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Pesquisa indica que 72% dos cariocas querem prorrogar intervenção

A intervenção federal na segurança pública foi solicitada pelo governador Luiz Fernando Pezão e decretada pelo presidente Michel Temer em fevereiro

Soldados do Exército durante operação no Complexo do Alemão: no mês passado, intervenção completou seis meses (Ricardo Moraes/Reuters)
AB

Agência Brasil

Publicado em 8 de setembro de 2018 às 12h03.

Cerca de 72% dos moradores do estado do Rio de Janeiro apoiam uma possível continuidade da intervenção federal na segurança pública , prevista para ser encerrada em 31 de dezembro deste ano. Pesquisa do Instituto Datafolha mostra que 21% dos entrevistados são contra a manutenção da intervenção em 2019, 4% se declararam indiferentes e 4% não sabiam responder.

A pesquisa foi realizada entre 4 e 6 de setembro e entrevistou 1.357 pessoas com 16 anos ou mais. A margem de erro é de três pontos percentuais.

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O levantamento aponta que o apoio à prorrogação da intervenção é menor na capital (68%) e maior nas demais cidades da região metropolitana (74%) e no interior do estado (75%).

O apoio também é menor entre as pessoas com nível superior (63%) do que entre as que têm ensino médio (73%) e fundamental (79%). Quando analisadas as idades dos entrevistados, a aprovação chega a 78%, na faixa etária de 45 a 59 anos e a 59% na população de 16 a 24 anos.

Transição

A intervenção federal na segurança pública foi solicitada pelo governador Luiz Fernando Pezão e decretada pelo presidente Michel Temer em fevereiro. No mês passado, quando a intervenção completou seis meses, o presidente disse estar "satisfeitíssimo" e que os resultados eram "extraordinários".

Em apresentação a Temer, o gabinete da intervenção informou que, entre fevereiro e agosto, 35 pessoas morreram em confrontos nas operações com participação das Forças Armadas, dos quais três militares do Exército. Foram apreendidas 152 armas, sendo 86 pistolas, 37 granadas e 29 fuzis e detidas 518 pessoas, dos quais 56 crianças e adolescentes. Cerca de 92 mil militares participaram das operações.

A intervenção federal está em vigor até 31 de dezembro, fim dos mandatos de Michel Temer e de Pezão. Uma possível prorrogação da medida caberia aos próximos chefes do Executivo federal e estadual.

Na última segunda-feira (3), o governador do Rio de Janeiro e o interventor federal Walter Braga Netto, que é general do Exército e comandante militar do Leste, assinaram um plano de transição, que deixará a estrutura do gabinete de intervenção ativa até 30 de junho de 2019.

O plano tem o objetivo de regular as etapas da passagem de responsabilidades administrativa e operacional na área de segurança pública de volta para a esfera estadual.

Críticas

A política de segurança pública implementada pela intervenção vem sofrendo críticas de pesquisadores e defensores públicos. Na semana passada, representantes da Defensoria Pública da União (DPU) e da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPE-RJ) ouviram relatos de violações em visitas a comunidades do Rio de Janeiro e repassaram a representantes do Conselho Nacional de Direitos Humanos.

Pesquisadores do Observatório da Intervenção, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes, também fizeram um balanço de seis meses da intervenção e alertaram que o Rio de Janeiro registrou aumento de 40% no número de tiroteios no período.

O relatório levanta ainda dados oficiais do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro e aponta um aumento de 4,7% na letalidade violenta e de 35,4% nos homicídios decorrentes de ação policial.

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