PF faz operação contra desvio de recursos públicos na UFPR
De acordo com a investigação, ao menos dois funcionários públicos federais estariam envolvidos nas fraudes
Valéria Bretas
Publicado em 15 de fevereiro de 2017 às 10h02.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2017 às 12h11.
São Paulo – A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação nesta quarta-feira (15) para combater a prática de desvio de recursos públicos destinados à Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo os policiais, cerca de R$ 7,5 milhões teriam sido desviados dos cofres da Universidade.
A ação, batizada de Research (pesquisa, em inglês), apura o repasse irregular de recursos mediante pagamentos sistemáticos, fraudulentos e milionários de bolsas a inúmeras pessoas sem vínculos com a instituição no período entre 2013 e 2016. De acordo com a investigação, ao menos dois funcionários públicos federais estariam envolvidos nas fraudes.
No total, a PF expediu 73 ordens judiciais, sendo: 29 mandados de prisão temporária, 8 conduções coercitivas e 36 mandados de busca e apreensão nos estados do Paraná , Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro.
Ainda segundo a PF, há indícios de desvios em pagamentos de título de auxílio a pesquisadores, bolsas de estudo no país e no exterior a diversas pessoas que não tinham vínculo com a UFPR.
"Os investigados estão sendo levados às sedes da Polícia Federal nas respectivas cidades onde foram localizados, a fim de prestarem os esclarecimentos necessários", diz a PF, em nota.
O que diz a UFPR
Em nota, a Universidade afirmou que as suspeitas de irregularidades no pagamento de bolsas e auxílios são objeto de investigações internas na UFPR desde dezembro de 2016, quando a própria universidade também tomou a iniciativa de encaminhar o caso à Polícia Federal, para investigação criminal.
Veja a íntegra do comunicado:
Diante da operação deflagrada nesta quarta-feira pela Polícia Federal, a Universidade Federal do Paraná informa:
1.As suspeitas de irregularidades no pagamento de bolsas e auxílios são objeto de investigações internas na UFPR desde dezembro de 2016, quando a própria universidade também tomou a iniciativa de encaminhar o caso à Polícia Federal, para investigação criminal.
2. Assim que tomou conhecimento da suspeita de desvios de verba pública, em dezembro de 2016, a administração anterior da Reitoria determinou a abertura de sindicância para apurar responsabilidades. O procedimento é conduzido por uma comissão formada por dois professores e uma servidora técnico-administrativa e, por força de lei, corre em sigilo. O prazo para conclusão do trabalho é de 60 dias, prorrogáveis por mais 60. A previsão de término dos trabalhos é meados de abril de 2017.
3. As duas servidoras suspeitas de envolvimento no caso já estavam suspensas do exercício de suas atividades funcionais, nos termos da Lei 8112/90, por determinação do atual reitor, Ricardo Marcelo Fonseca.
4. O reitor Ricardo Marcelo Fonseca também já havia determinado, ainda em janeiro, a criação do Comitê de Governança de Bolsas e Auxílios, visando aperfeiçoar os mecanismos de controle sobre esse tipo de pagamento. Também está criada, por meio de portaria, uma comissão para trabalhar no Plano de Transparência e de Dados Abertos da Universidade, instrumento para garantir que a sociedade tenha acesso a todas as informações de caráter público.
5.A Universidade Federal do Paraná tomou todas as providências cabíveis para esclarecer os fatos e responsabilizar os eventuais envolvidos. Com o resultado da investigação, a UFPR solicitará a restituição dos valores ao erário.
6. A gestão do reitor Ricardo Marcelo Fonseca reafirma seu compromisso com a transparência e a ética. Reforça ainda que condena veementemente qualquer prática ilícita e que continuará colaborando com as investigações, tanto no âmbito do Tribunal de Contas da União quanto da Polícia Federal.