PF pede inquérito contra Chiquinho Brazão por suspeita de desvio de emendas parlamentares
Relatório afirma que há 'indícios veementes' de que recursos foram utilizados para 'obtenção de vantagens indevidas’; defesa do parlamentar afirmou que não irá comentar
Agência de notícias
Publicado em 23 de maio de 2024 às 20h07.
A Polícia Federal (PF) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito contra o deputado federal Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ) e o ex-deputado Pedro Augusto Palareti (PP-RJ) para investigar suspeitas de desvios de emendas parlamentares.
De acordo com a PF, há "indícios veementes" de que as emendas foram utilizadas para "obtenção de vantagens indevidas", incluindo recursos que foram repassados para a conta da filha de um assessor de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e irmão de Chiquinho.
"Exsurgem indícios veementes da suposta adestinação de verbas oriundas de emendas parlamentares, notadamente dos deputados federais Pedro Augusto e Chiquinho Brazão, para fins de obtenção de vantagens indevidas", afirma relatório da PF enviado nesta quinta-feira ao STF.
Investigação avança
Os indícios foram encontrados no celular de Robson Calixto da Fonseca, assessor de Domingos conhecido como Peixe. Domingos, Chiquinho e Peixe estão presos e foram denunciados pela suspeita de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco.
Há uma série de conversas entre Peixe e o marido da dona de uma organização não governamental (ONG) chamada Contato que foi agraciada com emendas parlamentares. Em uma ocasião, após a liberação de R$ 2 milhões em emendas para a ONG, Peixe solicita um pagamento de R$ 226 mil para uma empresa registrada no nome de sua filha.
Os diálogos indicam ainda que havia uma sequência de pagamentos à empresa da filha de Peixe. Em dezembro de 2023, por exemplo, o assessor de Domingos passou uma série de demandas ao marido da dona da ONG, incluindo o pagamento para uma empresa referente aos meses de agosto a novembro de 2023, de acordo com a PF.
Procurado pelo GLOBO, o advogado Cleber Lopes, que defende Chiquinho da acusação de homicídio, disse que não se manifestaria sobre o assunto antes de conversar com o cliente. Pedro Augusto, a ONG Contato e a defesa de Peixe também foram procurados, mas não retornaram.