Brasil

Nova geração de parlamentares conta o que encontrou na política

Os deputados federais eleitos em 2018 Vinicius Poit, Tiago Mitraud e Felipe Rigoni, e o verador eleito em 2016, Fernando Holiday, participam do EXAME Fórum

Renovação na política: Vinicius Poit, Felipe Rigoni, Tiago Mitraud e Fernando Holiday (Germano Luders/Exame)

Renovação na política: Vinicius Poit, Felipe Rigoni, Tiago Mitraud e Fernando Holiday (Germano Luders/Exame)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 9 de setembro de 2019 às 17h53.

Última atualização em 9 de setembro de 2019 às 19h18.

São Paulo - Vinicius Poit, Tiago Mitraud, Felipe Rigoni e Fernando Holiday. Com exceção desse último, vereador eleito em 2016 em São Paulo, todos os outros parlamentares se tornaram deputados federais nas eleições de 2018 e fazem parte da nova geração de parlamentares que o Brasil conheceu nas últimas eleições.

"Todo mundo pergunta se, quando chegamos lá, achamos pior ou melhor do que a gente imaginava", diz Poit (Novo-SP), que deu início ao bate-papo no painel "Renovação na política", no Exame Fórum desta segunda-feira 9.

"A minha resposta é: em termos de processos legislativo, de conseguir colocar projeto de lei, de ter protagonismo na Câmara dos Deputados, de avançar com as nossas ideias, está muito melhor", conta.

O que é pior do que ele imaginava é a polarização política. E com isso todos os outros participantes do painel concordam. "É ainda um resquício das eleições de 2018, quando parecia que estávamos em guerra no país. Isso ainda existe no Congresso e é pior do que eu imaginei", relata Poit.

"A brutal maioria dos partidos não faz ideia do que defende", reclama Rigoni (PSB-ES). "No fim das contas fica difícil de consolidar; isso acabou trazendo à tona os movimentos políticos (como MBL, Renova, Livres)", diz o parlamentar.

Na percepção de Tiago Mitraud, deputado federal pelo Novo de Minas Gerais, há muitos deputados que estão lá não para se preocupar com grandes reformas, mas para fazer políticas pequenas, como conseguir votos a prefeitos. "Isso dominava as agendas na Câmara, mas vem mudando com a renovação", diz.

Fernando Holiday (DEM-SP), o vereador mais jovem da história do município de São Paulo, diz que sente que seria impossível um professor de cursinho (profissão que exercia antes de entrar para a política) virar vereador. "Com a renovação política, isso se tornou possível”, explica o político integrante do Movimento Brasil Livre (MBL).

A importância do diálogo nos meios de discussão política foi consenso na mesa. Holiday relembrou a chance que teve ao conversar com o atual vereador de São Paulo, Eduardo Suplicy, do Partido dos Trabalhadores (PT), sobre o programa sobre renda mínima. “Nós do MBL sempre fomos críticos ao PT. E eu e o Suplicy tivemos uma conversa primorosa sobre o assunto”, conta.

Além da importância do diálogo, Holiday falou sobre como os movimentos de renovação devem fazer autocrítica. Em nome do MBL, o vereador se desculpou pelo papel que o movimento desempenhou desde o processo pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff até as eleições presidenciais de 2018.

“Acabamos entrando em um ciclo eletrônico de ‘like pelo like’, ou seja, quanto mais visualização você tem de algo, mais você quer lacrar e comunicar mais”, reconhece Holiday.

Para Felipe Rigoni, deputado federal do Partido Socialista Brasileiro (PSB-ES), o principal desafio para a política brasileira é reter pessoas capazes. “Não imaginei que ganharia um espaço tão grande com tão pouca experiência”, diz.

O político defende que haja uma reforma no regimento interno da Câmara dos Deputados pois ele “foi feito para abarcar 2 partidos e tem 30 atualmente”, afirma.

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