Pagamentos por MP foram vinculados à aprovação no governo
E-mails mostram lobistas discutindo detalhes financeiros pela MP 471, sob suspeita de ter sido comprada para favorecer empresas do setor automobilístico
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2015 às 16h44.
Brasília - E-mails apreendidos pela Polícia Federal , obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostram lobistas discutindo detalhes do acerto financeiro a ser feito pela Medida Provisória 471, sob suspeita de ter sido "comprada" para favorecer empresas do setor automobilístico.
Nas mensagens, eles vinculam o pagamento de parcelas por montadoras de veículos às fases de aprovação da norma: primeiro, a edição do texto, pelo governo; em seguida, a votação pelo Congresso.
A MP foi assinada em 20 de novembro de 2009 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva .
Num e-mail de 12 de fevereiro de 2010, o lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como APS, diz a um de seus parceiros no negócio, o advogado José Ricardo da Silva, dono da SGR Consultoria, que caberia à MMC Automotores, empresa que fabrica veículos Mitsubishi no Brasil, pagar R$ 1,5 milhão, em parcelas de R$ 125 mil, nos primeiros 12 meses após a edição da norma.
Os recursos, segundo APS, seriam repassados a título de "assessoria jurídica". Mais pagamentos, acrescentou ele, deveriam ser feitos após o Congresso votar o texto da MP. "Esse valor é independente do que será pago após a sanção do Senado Federal e a publicação de forma definitiva, onde (sic) terão outro valor a ser pago", acrescenta.
A MP 471 foi aprovada em março no Legislativo, que a converteu na Lei 12.218 sem fazer alterações no texto original.
Como o jornal vem mostrando numa série de reportagens, os valores negociados pelos lobistas com as montadoras chegaram a R$ 36 milhões. A PF e o Ministério Público Federal apuram qual foi o montante efetivamente desembolsado. Um outro e-mail, trocado por envolvidos nas negociações, diz que, para viabilizar a MP, houve oferta de propina a "pessoas do governo", o que está em investigação.
A SGR, de José Ricardo, teria atuado em "consórcio" com outra empresa, a Marcondes & Mautoni Empreendimentos, para viabilizar a MP no governo e no Legislativo. Além da MMC Automotores, as tratativas envolveram a Caoa, que monta veículos da Hyundai.
A defesa de APS informou que não se pronunciaria, pois não teve acesso às investigações. A SGR negou que a empresa tenha feito lobby pela MP ou participado de corrupção. Em nota, explicou ter trabalhado no caso da MP prestando consultoria em direito tributário. Sobre a atuação de APS, a empresa sustentou que a sua participação "foi a de viabilizar a realização de estudos de impacto ambiental nas regiões em que as empresas beneficiadas atuavam".
A MMC Automotores sustenta que não firmou qualquer contrato com a SGR, mas contratou a Marcondes & Mautoni para desenvolver "estudos que demonstrassem as vantagens que a extensão do benefício fiscal concedido propiciava". A Caoa alega que "jamais contratou ou pagou qualquer consultoria ou empresa para a tramitação" da MP, mas admite que teve vínculo com a Mautoni. A Marcondes & Mautoni não se pronunciou.
Brasília - E-mails apreendidos pela Polícia Federal , obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostram lobistas discutindo detalhes do acerto financeiro a ser feito pela Medida Provisória 471, sob suspeita de ter sido "comprada" para favorecer empresas do setor automobilístico.
Nas mensagens, eles vinculam o pagamento de parcelas por montadoras de veículos às fases de aprovação da norma: primeiro, a edição do texto, pelo governo; em seguida, a votação pelo Congresso.
A MP foi assinada em 20 de novembro de 2009 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva .
Num e-mail de 12 de fevereiro de 2010, o lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como APS, diz a um de seus parceiros no negócio, o advogado José Ricardo da Silva, dono da SGR Consultoria, que caberia à MMC Automotores, empresa que fabrica veículos Mitsubishi no Brasil, pagar R$ 1,5 milhão, em parcelas de R$ 125 mil, nos primeiros 12 meses após a edição da norma.
Os recursos, segundo APS, seriam repassados a título de "assessoria jurídica". Mais pagamentos, acrescentou ele, deveriam ser feitos após o Congresso votar o texto da MP. "Esse valor é independente do que será pago após a sanção do Senado Federal e a publicação de forma definitiva, onde (sic) terão outro valor a ser pago", acrescenta.
A MP 471 foi aprovada em março no Legislativo, que a converteu na Lei 12.218 sem fazer alterações no texto original.
Como o jornal vem mostrando numa série de reportagens, os valores negociados pelos lobistas com as montadoras chegaram a R$ 36 milhões. A PF e o Ministério Público Federal apuram qual foi o montante efetivamente desembolsado. Um outro e-mail, trocado por envolvidos nas negociações, diz que, para viabilizar a MP, houve oferta de propina a "pessoas do governo", o que está em investigação.
A SGR, de José Ricardo, teria atuado em "consórcio" com outra empresa, a Marcondes & Mautoni Empreendimentos, para viabilizar a MP no governo e no Legislativo. Além da MMC Automotores, as tratativas envolveram a Caoa, que monta veículos da Hyundai.
A defesa de APS informou que não se pronunciaria, pois não teve acesso às investigações. A SGR negou que a empresa tenha feito lobby pela MP ou participado de corrupção. Em nota, explicou ter trabalhado no caso da MP prestando consultoria em direito tributário. Sobre a atuação de APS, a empresa sustentou que a sua participação "foi a de viabilizar a realização de estudos de impacto ambiental nas regiões em que as empresas beneficiadas atuavam".
A MMC Automotores sustenta que não firmou qualquer contrato com a SGR, mas contratou a Marcondes & Mautoni para desenvolver "estudos que demonstrassem as vantagens que a extensão do benefício fiscal concedido propiciava". A Caoa alega que "jamais contratou ou pagou qualquer consultoria ou empresa para a tramitação" da MP, mas admite que teve vínculo com a Mautoni. A Marcondes & Mautoni não se pronunciou.