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Presos no caso Marielle podem fazer "delação premiada", diz Witzel

Após comemorar "respostas à sociedade", o governador disse que os presos podem fazer delação para revelar os mandantes do crime contra a vereadora

Coletiva de imprensa: o governador reuniu autoridades da Polícia Civil e os delegados responsáveis pelo inquérito (Polícia Civil do Rio de Janeiro/Reprodução)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de março de 2019 às 13h36.

Última atualização em 12 de março de 2019 às 13h36.

Rio — O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse que os suspeitos presos nesta terça-feira (12) no caso Marielle "poderão pensar na delação premiada" para que a investigação chegue aos mandantes do crime.

Ele reuniu, em coletiva de imprensa, autoridades da Polícia Civil e os delegados responsáveis pelo inquérito para apresentar o resultado do que classificou como primeira fase da apuração.

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Witzel comemorou a "resposta dada à sociedade". O delegado Giniton Lages, responsável pelo inquérito, detalhou que a investigação ouviu 230 testemunhas, interceptou 318 linhas telefônicas e chegou a um intricado rastro de vestígios deixados pelos suspeitos.

"Foi uma execução sofisticada e que não teve erro por parte dos criminosos. Eles não desceram do carro em nenhum momento, não fizeram ligação, não deram oportunidade para que a investigação chegasse até eles", disse Lages.

O delegado também justificou o tempo que demorou para se chegar aos dois envolvidos.

“Esse é um dia muito especial porque é um ano de investigação, um ano de comprometimento desses policiais. É preciso que a imprensa entenda que o sigilo em algumas informações é imprescindível. Jamais um profissional pode fazer uma perícia ou encontra um dado e revelar isso", garantiu.

Apesar das prisões desta madrugada, uma segunda fase ainda está em aberta. O objetivo é identificar o mandante do crime e outros envolvidos nos assassinatos.

Investigação complexa

De acordo com Lages, o crime contra Marielle e Anderson demandou uma complexa investigação — desde quebras telefônicas até vistorias em carros do mesmo modelo do usado na noite de 14 de março do ano passado.

O delegado afirmou que as testemunhas do local não puderam ajudar com muitas elucidações, como normalmente fazem.

“Não estamos diante de um crime passional. Não se trata disso. Percebemos isso desde o início. Determinados casos, pela complexidade, não vão fechar rápido. Foi necessário se concentrar no que aconteceu antes do crime.”, explicou.

Ele divulgou que o inquérito tem 29 volumes de 200 a 230 folhas, cada.

Afirmou também que as câmeras de segurança, na rua em que o carro da vereadora foi alvejado, não estavam desligadas propositalmente.

“As câmeras hoje, como estão posicionadas, não servem à investigação. As câmeras são voltadas para a contagem de veículos e trânsito”, explicou Giniton.

De acordo com o delegado, 2.428 antenas foram quebradas para monitorar celulares. “Foram quebradas mais de 33 mil linhas telefônicas analisadas e 318 linhas telefônicas interceptadas”.

A polícia monitorou também 443 Cobalts prata. Com os filtros, eles chegaram a 126 carros, todos foram vistoriados um a um. “É só conversar com os proprietários de Cobalt. Todos foram visitados”, reafirmou.

Ronie Lessa, policial militar reformado, e Elcio Vieira de Queiroz, expulso da Polícia Militar, foram denunciados por homicídio qualificado e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, uma das assessoras de Marielle que também estava no carro emboscada.

A prisão é resultado de uma operação conjunta do Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

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