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Ministério da Saúde quer recontar mortes por covid-19 alegando "erros"

Até o momento, nenhum apontamento sobre esses supostos erros foi feito. Pelo contrário, há um entendimento de que o problema é inverso e há subnotificação

Enterro em Manaus: no começo da pandemia no Brasil, cidade foi uma das que mais sofreu (Rodrigo Capote/Bloomberg/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de junho de 2020 às 11h31.

Última atualização em 6 de junho de 2020 às 13h41.

O Ministério da Saúde quer recontar as mortes por covid-19 no país, sob o argumento de que haveria óbitos a mais, ocorridos por outras doenças, mas erroneamente registrados como coronavírus.

Na avaliação da cúpula da pasta, estados e municípios estariam manipulando informações para se beneficiarem de recursos do governo federal.

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Até o momento, nenhum apontamento sobre esses supostos erros foi feito pelo ministério, que ainda não se posicionou oficialmente sobre o assunto. Pelo contrário, há um entendimento de que o problema é inverso: milhares de mortos estariam sendo enterrados sem ter a causa da morte devidamente apurada, ou seja, o número total seria maior.

O próprio Ministério da Saúde informava, até a última quinta-feira, 04, que havia mais de 4.000 mortes sendo investigadas, além daquelas já confirmadas. Esses dados já não constavam no balanço desta sexta-feira, 05.

Depois de o Ministério da Saúde atrasar o horário de divulgação de dados do coronavírus e deixar de divulgar o número total de mortos e contaminados, o site do governo que traz os dados sobre a doença no país continua fora do ar.

Em uma rede social, o presidente Jair Bolsonaro disse que a pasta "adequou a divulgação dos dados sobre casos e mortes" para "maior precisão". O portal do Ministério da Saúde que divulga dados do coronavírus está fora do ar desde ontem.

Em sua conta do Twitter, Bolsonaro disse que o ministério optou pela divulgação às 22 horas para evitar "subnotificação e inconsistências" e que as rotinas e fluxos estão sendo "adequados" para garantir a "melhor extração" dos dados diários, o que demanda aguardar relatórios das secretarias estaduais e a checagem do dados.

 

 

Ao longo do enfrentamento da doença, a coleta de informações evoluiu com capacitação e serviços laboratoriais. As medidas, assim, permitem obter dados mais precisos sobre cada região.

Nesta sexta, ao ser questionado sobre a mudança no horário, na porta do Palácio da Alvorada, o presidente disse: "Acabou a matéria no Jornal Nacional".

No Twitter, Bolsonaro também tentou justificar o fato de o Ministério da Saúde não informar mais os números acumulados de casos e mortes causados pelo coronavírus. "Ao acumular dados, além de não indicar que a maior parcela já não está com a doença, não retratam o momento do país", disse.

O presidente tuitou ainda que "outras ações estão em curso para melhorar a notificação dos casos e confirmação diagnóstica", sem especificar.

Bolsonaro disse ainda na rede social que a coleta de informações evoluiu e permite obter dados mais precisos sobre cada região.

"A divulgação dos dados de 24 horas permite acompanhar a realidade do país neste momento e definir estratégias adequadas para o atendimento a população. A curva de casos mostram as situações como as cenários mais críticos, as reversões de quadros e a necessidade para preparação", escreveu o presidente.

Diante do atraso do governo em divulgar os números, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, disse que cogita propor à corte de contas que consolide e divulgue os dados diariamente, até as 18 horas. Em sua conta na rede social Twitter, Dantas disse que vai fazer a sugestão aos ministros do tribunal. Caberia ao órgão coletar os dados junto a tribunais de contas estaduais e consolidar as informações.

Com as novas dificuldades para divulgar dados nacionais de infectados, curados e óbitos da Covid-19, as instituições devem ajudar. Cogito propor ao @TCUoficial e aos tribunais de contas estaduais que requisitemos e consolidemos dados estaduais para divulgação diária até 18h.

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