Sobrou só 57% da Previdência
Foi uma daquelas cenas típicas do Congresso nacional. Enquanto o relator Arthur Maia (PPS-BA) apresentava o texto final da reforma da Previdência na Câmara, na manhã desta quarta-feira, parlamentares e o governo negociavam novas mudanças de última hora. Ou seja: o livreto de 23 páginas já nasceu desatualizado. Uma das mais importantes alterações foi a […]
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2017 às 18h52.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h25.
Foi uma daquelas cenas típicas do Congresso nacional. Enquanto o relator Arthur Maia (PPS-BA) apresentava o texto final da reforma da Previdência na Câmara, na manhã desta quarta-feira, parlamentares e o governo negociavam novas mudanças de última hora. Ou seja: o livreto de 23 páginas já nasceu desatualizado. Uma das mais importantes alterações foi a idade mínima para a aposentadoria de trabalhadoras rurais, que caiu de 60 para 57 anos. E o tempo de contribuição ainda foi reduzido a 15 anos para homens e mulheres.
Com todas as mudanças feitas em cima da hora, o governo acabou levando à frente um texto que fica aquém do que vinha prometendo. Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pelo menos 70% das reforma originalmente concebida seria preservada. Na manhã desta quarta-feira, Meirelles afirmou que não havia muita margem para novas concessões. Como se viu, margem sempre se encontra.
No fim das contas, segundo cálculos do banco Itaú BBA, o texto garante apenas 57% do impacto econômico inicialmente calculado. Evidentemente, é melhor do que nenhuma reforma. Segundo o banco, o texto aprovado traria um impacto equivalente a 1,1 ponto percentual a mais no PIB de 2025 se comparado a um cenário sem reforma aprovada. Mas as mudanças recentes farão com que as economias fiquem em 430 bilhões de reais em 2025, ante os 630 bilhões estimados pelo governo. E os recuos ainda devem dificultar que o governo consiga ficar dentro do teto de gastos estabelecido, especialmente depois de 2021 — para isso, poderá ser preciso uma série de medidas, como novos cortes de subsídios.
Segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo, mesmo com todas as mudanças, o governo terá dificuldade para aprovar o texto na Câmara. Ao longo desta quarta-feira, o jornal ouviu 249 dos 513 parlamentares e apenas 37 afirmaram estar dispostos a aprovar a reforma como está. São necessários 308 votos favoráveis para que a reforma siga para o Senado.