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Primo de Jean Charles foi vítima de grampo do News of the World

A polícia informou na quarta-feira a Alex Pereira que o número de seu telefone celular estava na lista de Glenn Mulcaire, um detetive particular contratado pelo jornal

Investigadores britânicos informaram que o primo do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto por engano pela polícia londrina ao ser confundido com um terrorista em 2005 (AFP / Carl de Souza)
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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2011 às 13h37.

Londres - Investigadores britânicos informaram que o primo do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto por engano pela polícia londrina ao ser confundido com um terrorista em 2005, foi alvo das escutas ilegais do extinto tabloide News of the World.

A polícia informou na quarta-feira a Alex Pereira, que o número de seu telefone celular estava na lista de Glenn Mulcaire, um detetive particular contratado pelo jornal, fechado na semana pasada depois da explosão do escândalo.

Os investigadores também estão analisando se outros parentes, advogados ou membros da campanha "Justice4Jean" tiveram seus telefones grampeados, indicou este último grupo, formado para exigir justiça depois da morte do brasileiro.

"A família Menezes ficou muito abalada ao descobrir que seus telefones foram grampeados num momento em que se encontrava mais vulnerável", afirmou um porta-voz do grupo Justice4Jean.

"Eles ficaram intrigados por que a polícia não os procurou com esta informação mais cedo, e temem que a polícia possa estar tentando encobrir mais uma vez suas falhas relativas a este caso", acrescentou.

Os parentes do brasileiro que vivem em Londres escreveram uma carta ao primeiro-ministro David Cameron pedindo que o inquérito aberto para tratar dos grampos telefônicos do News of the World - acusado de também ter pagado policiais em troca de informações - abranja os vazamentos ocorridos durante as investigações sobre a morte de Jean Charles.

Eles destacam em particular o caso de um policial na época, que após se aposentar da corporação agora é colaborador do Times, que também integra a filial britânica do grupo de Rupert Murdoch, News International.

"Temos consciência de que os jornais do grupo News International realizaram uma das mais violentas e distorcidas coberturas sobre a morte de Jean Charles", afirma a carta.

"Durante toda a investigação, continuou sendo transmitida desinformação à imprensa para manchar a reputação de Jean", acrescentaram.

Os parentes do brasileiro citam como algumas das "mentiras" publicadas a de que Jean Charles vestia um agasalho volumoso, pulou as catracas da estação e não seguiu as ordens dos policiais que atiraram nele, assim como "afirmações falsas sobre sua condição de imigrante, e até de tentativas de ligá-lo a um caso de estupro que só pudem ter saído de fontes policiais".

Jean Charles de Menezes, um eletricista de 27 anos, foi morto no dia 22 de julho de 2005 em um vagão de metrô na estação londrina de Stockwell após ter sido atingido com sete tiros na cabeça por policiais que o confundiram com um terrorista no dia seguinte a uma tentativa frustrada de repetir os atentados de Londres, ocorridos no dia 7 desse mês.

Uma investigação judicial realizada em 2008 indicou várias falhas na atuação policial, mas terminou com um veredicto sem uma conclusão clara. Apesar de várias revisões do caso, nenhum agente foi processado ou punido.

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Londres - Investigadores britânicos informaram que o primo do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto por engano pela polícia londrina ao ser confundido com um terrorista em 2005, foi alvo das escutas ilegais do extinto tabloide News of the World.

A polícia informou na quarta-feira a Alex Pereira, que o número de seu telefone celular estava na lista de Glenn Mulcaire, um detetive particular contratado pelo jornal, fechado na semana pasada depois da explosão do escândalo.

Os investigadores também estão analisando se outros parentes, advogados ou membros da campanha "Justice4Jean" tiveram seus telefones grampeados, indicou este último grupo, formado para exigir justiça depois da morte do brasileiro.

"A família Menezes ficou muito abalada ao descobrir que seus telefones foram grampeados num momento em que se encontrava mais vulnerável", afirmou um porta-voz do grupo Justice4Jean.

"Eles ficaram intrigados por que a polícia não os procurou com esta informação mais cedo, e temem que a polícia possa estar tentando encobrir mais uma vez suas falhas relativas a este caso", acrescentou.

Os parentes do brasileiro que vivem em Londres escreveram uma carta ao primeiro-ministro David Cameron pedindo que o inquérito aberto para tratar dos grampos telefônicos do News of the World - acusado de também ter pagado policiais em troca de informações - abranja os vazamentos ocorridos durante as investigações sobre a morte de Jean Charles.

Eles destacam em particular o caso de um policial na época, que após se aposentar da corporação agora é colaborador do Times, que também integra a filial britânica do grupo de Rupert Murdoch, News International.

"Temos consciência de que os jornais do grupo News International realizaram uma das mais violentas e distorcidas coberturas sobre a morte de Jean Charles", afirma a carta.

"Durante toda a investigação, continuou sendo transmitida desinformação à imprensa para manchar a reputação de Jean", acrescentaram.

Os parentes do brasileiro citam como algumas das "mentiras" publicadas a de que Jean Charles vestia um agasalho volumoso, pulou as catracas da estação e não seguiu as ordens dos policiais que atiraram nele, assim como "afirmações falsas sobre sua condição de imigrante, e até de tentativas de ligá-lo a um caso de estupro que só pudem ter saído de fontes policiais".

Jean Charles de Menezes, um eletricista de 27 anos, foi morto no dia 22 de julho de 2005 em um vagão de metrô na estação londrina de Stockwell após ter sido atingido com sete tiros na cabeça por policiais que o confundiram com um terrorista no dia seguinte a uma tentativa frustrada de repetir os atentados de Londres, ocorridos no dia 7 desse mês.

Uma investigação judicial realizada em 2008 indicou várias falhas na atuação policial, mas terminou com um veredicto sem uma conclusão clara. Apesar de várias revisões do caso, nenhum agente foi processado ou punido.

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