Onda de calor “extremo”: temperaturas devem ultrapassar 40 ºC nesta semana; veja previsão
Uma massa de ar muito quente virá do norte da Argentina e do Paraguai para os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil
Redação Exame
Publicado em 12 de dezembro de 2023 às 11h29.
Última atualização em 12 de dezembro de 2023 às 12h24.
Uma onda de calor está prevista para chegar ao Centro-Sul do Brasil a partir desta quarta-feira, 13. Segundo a empresa de meteorologia MetSul, uma massa de ar muito quente virá do norte da Argentina e do Paraguai para os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, trazendo temperaturas acima dos 40 ºC.
O Rio Grande do Sul deve sentir o calor intenso a partir da segunda metade desta semana, se instalando de vez na sexta e perdurando até segunda-feira, 18. A temperatura mais quente prevista para esta semana na capital, Porto Alegre, pela Climatempo, é a de domingo, 17: mínima de 24 ºC e máxima de 37 ºC. As tardes, principalmente, devem ser bastante quentes. Pode haver pancadas de chuva.
"Os maiores desvios da climatologia histórica tendem a se dar no Sul do país, em particular no Rio Grande do Sul". "O Rio Grande do Sul teve um episódio de calor muito intenso de um dia apenas no início do mês, mas não foi de grande abrangência. Desta vez, o calor forte a intenso atingirá uma área muito maior no território brasileiro, afetando diversos estados.", afirma a MetSul.
Já a MetSul diz que a Grande Porto Alegre e a região dos vales podem "anotar marcas de 37 ºC a 39 ºC em vários municípios com máximas localmente superiores".
Mudanças nos padrões climáticos
No Centro-Oeste, onde o verão costuma ser chuvoso e os dias mais quentes do ano ocorrem no fim do inverno e durante a primavera, no final da temporada seca, as temperaturas deste meio de dezembro também devem surpreender, conforme a MetSul. Mas isso não quer dizer que não vá ter chuva: a Climatempo prevê precipitações na região esta semana.
A MetSul diz que principalmente no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, o clima deve ficar tão quente quanto no período de primavera, quando termômetros próximos aos 40 ºC são normais. A mínima e máxima previstas pelo Climatempo para Cuiabá (MS) na sexta-feira são 24 ºC e 38 ºC.
O interior do Estado de São Paulo também sofrerá a mesma alteração no padrão meteorológico, segundo o MetSul. Geralmente, a região tem bastante chuva nesta época do ano, o que impede a temperatura de chegar a patamares muito altos,mas isso não deve acontecer este ano.
Na sexta-feira, a previsão da Climatempo é de mínima de 23 ºC e máxima de 36 ºC em São José do Rio Preto, 23 ºC e 35 ºC em Bauru e 21 ºC e 35 ºC em Araraquara. Deve haver pancadas de chuva em todas essas cidades.
Na capital paulista, a temperatura será quente, mas mais baixa que nos outros locais. A chuva também deve marcar presença.
Previsão do Climatempo para a semana:
- Quarta-feira, 13: mínima de 16 ºC e máxima de 30 ºC, sem chuva;
- Quinta-feira, 14: mínima de 18 ºC e máxima de 32 ºC, com pancadas de chuva;
- Sexta-feira, 15: mínima de 20 ºC e máxima de 33 ºC, com pancadas de chuva;
- Sábado, 16: mínima de 20 ºC e máxima de 30 ºC, com pancadas de chuva;
- Domingo, 17: mínima de 20 ºC e máxima de 29 ºC, com pancadas de chuva;
No Rio, a temperatura mais quente também está prevista pela Climatempo para sexta, com mínima de 23 ºC e máxima de 37 ºC, sem chuva para amenizar o calorão Em Belo Horizonte, no mesmo dia, faz entre 19 ºC e 33 ºC. Em Vitória, no Espírito Santo, os termômetros ficam entre 22 ºC e 33 ºC.
Por que estão ocorrendo essas ondas de calor?
Um relatório divulgado pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) em novembro já apontava que o El Niño, mais forte nesta temporada, deve perdurar até abril de 2024 e chegar ao seu pico neste fim de ano.
O fenômeno, marcado pelo aquecimento das águas do oceano Pacífico, é um dos principais responsáveis pelos eventos extremos notados no Brasil em 2023, como as ondas de calor no Sudeste, a estiagem na Amazônia e os temporais no Sul.
A expectativa, em geral, dos climatologistas é de que esses recordes de altas temperaturas e os eventos climáticos atípicos, como ciclones e alagamentos, devem ocorrer com ainda mais frequência e intensidade neste mês de dezembro e nos próximos.
O aquecimento global é um dos principais fatores que tem intensificado o El Niño nesta temperada e, consequentemente, seus efeitos.
"Com certeza, o verão será muito quente, porque estamos com um El Niño de intensidade forte e, também, na fase positiva do Dipolo do Oceano Índico [ fenômeno oceanográfico meteorológico que afeta o regime de chuvas e o clima na Ásia ], contribuindo [ para esse calor ]", disse Karina Bruno Lima, doutoranda em climatologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ao "Estadão", em reportagem veiculada no mês passado.
São esperadas secas ainda mais intensas no Norte e no Nordeste, assim como mais temporais no Sul. Além disso, a união entre o efeito do El Niño e o verão — estação que já é, por si só, quente — deve intensificar ainda mais as ondas de calor extremo.
Últimos meses bateram recordes
Segundo um levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as temperaturas no Brasil ficaram acima da média histórica nos meses de julho a novembro. Em setembro e novembro, chegaram a ser, respectivamente, 1,6ºC e 1,5ºC acima do normal.
"A principal responsável por esse aumento da temperatura foi a onda de calor observada no mês de novembro, que foi semelhante a ocorrida em setembro, porém essa última foi mais abrangente e persistiu por doze dias seguidos de temperaturas acima da média", diz o Instituto em comunicado.
Além disso, o Inmet explica que, em 2023, grande parte do calor extremo pelo país também foi reflexo do fenômeno El Niño (aquecimento acima da média das águas do Oceano Pacífico Equatorial), "que tende a favorecer o aumento da temperatura em várias regiões do planeta".
No entanto, destaca que "outros fatores" também têm contribuído para a ocorrência de eventos cada vez mais extremos. É o caso das mudanças climáticas, como o aumento da temperatura global da superfície terrestre por conta das emissões de gases do efeito estufa, diz o Instituto.