais prejudicados.
EXAME.com — Na sua opinião, a TelexFREE se mantém através de pirâmide financeira?
Danilo Saúde - Para quem está de fora, é muito fácil julgar. As pessoas insistem em dizer que é pirâmide, mas o contrato não me obriga a convidar ninguém. Na minha opinião, a TelexFREE foi alvo de interesses particulares. Antes de ela surgir, nunca tinha visto operadoras de telefonia como a Oi, a Tim ou a Vivo oferecerem serviços Voip a preços muito baratos. Eles têm medo de nós porque o custo de uma chamada é bem menor para quem usa VoIP (sistema de telefonia via internet).
EXAME.com — Como você conheceu a TelexFREE?
Saúde - Entrei na empresa em 18 de julho de 2012 por meio de amigos que já faziam parte. Minha equipe hoje tem cerca de 12 mil pessoas e está espalhada por Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Espanha e Portugal. Em geral, não tenho um contato direto muito grande com eles. Normalmente, são amigos de amigos. Na adesão, o divulgador paga 50 dólares à empresa. Quem o convidou não ganha nada com isso, mas recebe um retorno caso ele compre os kits.
EXAME.com — E o que são os kits?
Saúde - Há dois tipos de kits. Um deles é o Adcentral Simples, que custa 289 dólares. Ele é formado por 10 pacotes de chamadas VoIP, que permitem a quem compra falar à vontade com os Estados Unidos e durante 3 mil minutos com outros 40 países quando conectado. O outro kit é o Adcentral Family, que vem com 50 pacotes e sai por 1.375 dólares. Para cada pacote de Voip vendido, o divulgador ganha 44,90 reais. Na nossa empresa, ganha mais quem vende mais. Um divulgador habilidoso consegue vender até 5 pacotes por dia sem dificuldade.
EXAME.com — Qual é o vínculo dos divulgadores com a TelexFREE?
Saúde - Eu não sou um empregado da empresa, mas um empreendedor. Meu contrato me autoriza a vender pacotes de VoIP da TelexFREE. Como presto serviço para eles, parte de tudo que eu ganho é descontado em fonte pelo Imposto de Renda. Só no ano passado, o meu desconto foi de quase 20 mil reais.
EXAME.com — Segundo o Ministério da Justiça, aempresa estaria ferindo princípios básicosdo Código de Defesa do Consumidor, como transparência e boa-fé. Você concorda?
Saúde – A maior pirâmide que existe no Brasil se chama INSS. É uma grande massa de pessoas sustentando poucos, um esquema falido. Vários estudos já mostraram que, em breve, a quantidade de gente trabalhando não vai dar conta de sustentar o número de aposentados. Na hora de julgarem a TelexFREE, ainda escolheram o Acre – um lugar distante e governado pelo PT. O filho do Lula é um dos maiores acionistas da Oi. Tudo isso está interligado.
Em um evento da TelexFREE, tive o prazer de conhecer pessoalmente o Carlos Wanzeler, sócio da empresa e o nosso diretor Carlos Costa. Ele é um cara que tem simplicidade para falar, passa transparência e que conversa com os divulgadores.
EXAME.com — Muitos dos divulgadores se referem à empresa como uma família. De onde vem essa união?
Saúde – Nossa união se deve a tudo que a TelexFREE conseguiu fazer. O marketing multinível trouxe felicidade para muita gente. Pessoas comuns puderam ganhar dinheiro e realizar sonhos. É claro que quando as coisas não vão bem, as pessoas se juntam. Muita gente pegou empréstimos para entrar na TelexFREE e se endividou. Imagine o que essas pessoas estão passando.
EXAME.com — Há muitos casos de pessoas em dificuldades?
Saúde – Eu tenho na minha equipe uma senhora que é aposentada e tem um filho especial. Ela não pode trabalhar fora de casa e seus vencimentos não cobrem as despesas. Então, ela depende da renda da TelexFREE para sobreviver. Há poucos dias, ela me ligou pedindo ajuda. Quando a juíza tomou a decisão inconsequente de interditar a empresa, ela acabou prejudicando muita gente.
EXAME.com — Com a situação atual, você tem medo de perder o dinheiro que investiu comprando os pacotes?
Saúde – A Justiça garantiu que o dinheiro vai ser devolvido. Então, nós, divulgadores, não estamos brigando por dinheiro. Estamos lutando pelo direito de trabalhar pela TelexFREE. A orientação que recebemos da empresa é de manter a paciência e confiar na Justiça – embora a gente saiba que há muitos interesses por trás disso tudo.
EXAME.com — Você já tem planos caso a Justiça impeça definitivamente o funcionamento da TelexFREE?
Saúde – Acredito muito que a empresa vai voltar às suas atividades. Se isso não acontecer, vou entender realmente que a Justiça não está nem aí para as pessoas desse país, que a Justiça quer é ferrar quem é mais pobre mesmo.
( matéria atualizada às 14h50 )