Sobe para 69 o número de casos de coronavírus no Brasil; SP tem 30
Doença foi considerada pandemia pela Organização Mundial da Saúde nesta quarta-feira
Clara Cerioni
Publicado em 11 de março de 2020 às 15h24.
Última atualização em 12 de março de 2020 às 12h12.
São Paulo — O Hospital Israelita Albert Einstein informou ao jornal O Estado de S. Paulo que confirmou, somente ao longo desta quarta-feira, 16 novas infecções pelo novo coronavírus .
Como o resultado desses exames saíram nas últimas horas, esses casos ainda não foram notificados ao Ministério da Saúde , já que as unidades de saúde têm até 24 horas para informar a pasta sobre os registros da doença.
Com os novos casos, sobe para 69 o número de infecções confirmadas no País. Além das 16 registradas nesta quarta pelo Einstein, 52 já haviam sido divulgadas nesta tarde pelo ministério. No último balanço eram 37 casos. O total de suspeitos está em 907.
De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, desde o início da circulação do vírus no País, 38 infecções já foram confirmadas no hospital, mas 22 já haviam sido informadas ao governo.
Nos últimos dias, o Einstein têm registrado aumento exponencial no número de pacientes suspeitos que procuram o pronto-atendimento. O número de testes para a doença realizados na unidade passou de 259 no dia 9 de março para 492 nesta quarta.
O número de infectados em São Paulo saltou de 19 para 30, entre ontem e hoje. Já no Rio de Janeiro, os casos chegam a 13. Distrito Federal e Rio Grande do Sul têm dois confirmados em cada estado. Alagoas, Minas Gerais e Espírito Santo têm um.
O governo do Estado da Bahia confirmou o terceiro caso de contaminação por coronavírus. Se trata de uma mulher de 68 anos da cidade de Feira de Santana. Segundo nota emitida pela Secretaria de Saúde da Bahia, a paciente "teve contato domiciliar com a segunda paciente do Estado com covid-19 quando ainda estava assintomática".
Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) terdeclarado a doença como pandemia, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou mais cedo quenada muda no Brasil com a nova definição.O país, segundo o chefe da pasta, continua com o monitoramento das áreas atingidas e com as iniciativas e protocolos já anunciados.
O ministro também anunciou que o Congresso Nacional deve liberar R$ 5 bilhões, via emendas feitas ao Orçamento, para o enfrentar o vírus.O valor é parte dos cerca de R$ 15 bilhões que serão indicados pelo relator do Orçamento, deputado Domingos Neto (PSD-CE).
"Muito obrigado ao presidente (da Câmara) Rodrigo Maia por ter sensibilizado todos os líderes a liberar essas emendas do relator", disse Mandetta em comissão da Câmara que debate o confronto à doença.
O ministro disse que o Brasil está na fase de "recomendações" sobre a doença, mas que pode partir para "determinações", conforme o aumento do número de casos.
O governo ainda avalia medidas restritivas mais rígidas sobre a doença, como evitar o contato social para pessoas acima de 60 anos ou com doença crônica, estimular o trabalho home office ou mudar regras sobre falta ao emprego e atestado médico.
Aulas escolares
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, divulgou em sua conta no Twitter um vídeo no qual apresenta conselhos para gestores educacionais lidarem com uma eventual situação de alastramento docoronavírusno Brasil.
Ele disse que espera dos gestores "flexibilidade de adaptar e mandar sugestões" e colocou a pasta à disposição para medidas burocráticas que ajudem caso mudanças sejam necessárias. "Da nossa parte, podemos mudar férias, adaptar. Pensem num plano de contingência."
O chefe da pasta sugeriu que aulas presenciais deem lugar para recursos digitais - "você manda as aulas para os alunos, disponibiliza e-mail, YouTube, Skype" - e o cancelamento de reuniões, simpósios e seminários.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no entanto, disse mais cedo que vê a possibilidade de suspensão de aulas como um potencial risco para avós, que por serem idosos, integram o principal grupo de risco do coronavírus.
Pandemia
A doença, classificada agora como pandemia, já deixou mais de 4 mil mortos e cerca de 120 mil infectados no mundo — a maioria na China, Itália e Irã, países com as maiores incidências do vírus.
“Esta não é somente uma crise de saúde pública, mas uma crise que vai afetar todos os setores — e todos eles precisam estar envolvidos na luta contra o vírus”, afirmou a OMS em uma série de tuites, também salientando a importância de as pessoas não entrarem em pânico apesar da nova definição.