Por que Temer insiste em brigar por mais apoio na PEC 241?
Mesmo com vitória expressiva, Temer vai discutir relação com traidores para garantir larga vantagem na votação em 2º turno da PEC do teto dos gastos
Marcelo Ribeiro
Publicado em 12 de outubro de 2016 às 07h00.
Brasília – O Palácio do Planalto recebeu com festa a aprovação em 1º turno do texto-base da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita os gastos públicos . O presidente Michel Temer ( PMDB ) tem admitido a interlocutores que pretende ampliar a margem de votos no segundo turno. Ele quer pelo menos 380 votos favoráveis a proposta.
Nesta segunda-feira (10), o plenário da Casa aprovou em primeiro turno, por 366 votos a 111, o texto-base da PEC do teto.
Para isso, Temer pretende reforçar a ofensiva e se reunir com membros da base governista que votaram contra a matéria. Mesmo satisfeito com a aprovação, o presidente não assimilou bem algumas traições de aliados que não seguiram a orientação de seus partidos, como a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ).
"O presidente Michel Temer disse que haverá uma 'DR' com quem não teve condições de acompanhar o governo ontem. E, é óbvio que, o governo se faz com aliados. Quem circunstancialmente tem dificuldade de ser aliado, por óbvio, que o governo não o prende na base de sustentação. Mas essa é uma questão que o presidente vai tratar", afirmou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS).
Mas afinal, por que é tão importante para o governo conseguir uma aprovação da PEC com margem? Seria um sinal da força do Planalto no Congresso para aprovar outros assuntos espinhosos, como a reforma da Previdência. Esse resultado teria um reflexo positivo no mercado financeiro, já que ajudaria a resgatar a credibilidade do governo com os agentes econômicos.
Auxiliares de Temer destacam a atuação do presidente para aprovar a PEC – ele chegou a ligar para alguns parlamentares para tentar convencê-los a votar para emplacar a proposta - e afirmam que esse comportamento deve permanecer.
“Ele assumiu a articulação política do governo e estabeleceu um canal de comunicação permanente com os parlamentares da base aliada”, afirmou um dos membros do núcleo duro do governo a EXAME.com.
A proposta, que ainda será votada em segundo turno na Câmara no final de outubro, também precisa ser apreciada em dois turnos pelo Senado. Otimista, o governo espera concluir a votação do texto-base até novembro.
Busca por apoio popular
Mesmo sendo aprovada com margem na Câmara, a PEC ainda enfrenta resistência por parte da sociedade. A divisão das pessoas sobre o tema fez com que a proposta fosse um dos assuntos mais comentados no Twitter nesta segunda-feira.
No total, mais de 45 mil pessoas foram responsáveis por quase 200 mil posts, de acordo com o coordenador do Laboratório de Estudos de Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Fábio Malini.
“Ontem, a rejeição a aprovação da PEC bombou no Twitter. Hoje, está fazendo barulho no Facebook. Pessoas que se posicionavam de maneira isenta em relação ao impeachment começaram a se manifestar contra a proposta”, disse Malini.
Em entrevista a EXAME.com, o professor destacou o fato de o assunto ter sido mais comentado que a eleição presidencial dos Estados Unidos no Twitter.
“Há um breve rompimento do Fla-Flu e os internautas ensaiam uma unidade para fazer reivindicações sociais. Algo similar aconteceu nas manifestações de 2013”, destacou o especialista da Ufes.
Além disso, Malini afirmou que mesmo com a vitória do governo na Câmara, houve uma derrota nas redes sociais. “Terá também uma aglutinação off-line, ou seja, as manifestações vão transbordar das redes e se desdobrar em atos de rua”, afirmou.
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