Pílula do câncer é considerada segura em 1ª etapa de testes
Segundo Paulo Hoff, diretor-geral do Icesp, na dose administrada de três cápsulas por dia, os dez pacientes não apresentaram efeitos colaterais graves
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2016 às 20h04.
São Paulo - A fosfoetanolamina sintética, mais conhecida como pílula do câncer , foi considerada uma droga segura na primeira etapa de testes realizados com humanos pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
O levantamento sobre a avaliação de segurança foi apresentado nesta quarta-feira, 5, quando foi anunciado que a próxima fase de testes, que vai avaliar eficácia, terá início na próxima semana.
Segundo Paulo Hoff, diretor-geral do Icesp, na dose administrada de três cápsulas por dia, os dez pacientes não apresentaram efeitos colaterais graves, o que permite a continuidade do estudo com mais 20 pessoas em dez grupos de tumores estabelecidos para a pesquisa, entre eles de pulmão, mama, fígado e próstata.
No entanto, seis pacientes não vão continuar entre os participantes por terem apresentado evolução da doença - durante o estudo, os pacientes não estão recebendo outro tipo de tratamento.
"Seis pacientes foram retirados do estudo, porque não estavam sendo beneficiados pelo produto. Tiveram progressão da doença. Isso mostra a complexidade do câncer. Mas o fato de esses pacientes não terem se beneficiado não quer dizer que não há efeitos. Não era objetivo dessa fase testar eficácia, mas mostrar que o produto não é tão milagroso como se imaginava", diz Hoff.
Essa primeira etapa durou dois meses. A estimativa é de que os resultados da segunda sejam apresentados em quatro a seis meses.
Para passar para a terceira etapa, cada grupo deve ter ao menos três resultados positivos em relação à eficácia entre os 21 pacientes que serão estudados. A última fase pode ter até 1 mil pacientes.
Polêmica
A fosfoetanolamina começou a ser distribuída para pacientes com câncer antes de passar por testes em humanos e sem a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ela foi desenvolvida pelo professor aposentado do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) Gilberto Chierice.
Testes in vitro e com cobaias começaram a ser feitos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), mas a eficácia da substância ainda não foi comprovada.