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Redução de imposto sobre as empresas 'não sairá tão cedo', diz Bolsonaro

No primeiro mês de governo, Guedes fez a promessa de cortar pela metade a taxação

Jair Bolsonaro está em viagem oficial à Índia, país que acaba de baixar esse tipo de taxação (Altaf Hussain/Reuters)
AO

Agência O Globo

Publicado em 26 de janeiro de 2020 às 11h55.

Última atualização em 26 de janeiro de 2020 às 11h58.

Nova Deli - A promessa do ministro da Economia, Paulo Guedes , de reduzir pela metade o imposto sobre as empresas não ocorrerá tão cedo, pela sinalização dada neste domingo em Nova Délhi pelo presidente Jair Bolsonaro na Índia , país que acaba de baixar esse tipo de taxação.

Bolsonaro deixou claro também que a reforma administrativa que o governo vai enviar ao Congresso está praticamente pronta e quer aproveitar o primeiro semestre, porque depois os parlamentares se concentração em eleições municipais.

- A carga tributária (no Brasil) é um absurdo. (Mas) não se pode reduzir de uma hora para outra. Estamos aproveitando a reforma tributária - disse Bolsonaro. - A culpa não é só minha. Os estados têm independência e autonomia para mexer nos percentuais de impostos, e os municípios em parte também''.

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Guedes fez a promessa de cortar pela metade a taxação sobre as empresas durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos , no ano passado, no primeiro mês do governo.

Recentemente, o governo de Narendra Modi introduziu na Índia uma redução importante do imposto sobre empresas de 35% para 25%, ou 17% para novos projetos industriais, para estimular a economia, que cresce ''apenas'' 5% este ano, pelas projeções oficiais..

Bolsonaro observou que também o presidente americano Donald Trump baixou a taxação sobre as empresas ''e a economia foi lá para cima''.

Mas considerou ser bastante complicado alterar a situação tributária. Exemplificou que, em 28 anos no Congresso, nunca viu um projeto de reforma tributária chegar até o fim, por causa dos interesses contraditórios.

- E o Brasil continua nesse cipoal tributário que dificulta se produzir, empregar, e encarece a exportação.

Conforme o presidente, o governo não sabe ainda o momento certo para a redução de imposto começar no Brasil. Mas ele misturou imposto sobre as empresas e tarifa de importação, falando de quebras e desindustrialização. Depois admitiu:

- Eu já falei, não entendo nada de economia. Contratei um posto Ipiranga. Não vou contratar um Nelson Piquet para trabalhar comigo, botar do lado e um dirigir o carro.

Ele deixou claro que quer reduzir a carga tributária, notando que quem quer ser patrão no Brasil só pode ser herói ou ter falta de um parafuso na cabeça dele, diante de tantos obstáculos.

Mais cedo, o presidente fizera afirmações, ao ser perguntado sobre taxação das empresas, que deram a entender que uma abertura comercial do país será gradual para não quebrar a indústria nacional.

Em Nova Délhi, na manhã deste domingo, o presidente foi indagado por jornalistas depois de participar, como convidado de honra, das celebrações do Dia da República, que festeja 70 anos de Constituição da Índia.

Após o desfile, com o governo indiano procurando mostrar sua potência na região, Bolsonaro comentou diante dos repórteres:

- (A Índia) está na economia à nossa frente. O que falta para a gente crescer? Onde está o problema? Eu poderia falar, mas não vou falar para não dar manchete aos jornais amanhã.

Pouco depois, Bolsonaro observou que ''com essa sinalização da menor taxa de juro no Brasil, melhorando o ambiente para negócios, abrindo um pouco, desburocratizando, desregulamentado, a saída é por aí''.

- O Guedes já me disse que se fizer de uma hora para outra ele quebra a indústria nacional. tem que ser devagar'', acrescentou. - Temos uma divida interna monstruosa, uma folha de ativos e inativos muito grande, e não podermos fazer essas coisas de uma hora para outra.

Destacou que continuará a desburocratização, mencionando problemas com material de jet-ski, reclamando que o desembaraço de uma moto náutica que vem do exterior não pode demorar seis meses.

Indagado sobre qual a prioridade do governo com um Congresso em que parlamentares a partir de meados do ano estarão concentrados em eleições municipais, Bolsonaro afirmou:

- A reforma administrativa está praticamente pronta, só falta a última palavra com Paulo Guedes. E a reforma tributária também é importante. Temos que aproveitar porque a partir de junho tem as eleições municipais''.

Bolsonaro não respondeu sobre qual projeto de reforma será enviado primeiro, respondendo que ''tanto faz a ordem, o Paulo Guedes decide lá''. Sobre a reforma tributária, limitou-se a dizer que é para simplificação de impostos''.

Fontes do governo têm sinalizado que a reforma administrativa que o governo pretende encaminhar ao Congresso será feita em fases, ou seja, composta por Proposta de Emenda Constitucional (PEC), projetos de leis e decretos. A expectativa é de que tudo esteja aprovado e implementado até 2022.

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