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Metrô de SP quer expandir Terminal da Barra Funda e prevê hotel, ciclovia e mais lojas

O plano prevê intervenções em uma área de 16,8 hectares, que abrange ainda a Praça Doutor Osmar de Oliveira, ao lado do Memorial, o Instituto de Artes da Unesp e vias públicas

Pessoas aguardam táxis, vans e caronas no terminal Barra Funda durante a greve geral em 28/04/2017 (Claudia Gasparini/Site Exame)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de outubro de 2022 às 10h28.

Última atualização em 21 de outubro de 2022 às 10h28.

Uma proposta em desenvolvimento pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) pretende ampliar o Terminal Palmeiras-Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, com novas áreas de circulação, lojas, escritórios e serviços de hospedagem. O Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Polo Barra Funda fica em consulta pública até o dia 31. Na iniciativa está incluída a ampliação dos acessos para pedestres, a criação de ciclovia, a expansão construtiva em dez vezes do volume atual e uma maior ligação com o entorno do Memorial da América Latina e do câmpus da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

O plano prevê intervenções em uma área de 16,8 hectares, que abrange ainda a Praça Doutor Osmar de Oliveira, ao lado do Memorial, o Instituto de Artes da Unesp e vias públicas. O objetivo é potencializar uma zona de centralidade, assim como ser um vetor para a ampliação de comércios, serviços, empregos e moradias no entorno. A previsão é de que as mudanças ocorram com recursos privados, por meio de uma concessão pública. O diagnóstico apresentado na consulta mapeou os terrenos “transformáveis” na vizinhança, que poderiam atrair o interesse privado após as mudanças no terminal.

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Esse terminal abrange a operação simultânea de três linhas do Metrô e da CPTM (3-Vermelha, 7-Rubi e 8-Diamante) e de ônibus municipais, rodoviários e turísticos, além de ter fluxo de pedestres, ciclistas, táxis, transporte por aplicativo e veículos particulares. Nos próximos anos, também receberá as Linhas 11-Coral e 13-Jade - conectando-se ao Aeroporto de Guarulhos e às zonas norte e leste - e o trem intercidades, até Campinas, que devem atrair mais 40 mil pessoas diariamente, segundo o Estado.

Volume

O fluxo médio é de 310 mil usuários ao longo do dia, com plataformas e acessos lotados nos horários de pico. O número é avolumado pela localização do terminal, próximo de universidades e espaços culturais e esportivos de médio e grande portes, como o estádio do Palmeiras, o Memorial da América Latina, o Parque da Água Branca e o Espaço das Américas.

Segundo Luiz Antônio Cortez, gerente de Planejamento e Meio Ambiente do Metrô, a expansão e a modernização do terminal eram discutidas havia anos, diante da constatação de problemas diversos, como a superlotação em horários de pico, os acessos insuficientes para pedestres e os conflitos de espaço entre ônibus, táxis, carros de aplicativo e usuários no lado norte. “O pedestre foi praticamente esquecido no projeto original (a inauguração foi em 1988).”

Exemplos

A mudança é inspirada especialmente em dois exemplos europeus, da Holanda e da Itália, na última década, além de projetos para estações em Tóquio e um estudo de pré-viabilidade da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), elaborado em 2018 e parte de uma cooperação técnica com São Paulo.

Um dos exemplos é o da Estação Central de Roterdã, convertida em um marco arquitetônico e turístico em um projeto que também apostou em áreas externas amplas e na diversificação de comércios e serviços. O outro é Porta Susa, parte da transformação urbana de uma área de Turim em uma nova zona comercial e residencial, com a construção também de torres.

Um dos desafios e motivações é a reorganização e regularização fundiária dos espaços, que ocupam glebas da antiga Estação Sorocabana e do Pátio da Fepasa, situação descrita como uma “colcha de matrículas” e com uma situação legal que dificulta obras. “A estrutura fundiária é muito confusa. Imagine: como a gente conseguiria regularizar uma edificação em cima de duas matrículas e uma antiga via pública?”, comenta o gerente do Metrô.

A proposta está em um dos setores da Operação Urbana Consorciada Água Branca, criada nos anos 1990 e atualizada em 2013 e 2021, voltada a promover o desenvolvimento urbano de áreas com um passado industrial e até então pouco povoadas. Hoje, algumas dessas mudanças são visíveis em quadras do entorno do terminal, como na Avenida Marquês de São Vicente e na Rua Federação Paulista de Futebol, com um processo de verticalização com obras de edifícios majoritariamente residenciais.

Estrutura

O programa de interesse público do PIU tem a mobilidade a pé e por bicicleta como um dos focos. Hoje, segundo o diagnóstico técnico, pedestres chegam a caminhar até 600 metros a mais porque os acessos são centralizados e funcionam quase como uma “ponte” sobre a linha férrea que divide o bairro. Além disso, as calçadas são consideradas estreitas e insuficientes para o fluxo de pedestres, assim como as dimensões de escadas e rampas do terminal.

Para esses problemas, o PIU propõe a criação de acessos em outros pontos, a implementação de uma passarela sobre o câmpus da Unesp (até a Rua Doutor Bento Teobaldo Ferraz) e a arborização e o alargamento de calçadas para cerca de 5 metros de largura.

A mudança também envolverá uma reorganização do fluxo de transporte coletivo, táxis e carros em geral na plataforma ao lado da Rua Jornalista Aloysio Biondi, que possivelmente será alargada. A princípio, não há a previsão de retirada de linhas de transporte coletivo, segundo Cortez.

Para atrair o interesse de possíveis concessionárias e ampliar os usos, o PIU propõe a verticalização na parte superior do terminal rodoviário, com novos pavimentos e uma divisão sugerida dos espaços de 50% para comércios e serviços, 25% para escritórios e 25% para hotelaria ou serviços de hospedagem. Ao todo, a área computável (que não inclui infraestrutura, por exemplo) poderá aumentar em cerca de 10 vezes, passando os 90 mil metros quadrados.

O plano está em tramitação inicial, de coleta de sugestões de conselhos municipais e da população. Em geral, PIUs têm levado anos para serem aprovados.

Integrante do grupo de gestão da Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB) e professora de Urbanismo na USP, Paula Freire Santoro avalia que o diagnóstico e o programa de interesse público apresentado na consulta ainda são genéricos e não apontam propostas suficientes de interesse público. “É muito voltado para a promoção de soluções para a iniciativa privada.” Também defende que o uso residencial seja cogitado, diante do déficit habitacional da cidade.

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