PF aponta organização criminosa na Petrobras
A polícia investiga a ligação entre a compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena e o esquema de lavagem de dinheiro descoberto pela Operação Lava Jato
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2014 às 08h56.
Brasília - A Polícia Federal investiga a ligação entre a compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos EUA, e o esquema de lavagem de dinheiro desbaratado em 17 de março pela Operação Lava Jato, que envolve suspeitas ligadas à obras na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Os investigadores citam a existência de uma possível "uma organização criminosa" que estaria atuando "no seio" da estatal de petróleo.
Os dois casos têm um personagem em comum: o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, que ficou no cargo entre os anos de 2004 e 2012.
A compra de Pasadena, iniciada em 2006 com a aquisição de 50% da refinaria de uma empresa belga, a Astra Oil, é cercada de polêmica em razão do preço pago pela Petrobrás.
Após o negócio ser fechado, a estatal brasileira indicou um integrante para representá-la no conselho de proprietários. Esse representante era Paulo Roberto Costa.
Após um litígio envolvendo questões contratuais, a Petrobras acabou desembolsando mais de R$ 1,2 bilhão pela compra de 100% da refinaria.
A Polícia Federal suspeita que as operações envolvendo a unidade tenham sido usadas para pagamento de propinas e "abastecimento de grupos" que atuavam na estatal.
Ofício
É em um ofício enviado em 22 de abril ao juiz federal Sérgio Fernando Moro, do Paraná, que o delegado Caio Costa Duarte, da Divisão de Repressão a Crimes Financeiros em Brasília, cita a existência de "uma organização criminosa no seio" da estatal, que atuaria desviando recursos, e pede o compartilhamento de provas da Operação Lava Jato.
Segundo o ofício, o "empréstimo" das provas e do material apreendido na Lava Jato seria de "grande valia" para a condução do inquérito sobre Pasadena.
"A citada refinaria teria sido comprada por valores vultosos, em dissonância com o mercado internacional, o que reforça a possibilidade de desvio de parte dos recursos para pagamento de propinas e abastecimento de grupos criminosos envolvidos no ramo petroleiro", descreve o delegado.
"Acrescentando-se a isto, apura-se possível existência de uma organização criminosa no seio da empresa Petrobrás que atuaria desviando recursos com consequente remessa de valores ao exterior e retorno do numerário via empresas offshore", completa o policial.
O documento da PF foi lido hoje na Câmara pelo líder do Solidariedade, Fernando Francischini (PR).
"O delegado chefe das investigação Pasadena pediu cópia da operação dizendo que descobriu que o ex-diretor da Petrobras era conselheiro da refinaria e da trading na época da aquisição. E que todo o cruzamento dos dados mostra que o Paulo Roberto estava trazendo dinheiro de fora, via off shore, via Alberto Youssef", afirmou o deputado paranaense.
Celeridade
No ofício, o delegado sustenta que o compartilhamento das provas traria economia processual e celeridade da investigação.
"Em linha gerais, adentrando no mérito do procedimento persecutório, a partir da compra de uma refinaria no Estado do Texas/EUA (Pasadena), por parte da Sociedade de Economia Mista Petrobras, possíveis valores teriam sido enviados ou mantidos no exterior sem a respectiva declaração aos órgãos competentes", diz ele.
A Operação Lava Jato foi deflagrada em março deste ano para desarticular organizações criminosas que tinham como finalidade a lavagem de dinheiro em diversos estados da Federação.
De acordo com as informações fornecidas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF/MF), integrantes do esquema teria movimentado até R$ 10 bilhões.
Abreu e Lima
Uma das suspeitas da Polícia Federal é que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás atuou como elo entre o doleiro e a estatal.
Costa teria atuado, por exemplo, em contratos de obras da Petrobrás tocadas pelo consórcio liderado pela empreiteira Camargo Correa na refinaria Abreu e Lima, em construção no Estado de Pernambuco.
O ex-diretor da Petrobrás nega ter participado de ilegalidades envolvendo a estatal.
Procurada na noite de hoje, a Petrobras informou que não tinha conhecimento da nova linha de investigação da PF. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
![Investigação sobre propina](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_2013-12-13t214044z_1_bspe9bc1o8500_rtroptp_3_brazil-refino-regras-petrobras-atua2.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)
![Endividamento bilionário](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_gracia-foster.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
3 /11(REUTERS/Nacho Doce)
![Queda da produção](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_19908461_h5929926.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)
![Multa bilionária](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_petroleo1.jpeg?quality=70&strip=info&w=920)
5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)
![Ações despencaram](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_bovespa81.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)
![Valor de mercado menor](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_ax189_6a8a_91.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)
Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.
No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.
![Preço do dólar divergente](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_photo-9831.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
8 /11(Bruno Domingos/Reuters)
A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
![Preço do combustível](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_bomba_de_abastecimento_de_etanol_da_petrobras.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
9 /11(Divulgação/Petrobras)
A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.
![Independência do governo](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_presidente-dilma-rousseff-em-bruxelas.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
10 /11(Francois Lenoir/Reuters)
![Agora, veja 20 empresas que dominam o país](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_morro-alemao-brasil.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
11 /11(AGÊNCIA BRASIL)