No Senado, os dedos no gatilho
Chegou a hora. Mais de 100 dias depois de ter sido afastada da presidência, Dilma Rousseff vai ao Senado fazer sua defesa no processo de impeachment, a partir das 9h. Ela terá meia hora de depoimento, mas a fala pode ser alongada indefinidamente por decisão do presidente da sessão, o ministro do Supremo, Ricardo Lewandowski. […]
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2016 às 21h39.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h56.
Chegou a hora. Mais de 100 dias depois de ter sido afastada da presidência, Dilma Rousseff vai ao Senado fazer sua defesa no processo de impeachment, a partir das 9h. Ela terá meia hora de depoimento, mas a fala pode ser alongada indefinidamente por decisão do presidente da sessão, o ministro do Supremo, Ricardo Lewandowski. Depois, Dilma responderá a perguntas dos, até aqui, 47 senadores inscritos – a primeira será feita por uma de suas maiores aliadas, Kátia Abreu.
O plenário do Senado estará como numa daquelas cenas de filmes de faroeste. Os dois protagonistas se encontram, ambos com as armas a postos, esperando para reagir à iniciativa do inimigo. Dilma e o PT devem levar mais de 30 convidados ao Senado, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e 18 ex-ministros. Ontem, ela jantou no Palácio do Alvorada com Lula e com um grupo de aliados, entre eles o ex-ministro Nelson Barbosa e o presidente do PT, Rui Falcão.
Apoiadores da presidente afastada têm defendido nos últimos dias que Dilma adote um tom emocional ao discurso e responda todas as perguntas olhando no olho dos senadores. A aposta é que a coragem da presidente afastada, se não conseguir livrar sua pele, pelo menos marcará uma posição importante para a redenção de seu governo e para a sobrevivência do PT nas próximas eleições.
A grande dúvida é se Dilma falará em golpe no plenário do Senado, repetindo um discurso defendido à exaustão nos últimos meses. Aliados de Temer, que também se reuniram com o presidente interino ontem, têm afirmado que, se Dilma endurecer o discurso e chamar os senadores de golpistas, será duramente confrontada – seria a deixa para os dois lados desembainharem suas armas.
Na prática, fale o que falar, é improvável que Dilma consiga mudar a cabeça dos senadores. São necessários 54 de 81 votos para afastá-la definitivamente. Aliados de Temer dizem já ter 60 votos na conta. Ainda assim, sobra ansiedade para a votação.
Se Temer de fato continuar no cargo, já há um vídeo gravado com pronunciamento à nação. Será exibido em rede nacional de rádio e TV por volta das 20h30 do dia da confirmação do impeachment – terça ou quarta, segundo as previsões otimistas. Além de apresentar algumas das medidas econômicas a serem tomadas pelo governo, o foco é a “pacificação” do país.