Quais fake news vão confundir o eleitor nesta quinta-feira?
Em eleição marcada por mentiras surreais como kit gay e mamadeiras eróticas, Jair Bolsonaro tem se beneficiado com a batalha da desinformação
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 18 de outubro de 2018 às 06h42.
Quais notícias falsas serão compartilhadas nesta quinta-feira pela campanhas dos presidenciáveis e por seus aliados para tentar ampliar a rejeição ao adversário? Dentre as marcas inabaláveis do pleito de 2018 está o peso das fake news distribuídas via rede social para minar sobretudo a candidatura do petista Fernando Haddad , cuja rejeição bateu 47%, segundo o último Ibope.
Um estudo feito por USP, UFMG e Agência Lupa mostra que apenas quatro das 50 imagens mais compartilhadas em grupos de WhatsApp entre 16 de agosto e 7 de outubro são verdadeiras. E elas não necessariamente primam pela verossimilhança. O site BuzzFeed chegou a fazer, nesta quarta-feira, uma lista com as fake news mais bizarras da eleição. A maior parte tem Haddad e sua chapa como alvo. Entre elas estão “mamadeiras eróticas não foram distribuídas em creches pelo PT” e “é falsa foto de Manuela com camiseta que traz a frase ‘Jesus é travesti'”.
A fake news campeã das eleições poderia entrar para a lista: o inventadíssimo kit gay (uma suposta cartilha criada por Haddad para espalhar o homossexualismo nas escolas). O Monitor do Debate Político no Meio Digital, ligado à USP, mostra que apenas uma postagem de Jair Bolsonaro (PSL), referindo-se a Haddad como “pai do kit gay”, teve mais de 115.000 compartilhamentos desde que foi ao ar, no dia 10 de outubro. O pastor Silas Malafaia, aliado de Bolsonaro, é outro campeão de compartilhamento da mentira. O Tribunal Superior Eleitoral determinou, na terça-feira, que “kit gay” não existe e determinou a suspensão de links sobre o tema.
Ontem, o próprio candidato do PSL editou uma fala de seu adversário que tinha como tema a mentira para confundir os eleitores. Bolsonaro divulgou trecho de uma entrevista de Haddad ao El País em que o petista fala “ao longo de 28 anos como deputado ele não mentiu, só está mentindo agora”. O capitão afirma que “depois de Cid Gomes, agora é a vez do próprio Andrade tentar ajudar Bolsonaro! Kkkk”.
Pouco depois, porém, o El País postou no Twitter a entrevista completa afirmando que Bolsonaro editou trecho para “sugerir que Haddad o elogia”. Na sequência da frase postada pelo adversário, Haddad afirma que ele não mentiu porque “disse que fecharia o Congresso se fosse presidente, que o filho foi bem educado e não namoraria uma afrodescendente”.
Enfim: não é das mentiras mais cabeludas da campanha, mas é mais um episódio de como entrevistas e frases colocadas fora de contexto e distribuídas pelas redes sociais causam um desserviço ao eleitor.