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8 respostas para decifrar (por ora) o escândalo da Petrobras

Após denúncias que envolvem nomes ligados ao governo com esquema de corrupção na Petrobras, CPI retoma investigações nesta quarta-feira. Entenda o que está em jogo

Petróleo sendo examinado na Petrobras (Sergio Moraes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2014 às 13h22.

São Paulo - Da Petrobras aos parlamentares que trabalham na CPI que investiga as irregularidades na estatal, passando por Marina Silva e governo: todos afirmam que querem ter acesso ao conteúdo integral das denúncias feitas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal.

Segundo relato da revista Veja desta semana, Costa teria afirmado que uma série de políticos ligados ao governo estariam envolvidos em esquema de corrupção na Petrobras .

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Na manhã de hoje, o teor das denúncias será pauta de reunião entre o senador Vital do Rêgo (PMDB), que preside a CPI Mista da Petrobras, e outros parlamentares. À tarde, a comissão deve ouvir o também ex-diretor Nestor Cerveró, que, junto com Costa, aprovou a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).

Confira uma seleção de perguntas e respostas que explicam o que está em jogo

O que motivou a instalação da CPI da Petrobras?

A CPI da Petrobras foi instalada por iniciativa de parlamentares de oposição em decorrência de diversas denúncias envolvendo a Petrobras.

Em março, quando a operação Lava-Jato, da Polícia Federal, revelou relações entre o doleiro Alberto Youssef e Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, a gestão da estatal foi posta à prova já que os dois foram presos em uma investigação de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões.

Por conta disso, a oposição cobrou a instalação de uma CPI para investigar irregularidades. No entanto, devido a divergências entre oposição e governo, há duas investigações em curso desde maio. Uma apoiada pela bancada governista, no senado, e outra mista (com integrantes de ambas as casas), que é defendida pela oposição. As duas CPIs terão prazo de 180 dias para apresentar o relatório final.

O que está sendo investigado?

As CPIs estão investigando irregularidades envolvendo a Petrobras ocorridas entre os anos de 2005 e 2014. Entre os fatos investigados estão a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), o lançamento de plataformas inacabadas, denúncias de pagamento de propina a funcionários da estatal e o superfaturamento na construção de refinarias.

Agência Petrobras / Divulgação

Refinaria da Petrobras em Pasadena

O caso de Pasadena é um dos de maior repercussão. A refinaria no estado do Texas, nos Estados Unidos, foi comprada pela Petrobras por 1,2 bilhão de dólares, em 2007. Pouco antes, seu antigo dono a havia comprado por 42,5 milhões de dólares. Segundo Paulo Roberto Costa, a operação de compra de Pasadena também estava envolvida no mega esquema de corrupção denunciado por ele à PF.

Qual a relação da Operação Lava-Jato com isso?

A Operação Lava Jato da Polícia Federal foi deflagrada no dia 17 de março de 2014, com o objetivo de desarticular organizações criminosas que tinham como finalidade a lavagem de dinheiro em diversos estados do país. Suspeita-se que o esquema tenha movimentado R$ 10 bilhões.

Segundo a PF, 30 pessoas foram presas na operação, entre elas o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, suspeito de receber propina de Youssef para faciltar negócios na estatal.

A investigação revelou que Youssef deu uma Range Rover Evoke no valor de R$ 250 mil para Costa em 2012. Ao ir mais fundo na investigação, a PF descobriu uma série de negócios suspeitos com obras e serviços pagos com dinheiro da Petrobras.

Afinal, quem é Paulo Roberto Costa?

Funcionário de carreira da Petrobras, Costa é engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Paraná e, segundo o jornal O Globo, mantém vínculos estreitos com o PP e PMDB.

Entrou na Petrobras em 1977 para trabalhar na área de exploração e produção de petróleo. Chegou ao cargo de diretor da Petrobras Gás (Gaspetro) em 1997. Em 2001, assumiu a Gerência Geral de Logística da Unidade de Negócios Gás Natural da Petrobras. Em 2003, virou diretor-superintendente da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil.

Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa durante depoimento no Senado (Geraldo Magela/Agência Senado)

Em maio de 2004, assumiu a diretoria de Abastecimento da estatal. O que significa que ele atuava diretamente nas decisões de compra de refinarias, aluguel de plataformas e navios, ou manutenção de gasodutos, como relata a revista Veja desta semana.

Com a chegada de Maria das Graças Foster à presidência da Petrobras, Costa deixou o cargo.

Em depoimento na CPI mista, Costa teria negado participação no esquema de corrupção e qualquer envolvimento com Yousseff.

No entanto, graças a um esquema de delação premiada (que pode reduzir a pena de criminosos caso denunciem comparsas), Costa colocou a boca no trombone. E, em 40 horas de depoimento, revelou a lista de nomes envolvidos no esquema.

Por que a própria CPI está sendo investigada?

Segundo reportagem da Revista Veja publicada na primeira semana de agosto, a atual presidente da Petrobras Maria das Graças Foster, o ex-presidente da empresa José Sergio Gabrielli e o ex-diretor da Área Internacional Nestor Cerveró receberam com antecedência as perguntas que seriam feitas durante a CPI do Senado.

Antonio Cruz/ABr

A CPI da Petrobras no Senado ouve a presidenta da estatal, Graça Foster ( (Geraldo Magela/Agência Senado) )

No dia 6 de agosto, foi aberta uma sindicância para apurar a suposta fraude. Na última quinta-feira, o prazo para conclusão das investigações foi prorrogado.

O que as novas denúncias trazem à tona?

A revista VEJA desta semana divulgou uma lista de políticos que estariam envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras.

Entre os nomes listados por Costa, ex-diretor da estatal, estão o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB) e os presidente do Senado e Câmara dos Deputados Renan Calheiros (PMDB) e Henrique Eduardo Alves (PMDB).

Eduardo Campos (PSB) e Sérgio Cabral, ex-governadores de Pernambuco e Rio de Janeiro, respectivamente, também foram citados pelo ex-diretor.

Além deles, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) e Mário Negromonte (PP), ex-ministro das Cidades do governo Dilma aparecem na lista a que Veja teve acesso. Veja quais são os outros listados.

Segundo a revista, o dinheiro pago por empreiteiras para ter acesso aos contratos da Petrobras era, depois de lavado por doleiros, distribuído entre políticos e partidos da base de sustentação do governo.

A lista de envolvidos só tinha 11 nomes?

Não. Segundo VEJA, a lista continha ao menos 25 deputados, três governadores, seis senadores e um ministro. Como se vê, os nomes dos governadores e ministro já foram revelados.

Como isso esquenta o debate eleitoral?

A revelação dos nomes coloca mais lenha na fogueira eleitoral e pode jogar faíscas tanto na imagem de Dilma Rousseff quanto na de Marina Silva, herdeira política de Eduardo Campos, citado na delação.No sábado, em vídeo postado no Facebook, o candidato Aécio Neves (PSDB) classificou o esquema como "Mensalão 2". “É o governo do PT patrocinando o assalto às nossas empresas públicas para a manutenção do seu projeto de poder”, disse.

Comparando os dois casos, em reportagem publicada na segunda-feira, a revista The Economist afirmou que Dilma pode não ter a mesma sorte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Lula teve um ano para se livrar do mau cheiro, desta vez, a titular tem apenas um mês antes das eleições", disse.

Apesar disso, pesquisa da CNT/MDA feita em meio às denúncias no final de semana mostra um cenário diferente do previsto: a aprovação ao governo Dilma e o número de pessoas que declararam voto à presidente subiu em duas semanas.

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