Meirelles: atraso na reforma trabalhista não compromete economia
O ministro afirmou que a possibilidade da votação ser aprovada só em agosto não afetará a produtividade do país
Agência Brasil
Publicado em 8 de junho de 2017 às 19h42.
Um eventual atraso na votação da reforma trabalhista não comprometerá a retomada da economia, disse hoje (8) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles .
Em entrevista coletiva na Embaixada do Brasil na França, ele disse que a possibilidade de que a votação seja aprovada somente em agosto não afetará a produtividade do país porque as medidas só têm impacto no médio e no longo prazo.
"A questão da reforma trabalhista é a mesma da Previdência. Não é uma mudança para ter um efeito emergencial nos próximos meses, mas uma medida de longo prazo. Agora se, por alguma razão, ela seja votada em agosto, do ponto de vista da produtividade do país não serão 15 dias ou 20 dias, um mês, que vão fazer uma diferença em algo que está aí há décadas e que vai prevalecer durante também um longo tempo", disse Meirelles em áudio publicado na página do Ministério da Fazenda na internet.
Mesmo com a possibilidade de as votações serem afetadas pela crise política, o ministro disse estar confiante de que a reforma trabalhista seja aprovada ainda este mês.
"Existe uma possibilidade boa de haver uma votação ainda este mês, que é a expectativa. Não há dúvidas de que, se for aprovada em junho, melhor. Se for aprovada na primeira quinzena de julho antes do recesso, bom", disse.
Para Meirelles, o relatório não deverá sofrer novas alterações por ter sido negociado várias vezes.
Segundo ele, já existe um acordo para a aprovação da reforma trabalhista.
O ministro disse que tem mantido contato direto com um secretário da Presidência, que é quem acompanha a tramitação da reforma.
"A princípio não estamos pensando em mudança a esta altura. Evidentemente, vou chegar ao Brasil no fim de semana e vamos olhar isso. A nossa expectativa é que o projeto vai seguir como está", disse.
Meirelles está em Paris numa reunião que discute a adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que reúne os países mais industrializados.
O ministro também participou de encontros com investidores e disse que conseguiu tranquilizá-los em relação à manutenção da estabilidade econômica do país, ao afirmar que a economia continuará crescendo nos próximos trimestres.
"Evidentemente que há uma preocupação com as questões políticas e com a possibilidade de prosseguimento da agenda econômica e das reformas. Avisei a eles que o crescimento foi muito forte no primeiro trimestre, 1% foi acima das expectativas do mercado, e depois deve acomodar no segundo trimestre, o que eles entenderam perfeitamente, pois é algo que ocorre após a retomada de um ciclo econômico, e voltará a subir no terceiro e quarto trimestres", declarou.
Em relação à Medida Provisória 784, editada hoje e que endurece a fiscalização do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários, aumenta multas e cria o acordo de leniência para instituições financeiras, o ministro da Fazenda disse que não participou da edição da medida.
"Não estou no Brasil. Não participei deste processo, nos últimos dias, de edição da medida provisória. Essas medidas estão em discussão há muito tempo, há anos. O processo já amadurecendo. Eu não estava lá participando da edição, da assinatura da medida, mas me parece que teve seu curso normal. Agora, evidentemente, hoje em dia tudo é lido de uma forma particular", concluiu o ministro.