Soraya Thronicke e vice de Tebet indicaram R$ 114 mi do orçamento secreto
Senadora Mara Gabrilli (PSDB) apadrinhou R$ 19,2 milhões e Soraya, R$ 95,2 milhões; presidenciável chamou orçamento de "maior esquema de corrupção do planeta"
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de agosto de 2022 às 09h50.
A presidenciável Soraya Thronicke (União Brasil) foi beneficiada com R$ 95,2 milhões em emendas do orçamento secreto nos últimos três anos. Senadora por Mato Grosso do Sul, Soraya é ex-aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL). Além dela, a senadora Mara Gabrilli (PSDB) apadrinhou R$ 19,2 milhões em emendas secretas em 2020. Ela disputa o cargo de vice-presidente na chapa de Simone Tebet (MDB).
Simone chamou o orçamento secreto de "maior esquema de corrupção do planeta". A emedebista declarou não ter recebido nenhum valor. As três são as únicas parlamentares que disputam a Presidência da República este ano.
O orçamento secreto, revelado pelo Estadão, consiste na liberação de verbas federais para deputados e senadores sem transparência. Não é possível saber quem o governo atendeu e quais foram os critérios para o pagamento. O mecanismo começou a funcionar em 2020, com R$ 20,1 bilhões, e atingiu R$ 16,5 bilhões neste ano.
A liberação chegou a ser barrada pelo Supremo Tribunal Federal no ano passado, mas foi destravada. Formalmente, quem aparece como autor da indicação da verba é o relator-geral da Orçamento. A destinação dos recursos segue, no entanto, pedidos de parlamentares, cuja identidade não é possível verificar. O governo usa a liberação em troca de apoio no Legislativo. Candidato à reeleição, Bolsonaro tem sido alvo de críticas de adversários em função do orçamento secreto.
Valores
No primeiro ano, Soraya indicou R$ 7,9 milhões, conforme ofícios encaminhados por seu gabinete ao Supremo, que exigiu transparência. No ano seguinte, foram R$ 45,6 milhões. Em 2022, até agosto, a candidata a presidente foi beneficiada com R$ 41,7 milhões para seus redutos. Os valores totalizam as emendas que Soraya admitiu ter indicado, após o STF obrigar o envio dos documentos. Nem todos os parlamentares informaram quanto receberam. A candidata indicou emendas para manutenção de unidades de saúde e recuperação de vias públicas, recursos que têm apelo eleitoral em Estados e municípios.
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Só para Dourados, a senadora apadrinhou R$ 9,4 milhões em emendas secretas em 2020 e 2021. Em 2018, Soraya foi a mais votada para o Senado na cidade. Neste ano, a maior emenda da presidenciável do União Brasil carimbada com o orçamento secreto foi de R$ 3 milhões para obras em Aparecida do Taboado. O empenho coincide com a indicação de Soraya, conforme o Estadão identificou, mas o Executivo não dá o nome da autora da emenda. Liberar uma verba antes da eleição beneficia a parlamentar, que pode fazer propaganda com o recurso.
Diferentemente do município anterior, Soraya não foi a mais votada em Aparecida do Taboado. A senadora, no entanto, é aliada do prefeito da cidade, José Natan (Podemos), conforme publicações nas redes sociais.
Destino
Já Mara Gabrilli indicou 19,2 milhões em 2020, de acordo com documentos enviados ao Supremo. A senadora tucana enviou as verbas para 19 municípios, irrigando redutos com recursos para postos de saúde e hospitais.
Em dezembro do ano passado, o Congresso aprovou resolução que fixou o orçamento secreto no Orçamento da União, estipulando critérios para as indicações que ainda deixam margem para os verdadeiros padrinhos dos recursos permanecerem ocultos. Soraya e Mara votaram contra o projeto. Neste ano, porém, as duas votaram a favor da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que mantém o orçamento secreto em 2023.
Verbas
Procurada, Soraya afirmou que a verba foi importante para saúde e educação. "Nenhuma das indicações que faço é secreta, dou publicidade a todos os recursos que destino para as políticas públicas do meu Estado. Defendo que haja transparência", disse a candidata ao Planalto.
Mara disse que as emendas que apadrinhou foram destinadas para saúde, educação e inclusão social em 2020, no auge da pandemia. "Simone e Mara dividem o mesmo posicionamento sobre a gravidade que é permitir as emendas de relator e seu mau uso político", disse a candidata a vice em nota.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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