PT age por “desespero”, diz Marina sobre acusações
Partido deve pedir ao Ministério Público que investigue as declarações de rendimentos com palestras da ambientalista
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2014 às 14h32.
Brasília - A candidata à Presidência pelo PSB, Marina Silva , afirmou que o “desespero” está pautando a campanha do PT ao Planalto, em referência a reportagem publicada em jornal nesta quinta-feira informando que o partido deve pedir ao Ministério Público que investigue as declarações de rendimentos com palestras da ambientalista.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, Marina classificou a possível iniciativa de “factóide” e “acusação injusta”.
“O desespero está fazendo com que eles façam esse tipo de coisa. Eu lamento profundamente que a presidente Dilma (Rousseff, que tenta a reeleição) se submeta a esse tipo de lógica do poder pelo poder, de que vale tudo para ganhar uma eleição”, disse a candidata.
Reportagem publicada na Folha de S.Paulo desta quinta-feira afirma que o PT deve pedir o Ministério Público que investigue possível omissão de Marina sobre ganhos obtidos com palestras.
Segundo a própria candidata, as palestras renderam um faturamento bruto de 1,6 milhão de reais em quase quatro anos.
Marina aproveitou a entrevista para voltar a criticar as insinuações exibidas pelo programa obrigatório do PT de que pode ser um novo Jânio Quadros ou outro Fernando Collor de Mello, ex-presidentes que não concluíram seus mandatos.
“Ver o PT no seu programa eleitoral dizer que eu posso ser cassada, fazendo uma ameaça inclusive à nossa democracia, à nossa Constituição, eu nunca imaginei que eu pudesse ver uma coisa dessa, nós que lutamos tanto pela democracia”, disse a ex-senadora, que já integrou os quadros do PT.
Promessas e compromissos
Além das críticas aos ataques da campanha adversária, Marina também utilizou a transmissão no rádio para reafirmar compromisso em enviar projeto de uma reforma tributária no seu primeiro mês de governo, promessa que havia sido feita pelo então candidato do PSB Eduardo Campos, morto em trágico acidente de avião em agosto.
Marina reiterou que essa reformulação do sistema de tributos será feita de maneira “fatiada” e gradual. Questionada sobre qual seria a “mágica” que faria para combinar o aumento de recursos para programas sociais e serviços públicos –aí incluídas suas promessas de instituir escolas de tempo integral e mais verbas para a saúde– sem ampliar a carga tributária.
Marina citou a eficiência do Estado, a retomada do crescimento e a queda de juros como fontes para esses investimentos. “Vamos conseguir isso com a eficiência do Estado, fazendo o país crescer e tendo uma política econômica que diminua juros e que nos dê condição de ter os meios para as políticas sociais e de desenvolvimento do nosso país”, disse a ex-senadora. “Não é mágica, é compromisso. A redução de um ponto percentual nos juros já nos levaria a um volume de recursos de 25 bilhões.”
A presidenciável, ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, defendeu ainda que sejam implantadas as regras do Código Florestal, recente atualização da lei que regula a proteção ambiental dentro de propriedades tanto rurais como urbanas e que causou polêmicos embates entre as bancadas ruralista e ambientalista no Congresso Nacional.
“Em relação ao Código Florestal, o que nós vamos fazer é implantar a lei, que não está sendo implementada. Implementar o Cadastro Ambiental Rural, fazer com que se tenha incentivos para recuperar as áreas de Reserva Legal, as Áreas de Preservação Permanente, criar meios e incentivos para que a gente possa ter novas formas de produção... trabalhar uma agenda para o agronegócio”, disse a candidata.
Marina acrescentou ainda que há necessidade de ampliar crédito e assistência técnica à agricultura familiar e implementar uma “política de preços justa”.