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Ricardo Salles viaja pela Europa para explicar ações ambientais do governo

No tour, Salles declarou que o Brasil permanecerá no Acordo de Paris sobre o Clima, assinado em 2015 para limitar o aquecimento do planeta

Ricardo Salles: ministro tem se reunido com investidores para explicar as ações que o governo está tomando após a crise na Amazônia (Antonio Cruz/Agência Brasil)
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AFP

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 15h55.

O ministro brasileiro do Meio Ambiente , Ricardo Salles, iniciou uma turnê pela Europa para "esclarecer" a ação de seu governo, criticado pelo desmatamento acelerado na Amazônia , e garantiu que o Brasil permanecerá no Acordo climático de Paris.

Depois de participar da Assembleia Geral da ONU em Nova York, onde o presidente Jair Bolsonaro defendeu a soberania sobre a Amazônia e criticou indiretamente o francês Emmanuel Macron, Ricardo Salles iniciou seu giro por Paris, onde se encontrou com "investidores", como Total, EDF e Engie, "esclarecendo" para a imprensa como seu governo administra os incêndios na maior floresta tropical do mundo.

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Salles não tem nenhuma reunião prevista com membros do governo francês, mas disse à AFP que o confronto verbal entre Bolsonaro e Macron já foi superado. Nesse sentido, destacou as "relações históricas e fortes" entre a França e o Brasil, especialmente "em termos de investimentos".

 

Depois de Bolsonaro defender a soberania do Brasil sobre a Amazônia na tribuna da ONU na última terça-feira (24) e de atacar a interferência de governos estrangeiros e as "mentiras" da imprensa, Salles foi conciliatório, afirmando que queria "fornecer os dados completos" para a mídia e para investidores.

O advogado disse acreditar no aquecimento global. Apesar de Bolsonaro já ter se referido à existência de uma "psicose ambiental", afirmou Salles, "o Brasil está muito preocupado com as consequências das mudanças climáticas".

Ele explicou que, embora existam dados científicos a esse respeito, existem "interpretações diferentes" sobre as causas das mudanças climáticas. "Não sei se o termo 'urgência' é o correto, mas é uma questão com a qual devemos lidar seriamente. É uma preocupação de todos", declarou.

Cortes menos drásticos

Ricardo Salles declarou ainda que o Brasil permanecerá no Acordo de Paris sobre o Clima, assinado em 2015 para limitar o aquecimento do planeta. O ministro enfatizou que, na próxima COP25, em Santiago, em dezembro, o Brasil vai demandar que os países ricos cumpram sua promessa de doar US$ 100 bilhões anualmente aos países em desenvolvimento para se adaptarem às mudanças climáticas.

Salles disse também que, embora seja verdade que o desmatamento praticamente dobrou após a chegada do presidente de extrema direita em janeiro de 2019 em relação ao mesmo período do ano anterior, os números devem ser analisados de uma perspectiva "histórica".

Para Salles, a origem desse aumento se deve, essencialmente, ao "desmatamento ilegal". Segundo ele, os orçamentos das agências de vigilância pública na Amazônia não serão drasticamente reduzidos, conforme o planejado, depois que "o Ministério da Economia revisou os cortes programados" em todas as pastas.

Soluções econômicas para a Amazônia

Os desafio ambientais apresentados na Amazônia devem ser abordados com base em uma "estratégia econômica" e sustentável, defendeu Salles.

Questionado se exige de grandes empresas, como a petroleira francesa Total, maior respeito ao meio ambiente em suas atividades no Brasil, o ministro foi evasivo: "todo o mundo tem que ser respeitoso com tudo".

Na quinta-feira, ativistas do Greenpeace se manifestaram em frente à residência do embaixador brasileiro para denunciar, como explicou a ONG em comunicado, "o tour de promoção do governo brasileiro", bem como "a cumplicidade do governo e de empresas como a Total, que sempre tiveram vontade de desenvolver projetos destrutivos no Brasil".

"Em uma democracia, temos que estar abertos a opiniões diferentes", respondeu Salles simplesmente.

O ministro brasileiro ainda viajará para Alemanha e Reino Unido, onde se reunirá com empresas e veículos de comunicação. Não há compromissos marcados com políticos locais.

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