MP dos ministérios: mudanças não impedem políticas ambientais, diz Padilha
Governo pretende reverter as mudanças feitas pelo Congresso e devolver atribuições tiradas do Ministério do Meio Ambiente
Reporter colaborador, em Brasília
Publicado em 26 de maio de 2023 às 16h43.
Última atualização em 26 de maio de 2023 às 17h08.
O ministro do gabinete de Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha, disse nesta sexta-feira, 26, que as mudanças feitas pelo Congresso Nacional na MP dos ministérios não impedem a agenda de sustentabilidade defendida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"[ As mudanças na estrutura ministerial ] não impedem a implementação do programa de governo do presidente Lula e da sua ação onde coloca a sustentabilidade ambiental no centro da agenda de desenvolvimento econômico", disse em entrevista a jornalistas.
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Ele e Rui Costa, da Casa Civil, falaram com a imprensa após reunião com o presidente Lula, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, para avaliar uma reação às decisões do Congresso e unificar o discurso do governo em torno da defesa do meio ambiente e das causas indígenas, dois temas estratégicos na agenda do petista.
Padilha afirmou ainda que o governo tem instrumentos para garantir que mudança de troca de competência que o Congresso Nacional possa vir a fazer "não impede as ações de seus ministros que continuam a agenda de sustentabilidade que tem tido resultados muito positivos como a redução de mais de 42% do desmatamento na Amazônia”, ressaltou.
“A sustentabilidade está no coração do presidente Lula e do conjunto do governo do presidente. Todos os ministros saíram com a convicção de que mesmo com mudanças feitas dentro da comissão mista, que são pontos relevantes, nós vamos continuar dialogando com o Congresso”, garantiu.
Mudanças
Pelo texto aprovado, entre as mudanças, a Agência Nacional de Águas (ANA) deixa o Ministério do Meio Ambiente e passa a integrar o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), hoje chefiado por Waldez Góes (PDT). A pasta também ficará responsável pela Política Nacional de Recursos Hídricos.
Já o ministro Rui Costa defendeu que a política de uso da água deve ficar com o Ministério do Meio Ambiente. “Aqueles que implementam a utilização dos recursos hídricos é cada pasta. Se é para abastecimento humano, é o ministério das Cidades ou da Integração, se é para irrigação é a Agricultura ou Desenvolvimento Agrário. Mas a definição dos critérios para garantir o equilíbrio ambiental e o regramento sobre as prioridades de uso, ao nosso entender, tem de ficar no Ministério do Meio Ambiente”, defendeu.
Outro ponto que o governo defende que volte para o MMA, segundo ele, é o Cadastro Ambiental Rural (CAR). "O nome já diz, é Cadastro Ambiental Rural. Inclusive nós fizemos essa interlocução com o relator de que a modificação da alocação do cadastro não modificaria o acesso. Primeiro que o cadastro não é feito a nível de ministério nem do governo federal. Todo ele é feito por uma autodeclaração dos produtores rurais, e é feito a nível municipal e estadual, a nível federal não é elaborado nem preenchido o cadastro”, pontuou.
Rui Costa disse ainda, que assim como a Receita Federal não pode alterar a declaração do imposto de renda, por exemplo, de nenhum cidadão brasileiro, o ministério, seja ele qual for, não pode mexer na declaração que as pessoas dão sobre suas propriedades.
“Portanto, nós estamos falando de quem vai ser o gestor do banco de dados público e que pode ser acessado pelas universidade, estados, município, pela imprensa. Assim como o banco de dados do IBGE, o censo é público, fica em um lugar porque alguém tem de contratar os computadores onde vão ser mantidos [ os dados ] do cadastro. Mas o preenchimento não é feito e não pode ser feito por qualquer ministério, é uma disputa iníqua", concluiu.
O Congresso também transferiu a competência de reconhecer e demarcar terras indígenas do Ministério dos Povos Indígenas para o Ministério da Justiça. Mudou também o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que sai do Ministério do Meio Ambiente e vai para o Ministério da Gestão e Inovação.