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Em depoimento, Lessa diz que controlaria milícia e receberia US$ 10 milhões para matar Marielle

Ex-policial revelou detalhes do crime contra a vereadora; ele está preso desde março de 2019

Publicado em 27 de maio de 2024 às 10h22.

O ex-policial militar Ronnie Lessa confirmou os nomes de Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa como os autores intelectuais do assassinato de Marielle Franco. O vídeo do seu depoimento para a Polícia Federal (PF) foi divulgado pela TV Globo.

Em seu depoimento, Lessa, que foi preso em março de 2019, confessou o crime e explicou que havia a promessa dele se tornar um dos chefes de uma nova milícia em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), além dele e seu conparssa, o ex-PM Edimilson de Oliveira, conhecido como Macalé, receberem um valor milionário. 

"Era muito dinheiro envolvido. Na época, daria mais de 20 milhões de dólares. A gente não está falando de pouco dinheiro [...] ninguém recebe uma proposta de receber dez milhões de dólares simplesmente para matar uma pessoa", disse o ex-policial.

Assassinato

Enquanto confirmava os nomes dos irmãos Brazão e de Rivaldo, Lessa apontava para os investigadores, por meio do auxílio de satélite,  os supostos locais onde seriam criados os loteamentos da mílicia. 

De acordo com o que aponta as investigações da Polícia Federal no relatório feito pela corporação e divulgado ao público no dia da prisão dos mandantes intelectuais do crime, Marielle era vista como "entrave" para um esquema de corrupção envolvendo compra e venda de terrenos em áreas de milícia em Jacarepaguá.

"[...] Eu não fui contratado para matar Marielle como um assassino de aluguel. Eu fui chamado para um sociedade", diz Lessa em outro momento.

Para organizar o crime, Lessa teria encontrado os mandantes três vezes. No entanto, a PF destacou que não conseguiu comprovar os encontros por falta de registros das operadoras telefônicas anteriores a 2018, o que impediu o cruzamento de dados dos celulares para confirmar a informação fornecida pelo delator.

Participação de Rivaldo Barbosa

Ainda no vídeo da delação, o ex-policial detalha o que lhe foi falado a respeito da participação de Rivaldo Barbosa no assassinato da então vereadora.

Domingos Brazão teria afirmado que o delegado, então chefe da Delegacia de Homicídios do Rio, participava do plano e garantiu a tentativa dele de protegê-los da investigação depois do assassinato.

"Falaram o tempo todo que o Rivaldo estava vendo, que o Rivaldo do já está redirecionando e virando o canhão para outro lado, que ele teria de qualquer forma que resolver isso, que já tinha recebido pra isso no ano passado, no ano anterior, ele foi bem claro com isso: 'ele já recebeu desde o ano passado, ele vai ter que dar um jeito nisso'. Então ali, o clima já estava um pouco mais tenso, a ponto até mesmo na forma de falar", relatou Lessa.

A defesa de Rivaldo foi contra essa afirmação e manteve a versão que ele nunca teve contato com supostos mandantes do crime e que não há registro de recebimento de valores originados de atos ilícitos. Também criticou a atuação da PF, dizendo que o relatório da investigação se baseia só nas palavras de um assassino, sem provas concretas.

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