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Pedidos para livrar Temer de denúncia vão além das emendas

Pauta das audiências na terça-feira e na quarta-feira, quando Temer ficou no gabinete até altas horas da noite, não se resume à liberação de verbas

Presidente Michel Temer no Planalto (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de outubro de 2017 às 09h54.

Última atualização em 8 de outubro de 2017 às 17h38.

Brasília - Na "maratona" que cumpriu na última semana para receber parlamentares, às vésperas da votação da segunda denúncia na Câmara, o presidente Michel Temer ouviu desde pedidos de bancadas tradicionais, como a ruralista e a evangélica, até grupos com interesses locais.

Para atender a bancadas estaduais, ministros do núcleo político do Palácio do Planalto se desdobram em análises de liberação de verbas, mas as audiências concedidas por Temer na terça-feira e na quarta-feira, quando ele ficou em seu gabinete até altas horas da noite, vão além das emendas.

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O deputado Simão Sessim (PP-RJ), por exemplo, organizou um grupo que buscava apoio a prefeitos preocupados com o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) de uma ação para retroagir a Lei da Ficha Limpa para antes de 2010. "Ele (Temer) é constitucionalista, então a gente pensou que poderia nos dar alguma sugestão", disse Sessim. Um dos integrantes da caravana, o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), tentava ajudar o pai, Sebastião Quintão, prefeito de Ipatinga, que governa por meio de liminar porque foi condenado em 2008 pelo TRE por abuso eleitoral.

No encontro, Temer demonstrou interesse em saber sobre as estratégias de defesa dos prefeitos, sem sinalizar nada. "De qualquer forma, Temer foi muito gentil e educado com o grupo", afirmou Sessim.

O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), esteve duas vezes no gabinete para integrar grupos de pressão específicos. No primeiro encontro, ele levou sindicalistas que fazem lobby para garantir interesses no debate da reforma trabalhista. Temer brincou quando o grupo quis tirar fotos com ele. "Isso é sinal que a minha popularidade está melhorando", disse, segundo relato de Paulinho. Depois, o parlamentar integrou um grupo amplo de deputados, que defende os interesses dos clubes de futebol. A audiência foi marcada pelo ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ). A bancada da bola prega a flexibilização do Programa de Modernização de Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro, que impôs até o rebaixamento em campeonatos dos clubes com problemas nas contas. Por meio de sua assessoria, a pasta destacou que o governo estuda enviar um projeto com caráter de urgência ao Legislativo para atender a demanda do setor.

'Otimismo'

Da tropa de choque de Temer, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) relatou que, em um dos encontros, o presidente manifestou "otimismo" com as conversas com parlamentares. "Diante da situação, não há nenhum absurdo o presidente receber os deputados. Ele é democrático", disse. Marun calcula que Temer terá na segunda denúncia uma votação parecida com à primeira. Em agosto, 267 deputados votaram a favor dele, e a denúncia foi barrada. Para Marun, a "fragilidade" da atual acusação levará parlamentares que se posicionaram contra Temer na primeira votação a votar a favor.

Procurada pela reportagem, a assessoria do Planalto não comentou sobre as audiências. Na manhã do último dia 3, o próprio Temer usou uma rede social para anunciar a série de encontros e dizer que "o diálogo é fundamental para a harmonia entres os Poderes". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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