Polícia Federal: suspeita é que quatro empresas tinham acesso a dados de servidores (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 14h18.
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta (14) a Operação Arca da Aliança, para apurar um esquema ilegal de concessão de empréstimo a servidores públicos federais. Durante as primeiras horas da manhã, os agentes começaram a cumprir 10 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Rio de Janeiro, expedidos pela 10ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Também foi determinado o bloqueio judicial de cerca de R$ 20 milhões das contas das empresas investigadas.
A suspeita é que quatro empresas tinham acesso a informações pessoais de servidores públicos federais e os contatavam por telefone para negociar, sugerindo a quitação por meio de empréstimo, crédito consignado, portabilidade de crédito ou consultoria financeira.
Segundo a polícia, a forma de persuadir os clientes variava conforme as estratégias dos vendedores, que estariam prometendo, inclusive, a aplicação do dinheiro no mercado financeiro. Como o processo judicial é mantido em sigilo, os nomes das empresas investigadas não podem ser divulgados.
Até o momento, o grupo pode ter feito cerca de 500 vítimas, entre servidores públicos civis e militares. Ainda de acordo com a PF, o golpe era aplicado tanto em funcionários da ativa como em aposentados.
Segundo o delegado Fabrício de Souza Costa, a corporação começou a desconfiar da ação do grupo quando atendentes tentaram fechar negócio com agentes da própria corporação e do Ministério Público.
Em entrevista coletiva, Costa disse que os investigadores ainda procuram saber como a rede tem acesso às informações pessoais dos servidores.
Segudo ele, os participantes do esquema são ex-vendedores, ex-supervisores ou ex-gerentes que se destacaram por atingir elevadas comissões. Ao demonstrar bom desempenho, eles se tornaram proprietários de empresas semelhantes, adotando cartela de serviços e abordagem idênticas àquelas em que trabalhavam.
Uma das empresas, filial de outra localizada no Rio de Janeiro, atua desde abril de 2018, em São Paulo, segundo as investigações. Já a outra empresa entrou em atividade em agosto de 2019.
"O modelo de negócio praticado foi concebido pelo administrador da empresa controladora sediada no Rio de Janeiro e envolveu a criação de inúmeras promotoras de vendas de empréstimos consignados, inicialmente em nome de parentes e, posteriormente, em nome de laranjas ou consultores de venda que se destacaram na atividade", diz nota da polícia.
Além dos mandados de busca e apreensão, a PF requereu à Justiça autorização para deter os suspeitos de chefiar o esquema, mas o pedido foi negado.
Os investigados podem responder por operar instituição financeira sem permissão do Banco Central, por associação criminosa e lavagem de dinheiro.
O delegado lembrou que, caso haja dúvidas sobre quais organizações podem, de fato, exercer tais atividades legalmente, pode-se consultar as listas divulgadas no site do Banco Central e da Junta Comercial de SP.