Bombeiro é preso acusado de ocultar provas do caso de Marielle
MPRJ afirma que o bombeiro Maxwell Simões Correa ajudou a ocultar armas de fogo de uso restrito e acessórios pertencentes a Ronnie Lessa
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de junho de 2020 às 08h12.
Última atualização em 10 de junho de 2020 às 09h42.
Agentes do Ministério Público do Rio de Janeiro, da Corregedoria do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil deflagraram uma operação nesta quarta-feira, 10, para prender mais um acusado de obstruir as investigações dos assassinatos da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O bombeiro Maxwell Simões Correa é alvo de mandado de prisão "por atrapalhar de maneira deliberada" as investigações, junto a outras quatro pessoas já denunciadas ao Judiciário.
Segundo as investigações, no dia 13 de março de 2019, um dia depois das prisões dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, denunciados como autores dos crimes, Maxwell e outros quatro denunciados ajudaram a ocultar armas de fogo de uso restrito e acessórios pertencentes a Ronnie, que estavam armazenados em um apartamento no bairro do Pechincha utilizado pelo ex-policial e em locais ainda desconhecidos.
Segundo a nota do MP-RJ, Maxwell cedeu o veículo utilizado para guardar o vasto arsenal bélico pertencente a Ronnie, entre os dias 13 e 14 de março de 2019, para que o armamento fosse, posteriormente, descartado em alto mar.
Ao jornal O Globo, o delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, titular do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), disse que espera prender ainda neste ano os mandantes do assassinato da vereadora.
"Estamos trabalhando sem descanso para prender os mandantes desse crime. Ao longo dessa investigação já prendemos mais de 65 pessoas, apreendemos dezenas de armas e já existem diversas investigações que se desdobraram. Acreditamos que iremos solicitar esse caso ainda neste ano", afirmou.
A operação de hoje também é considerada importante por outro motivo: trata-se de uma vitória para os defensores da permanência das investigações no Rio. No dia 27 de maio deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), indo na linha do que defendem a família e ex-aliados de Marielle, negou a federalização do caso.
A vereadora e o motorista foram assassinados em março de 2018 na região central do Rio de Janeiro. Quinta candidata mais votada na eleição municipal de 2016, ela cumpria seu primeiro mandato no Palácio Pedro Ernesto.
Além do mandado de prisão, a operação batizada de Submersus 2 cumpre também mandados de busca e apreensão em dez endereços na cidade do Rio de Janeiro ligados a Maxwell e aos outros quatro investigados, presos durante a operação Submersus: Elaine Pereira Figueiredo Lessa, esposa de Ronnie; Bruno Pereira Figueiredo, cunhado de Ronnie; José Marcio Mantovano e Josinaldo Lucas Freitas.
"A obstrução de Justiça praticada pelo denunciado, junto aos outros quatro denunciados, prejudicou de maneira considerável as investigações em curso e a ação penal deflagrada na ocasião da operação 'Submersus', na medida em que frustrou cumprimento de ordem judicial, impedindo a apreensão do vasto arsenal bélico ali ocultado e inviabilizando o avanço das investigações. A arma de fogo utilizada nos crimes ainda não foi localizada em razão das condutas criminosas perpetradas pelos cinco denunciados, cabendo ressaltar que Maxwell ostentava vínculo de amizade com os acusados dos crimes e com os denunciados Josinaldo Lucas Freitas e José Márcio Mantovano", ressaltou a nota oficial sobre a operação.
A decisão foi proferida pelo Juízo da 19ª Vara Criminal da Comarca da Capital, informou o MP-RJ, em nota.