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Os notáveis de Temer

O Ministério das Cidades, responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida, é uma das pastas de maior orçamento do governo — e, portanto, uma das mais concorridas em Brasília. Nos últimos dias, está sendo disputado a unha. Bruno Araújo, do PSDB, deputado que deu o voto decisivo na votação do impeachment de Dilma Rousseff na […]

Bruno Araújo: autor do voto que decidiu a votação na Câmara é cotado para a pasta das Cidades / Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Bruno Araújo: autor do voto que decidiu a votação na Câmara é cotado para a pasta das Cidades / Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2016 às 05h56.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h13.

O Ministério das Cidades, responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida, é uma das pastas de maior orçamento do governo — e, portanto, uma das mais concorridas em Brasília. Nos últimos dias, está sendo disputado a unha. Bruno Araújo, do PSDB, deputado que deu o voto decisivo na votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara, é o favorito. Mas Gilberto Kassab, presidente do PSD e ex-ocupante da pasta, quer o cargo de volta.

O imbróglio mostra o tamanho do desafio de Michel Temer. Boa parte do Congresso se uniu para afastar Dilma Rousseff. Agora, ao vencedor, as batatas: o apetite dos aliados de ocasião pelos principais cargos da República é insaciável. Além de partidos como PSDB, PSD, PP, PR e PTN, que o apoiaram na votação do impeachment, Temer terá de agradar os membros do próprio PMDB.

A bancada peemedebista da Câmara quer, ao menos, duas pastas. Além deles, Henrique Alves pode assumir o ministério da Previdência, e Romero Jucá, o Planejamento. Os dois são investigados na Lava-Jato. Pressionado, Temer já admitiu que o número de ministérios cortados pode se limitar a três – a previsão inicial era dez.

Pragmaticamente, ele precisa de uma maioria confortável no Congresso para aprovar medidas de grande porte. Em outubro de 2015, Dilma reformulou os ministérios e entregou mais pastas ao PMDB — numa estratégia que, como se sabe hoje, não deu conta de segurar o partido. Boa parte das traições na Câmara veio de partidos como PP, PR, que se sentiram desprestigiados – e projetaram um futuro melhor sem Dilma.

Discute-se também se os novos ministros poderão nomear livremente cargos dentro de suas pastas – o que se chama “porteira fechada”. “Deve haver maior autonomia para os ministérios formularem políticas públicas, uma das maiores reclamações contra Dilma. Esse é modo de operar do próprio PMDB”, diz Marcelo Issa, sócio da consultoria Pulso Político. Com tudo isso na conta, o maior receio é que os notáveis de Temer se limitem a Henrique Meirelles na Fazenda e José Serra no Itamaraty. No mais, a escalação, de notável, só tem a semelhança com a do governo atual. E isso está longe de ser uma boa notícia.

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