Região com população mais armada tem maior taxa de homicídio
Cerqueira, um dos responsáveis pelo trabalho, disse que há uma relação de causa e efeito entre a presença de armas e a taxa de homicídios
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2013 às 18h18.
Rio de Janeiro - As 20 microrregiões brasileiras com maior prevalência de armas de fogo têm uma taxa de homicídios, em média, 7,4 vezes mais alta que as 20 em que a presença de armamentos é mais baixa. A constatação é parte do estudo Mapa das Armas de Fogo nas Microrregiões Brasileiras, apresentado hoje (1º) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O diretor de Estudos e Políticas de Estado, das Instituições e da Democracia do Ipea, Daniel Cerqueira, um dos responsáveis pelo trabalho, disse que há uma relação de causa e efeito entre a presença de armas e a taxa de homicídios. "Apesar de ser uma lei nacional, o Estatuto do Desarmamento teve resultados diferentes dependendo dos esforços dos governos estaduais para controlar a difusão de arma de fogo".
Daniel Cerqueira argumenta que os estados que mais se empenharam no desarmamento da população - São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco - foram os que tiveram quedas mais expressivas da criminalidade entre 2000 e 2010, enquanto na Bahia, no Maranhão e Pará, onde a prevalência de armas não teve o mesmo comportamento, houve aumento dos homicídios.
As 20 microrregiões mais armadas possuem taxa de homicídios média de 53,3 mortes para cada 100 mil habitantes, número que chega a 101,3 em Maceió, e 77,1 em João Pessoa. As duas capitais estão entre as 13 áreas nordestinas no ranking de prevalência de armas de fogo, que tem quatro do Sudeste, duas do Sul e uma da Região Norte. Outras capitais que compõem a lista são Recife, Salvador, Belém, Vitória, Curitiba e Fortaleza.
Já as 20 microrregiões com a população menos armada possuem 7,2 homicídios por 100 mil habitantes, em média, taxa que cai para 0,7 em Barreiras, microrregião de 286 mil habitantes no interior da Bahia que ostenta a menor prevalência de armas do país. Entre as cidades em que proporção é baixa, 12 são do Sudeste, sendo dez de Minas Gerais. O Nordeste possui quatro na lista, e o Sul, duas. Centro-Oeste e Norte participam com uma, cada um.
Na apresentação, o diretor do Ipea mostrou que o aumento de 1% no número de armas aumenta em 1% a 2% a taxa de homicídios de uma região. Por outro lado, a elevação da prevalência de armas não reduz o número de crimes contra o patrimônio: "Isso desmente o mito de que o armamento do cidadão funciona como forma de dissuadir os criminosos a não cometerem crimes contra a propriedade", concluiu Daniel.
Uma estatística preocupante apresentada por Daniel Cerqueira foi o aumento de 50% dos homicídios com arma de fogo praticados dentro dos lares. Para o pesquisador, o aumento está relacionado ao avanço da prevalência de armas em regiões mais marcadas pela violência doméstica.
Outro problema apontado pelo mapa é o aumento do número de armas e de homicídios em microrregiões marcadas pelo desmatamento e por atividades econômicas em que há conflitos pela terra.
Rio de Janeiro - As 20 microrregiões brasileiras com maior prevalência de armas de fogo têm uma taxa de homicídios, em média, 7,4 vezes mais alta que as 20 em que a presença de armamentos é mais baixa. A constatação é parte do estudo Mapa das Armas de Fogo nas Microrregiões Brasileiras, apresentado hoje (1º) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O diretor de Estudos e Políticas de Estado, das Instituições e da Democracia do Ipea, Daniel Cerqueira, um dos responsáveis pelo trabalho, disse que há uma relação de causa e efeito entre a presença de armas e a taxa de homicídios. "Apesar de ser uma lei nacional, o Estatuto do Desarmamento teve resultados diferentes dependendo dos esforços dos governos estaduais para controlar a difusão de arma de fogo".
Daniel Cerqueira argumenta que os estados que mais se empenharam no desarmamento da população - São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco - foram os que tiveram quedas mais expressivas da criminalidade entre 2000 e 2010, enquanto na Bahia, no Maranhão e Pará, onde a prevalência de armas não teve o mesmo comportamento, houve aumento dos homicídios.
As 20 microrregiões mais armadas possuem taxa de homicídios média de 53,3 mortes para cada 100 mil habitantes, número que chega a 101,3 em Maceió, e 77,1 em João Pessoa. As duas capitais estão entre as 13 áreas nordestinas no ranking de prevalência de armas de fogo, que tem quatro do Sudeste, duas do Sul e uma da Região Norte. Outras capitais que compõem a lista são Recife, Salvador, Belém, Vitória, Curitiba e Fortaleza.
Já as 20 microrregiões com a população menos armada possuem 7,2 homicídios por 100 mil habitantes, em média, taxa que cai para 0,7 em Barreiras, microrregião de 286 mil habitantes no interior da Bahia que ostenta a menor prevalência de armas do país. Entre as cidades em que proporção é baixa, 12 são do Sudeste, sendo dez de Minas Gerais. O Nordeste possui quatro na lista, e o Sul, duas. Centro-Oeste e Norte participam com uma, cada um.
Na apresentação, o diretor do Ipea mostrou que o aumento de 1% no número de armas aumenta em 1% a 2% a taxa de homicídios de uma região. Por outro lado, a elevação da prevalência de armas não reduz o número de crimes contra o patrimônio: "Isso desmente o mito de que o armamento do cidadão funciona como forma de dissuadir os criminosos a não cometerem crimes contra a propriedade", concluiu Daniel.
Uma estatística preocupante apresentada por Daniel Cerqueira foi o aumento de 50% dos homicídios com arma de fogo praticados dentro dos lares. Para o pesquisador, o aumento está relacionado ao avanço da prevalência de armas em regiões mais marcadas pela violência doméstica.
Outro problema apontado pelo mapa é o aumento do número de armas e de homicídios em microrregiões marcadas pelo desmatamento e por atividades econômicas em que há conflitos pela terra.