Não há risco de falta de vacina para febre amarela, diz ministro
Barros garantiu que há vacinas suficientes para a imunização, mas lembrou que a medida é recomendada apenas nas regiões onde há risco de transmissão
Reuters
Publicado em 23 de janeiro de 2018 às 15h48.
Brasília - O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou nesta terça-feira que não há risco de falta de vacinas para a campanha a ser iniciada na quinta-feira nas áreas de risco para febre amarela , e recomendou a imunização daqueles com viagem prevista para essas regiões durante o Carnaval.
Barros garantiu que há vacinas suficientes para a imunização, mas lembrou que a medida é recomendada apenas nas regiões onde há risco de transmissão da doença, já que a imunização também tem seus riscos e efeitos colaterais.
"Se fosse preciso hoje vacinar todos os brasileiros que não foram imunizados antes, nós poderíamos fazer. Não há risco nenhum de desabastecimento", disse o ministro em entrevista coletiva nesta terça-feira.
"É preciso que a campanha fique clara para os municípios onde há a recomendação de vacinação", afirmou. "A vacina é um vírus que vai provocar no organismo a produção dos anticorpos. Tem um tempo para isso. Então, quem vai no Carnaval para áreas de mata, para áreas de risco, deve ser vacinado coma antecedência mínima de dez dias."
O ministro confirmou que foi encontrado um macaco morto no Zoológico de São Paulo, razão pela qual o local foi fechado ao público, assim como o Zoo Safari e o Jardim Botânico da capital paulista.
"O macaco morto não é do zoológico. Vai ser fechado para a busca de outras carcaças", afirmou, acrescentando que mais quatro distritos de São Paulo serão incluídos na campanha de vacinação para conter a propagação do vírus.
Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o Estado de São Paulo como área de risco para febre amarela, e recomendou vacinação contra a doença para todos os viajantes internacionais que visitam a região, inclusive a capital paulista e o litoral, devido ao aumento do nível de atividade do vírus.
Na segunda-feira, a organização avaliou que a campanha anunciada por autoridades brasileiras de vacinação fracionada contra a febre amarela --dividindo uma dose em cinco-- pode ser efetiva em limitar a disseminação da doença, mas apontou desafios logísticos envolvidos em um processo de vacinação em massa.
O diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério, Márcio Garcia, afirmou nesta terça que as atualizações da OMS são definidas também a partir de conversas com a área técnica da pasta, e refletem medidas "preventivas" e "cautelares".
"É papel deles acompanhar isso junto ao Brasil e o Brasil está fazendo tudo o que deve ser feito como país signatário da Organização Mundial de Saúde e do Regulamento Sanitário Internacional", disse Garcia.
"Risco nenhum" de transmissão urbana
A recomendação da OMS para vacinação de viajantes internacionais já estava em vigor para Estados das Regiões Centro-Oeste e Norte, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Maranhão, além de partes de Estados da Região Sul, Bahia e Piauí.
Durante a coletiva, o ministro garantiu ainda que não há risco de contaminação urbana da febre amarela -- o recente aumento de casos refere-se à versão silvestre da doença, transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. A urbana é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Neste momento, não existem registros no país da versão urbana da doença.
"Não há risco nenhum apontado pela área técnica de transmissão urbana", garantiu Barros.
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde na semana passada apontaram que até o dia 14 de janeiro, no atual período de monitoramento, de julho/2017 a junho/2018, foram confirmados 35 casos de febre amarela em todo o país, com 20 óbitos causados pelo vírus. O ministério vai atualizar os dados ainda nesta terça-feira.
Questionado, Barros ainda negou que haja algum estudo que comprove vinculação do aumento de casos da febre amarela no país ao rompimento de uma barragem da mineradora Samarco em Mariana (MG), o maior desastre ambiental do país ocorrido em novembro de 2015.
"Não há um estudo que comprove, é uma tese que está estabelecida mas não se fez, ninguém fez um estudo técnico, uma pesquisa que comprovasse a relação causa e efeito de Mariana com a questão da febre amarela."
O ministro também declarou que um outro laboratório, além de Biomanguinhos, da Fiocruz, deve abastecer os estoques de vacinas de febre amarela em 2018.
"Nós vamos inaugurar uma fábrica da Libbs, que fará mais 48 milhões de doses a partir da liberação da Anvisa, da validação da planta. Já estão produzindo a vacina, mas a Anvisa tem que ir lá validar o processo de produção para que a vacina possa ser ofertada à população."
Pelos cálculos de Barros, a validação da planta deve ocorrer no fim de março.