Policiais penais repudiam suposta facilitação para fuga de presos em Mossoró (RN)
Entidade que representa categoria diz que penitenciárias "continuam seguras e cumprindo seu papel" e rechaçam '"caça às bruxas"
Agência de notícias
Publicado em 18 de fevereiro de 2024 às 16h16.
A Federação Nacional dos Policiais Penais Federais (Fenappf) divulgou nota neste fim de semana na qual classifica como “totalmente irresponsáveis” declarações que sugerem ter havido corrupção entre agentes de segurança no episódio da fuga de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró, na madrugada de quarta-feira.
Ao comentar a fuga, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou neste fim de semana, em entrevista coletiva na Etiópia, que “parece que teve conivência de alguém do sistema lá dentro”.
Os policiais penais federais destacaram a atuação da categoria e afirmaram que, caso as investigações constatem que houve má conduta por parte de algum servidor, “cortarão a própria carne sem qualquer corporativismo”.
“Este mesmo profissional que labuta em tantas frentes com éxito de forma anônima ganhou a mídia e ficou conhecido somente no momento em que ocorre uma falha e está sendo acusado direta ou indiretamente de corrupção por algumas pessoas públicas e formadoras de opinião de forma totalmente irresponsável, pois as investigações ainda estão em curso e é muito cedo para chegar a esta conclusão”, diz a nota.
“Findadas as apurações, se tiver algum policial penal federal envolvido cortaremos a própria carne sem qualquer corporativismo, pois o nosso maior orgulho sempre foram os números estatísticos de zero fuga, zero rebelião, zero celular”, continua o texto.
A entidade que representa os agentes de segurança ainda reclama de “precariedades estruturais” e diz que, apesar da fuga registrada em Mossoró, as penitenciárias federais “continuam seguras e cumprindo o seu devido papel”.
“Este episódio não pode se transformar em caça às bruxas para servir de exemplo, pois é uma questão de justiça”, conclui a nota.
Quem são os fugitivos?
Os fugitivos de Mossoró foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. Ambos são do Acre e estavam na Penitenciária Federal de Mossoró desde 27 de setembro de 2023.
Em julho de 2023, a dupla participou de uma rebelião sangrenta em presídio de segurança máxima em Rio Branco. Houve roubo de armas e ferimentos de policiais penais, reféns e cinco mortes, sendo três delas decapitações.
O motim levou os dois presos a serem transferidos para o presídio federal de Mossoró (RN), criado com o objetivo de isolar líderes de facções criminosas do restante da massa carcerária. Rogério e Deibson Cabral Nascimento estavam em celas individuais antes da fuga.
Após a fuga, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afastou a direção da penitenciária e nomeou um interventor, Carlos Luis Vieira Pires, que já dirigiu a penitenciária federal de Catanduvas (PR). A Polícia Federal apura se a fuga teve a a ajuda de um agente penitenciário ou operário de obras feitas na unidade.