Notícias negativas derrubam passeios em favelas do Rio
Notícias negativas sobre a cidade e o País na imprensa internacional e o alerta feito por embaixadas quanto à segurança no Rio atrapalharam turismo local
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2016 às 18h15.
Rio - Guias turísticos que organizam passeios por favelas cariocas ficaram desapontados com a Olimpíada. Com o grande fluxo de visitantes - estimado pelo Ministério do Turismo em 800 mil, sendo 350 mil estrangeiros, o principal público dos tours -, eles imaginavam que o serviço, atração da cidade há ao menos 20 anos, teriam um boom. Mas as reservas foram escassas.
A disseminação de notícias negativas sobre a cidade e o País na imprensa internacional e o alerta feito por embaixadas quanto à precariedade da segurança no Rio atrapalhou os planos dos guias. O endosso da prefeitura, que recomenda 15 passeios em favelas das zonas norte e sul na revista distribuída pela Riotur, parece não ter sido suficiente.
"Estou decepcionada. Imaginei que a procura seria enorme. Na semana passada não fiz nenhum passeio, mesmo com a cidade cheia, e não tenho nada marcado até o fim do mês", lamentou Catarine Fidêncio, da Rocinha. Ela é nascida e criada no morro, formada em administração e prestadora de serviços turísticos terceirizados.
Catarine, que fala inglês e alemão, chegou a divulgar seu trabalho nas casas da Alemanha, Suíça e Áustria. "Fiz o transfer de um grupo de holandeses e eles comentaram que favelas são perigosas. Expliquei que não é bem assim. As favelas são parte do Rio, não se conhece o Rio sem ir a elas", disse.
A Jeep Tour, que faz trajetos de jipe na Rocinha e em pontos turísticos tradicionais desde 1992, também teve as expectativas frustradas. O sócio Rafael Ricci esperava ver lotados pelo menos dez jipes por dia. Foram apenas três ou quatro, em média, na maioria dos dias dos Jogos. No verão, chega-se a 30 veículos. "O movimento está fraco por causa da sequência de notícias ruins do Rio no exterior."
Na manhã da primeira terça-feira após a abertura da Olimpíada, a Jeep Tour reuniu um grupo de oito turistas estrangeiros para rodar pela Rocinha. Eles preferiram caminhar, mesmo sob chuva.
"Estou hospedado na casa de amigos na Tijuca, que me disseram que eu estava louco de ir a uma favela. São cariocas que nunca pisaram num morro. Não tenho medo. Sei que antes de uma Olimpíada a imprensa internacional exagera: foi o mesmo em Londres", disse o britânico Robert York, de 40 anos, técnico de laboratório que é voluntário no Rio.
O guia Gilson Fumaça, do Morro Santa Marta (Botafogo), teve uma reunião no Consulado dos EUA e argumentou em favor dos passeios. "Joe Biden (vice-presidente americano) veio aqui (em 2013). Quem não vem é por preconceito."
Rio - Guias turísticos que organizam passeios por favelas cariocas ficaram desapontados com a Olimpíada. Com o grande fluxo de visitantes - estimado pelo Ministério do Turismo em 800 mil, sendo 350 mil estrangeiros, o principal público dos tours -, eles imaginavam que o serviço, atração da cidade há ao menos 20 anos, teriam um boom. Mas as reservas foram escassas.
A disseminação de notícias negativas sobre a cidade e o País na imprensa internacional e o alerta feito por embaixadas quanto à precariedade da segurança no Rio atrapalhou os planos dos guias. O endosso da prefeitura, que recomenda 15 passeios em favelas das zonas norte e sul na revista distribuída pela Riotur, parece não ter sido suficiente.
"Estou decepcionada. Imaginei que a procura seria enorme. Na semana passada não fiz nenhum passeio, mesmo com a cidade cheia, e não tenho nada marcado até o fim do mês", lamentou Catarine Fidêncio, da Rocinha. Ela é nascida e criada no morro, formada em administração e prestadora de serviços turísticos terceirizados.
Catarine, que fala inglês e alemão, chegou a divulgar seu trabalho nas casas da Alemanha, Suíça e Áustria. "Fiz o transfer de um grupo de holandeses e eles comentaram que favelas são perigosas. Expliquei que não é bem assim. As favelas são parte do Rio, não se conhece o Rio sem ir a elas", disse.
A Jeep Tour, que faz trajetos de jipe na Rocinha e em pontos turísticos tradicionais desde 1992, também teve as expectativas frustradas. O sócio Rafael Ricci esperava ver lotados pelo menos dez jipes por dia. Foram apenas três ou quatro, em média, na maioria dos dias dos Jogos. No verão, chega-se a 30 veículos. "O movimento está fraco por causa da sequência de notícias ruins do Rio no exterior."
Na manhã da primeira terça-feira após a abertura da Olimpíada, a Jeep Tour reuniu um grupo de oito turistas estrangeiros para rodar pela Rocinha. Eles preferiram caminhar, mesmo sob chuva.
"Estou hospedado na casa de amigos na Tijuca, que me disseram que eu estava louco de ir a uma favela. São cariocas que nunca pisaram num morro. Não tenho medo. Sei que antes de uma Olimpíada a imprensa internacional exagera: foi o mesmo em Londres", disse o britânico Robert York, de 40 anos, técnico de laboratório que é voluntário no Rio.
O guia Gilson Fumaça, do Morro Santa Marta (Botafogo), teve uma reunião no Consulado dos EUA e argumentou em favor dos passeios. "Joe Biden (vice-presidente americano) veio aqui (em 2013). Quem não vem é por preconceito."