Após prisões, Anistia cobra nome de mandante da morte de Marielle
Assim como a Anistia Internacional, parentes da vereadora exigem que as autoridaddes identifiquem os autores intelectuais do homicídio
EFE
Publicado em 12 de março de 2019 às 12h39.
Última atualização em 12 de março de 2019 às 12h50.
Rio de Janeiro — A Anistia Internacional (AI) afirmou nesta terça-feira (12) que ainda restam muitas perguntas a serem respondidas sobre o assassinato da vereadora e defensora dos direitos humanos Marielle Franco após a detenção de dois ex-agentes da polícia suspeitos de envolvimento com o crime.
"A organização reitera que ainda há muitas perguntas sem resposta e que as investigações têm que continuar até que os autores e os que encomendaram o assassinato sejam levados à Justiça", afirmou a organização internacional de defesa dos direitos humanos em comunicado.
Assim como a organização internacional, parentes de Marielle Franco também exigem que a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro, responsáveis pela operação que terminou com a detenção dos dois suspeitos, identifiquem os autores intelectuais do homicídio, que é qualificado como crime político.
Da mesma forma se pronunciou o deputado Marcelo Freixo, deputado pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e padrinho político da vereadora.
"Quem matou tem que ser condenado, mas quem mandou matar também", disse, ao exigir a identificação dos autores intelectuais.
A Anistia reiterou seu pedido para que o Brasil crie um grupo externo e independente de especialistas para que se encarregue das investigações e do processo, por considerar que a Polícia do Rio de Janeiro não pode ser responsável por investigar um grupo integrado por alguns de seus membros.
De acordo com a organização, as duas pessoas detidas nesta terça-feira têm que ser conduzidas à Justiça para que, "em um julgamento que respeite o devido processo, seja determinada a eventual responsabilidade criminal".
A vereadora e o motorista do veículo no qual viajava, Anderson Gomes, foram assassinados em 14 de março de 2018 em uma rua do centro do Rio de Janeiro.
Segundo o Ministério Público, um dos dois detidos nesta terça-feira, Ronnie Lessa, é suspeito de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora.
O outro detido, Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos e que tinha sido expulso da Polícia Militar, é acusado de dirigir o automóvel desde onde foi realizado o ataque.
De acordo com as autoridades, Lessa teria disparado contra a vereadora desde o assento traseiro de um automóvel que era conduzido por Queiroz.
Lessa foi detido em uma casa no mesmo condomínio da residência do presidente Jair Bolsonaro, no bairro de Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
Os investigadores descobriram que o crime foi minuciosamente preparado durante três meses e que Lessa fez pesquisas na internet sobre os lugares frequentados pela vereadora.