Maioria do STF defende mudança e diz que investigações do MP devem seguir mesmo prazo das policiais
Ministros analisam ações que questionam poder de investigação do Ministério Público
Agência de notícias
Publicado em 25 de abril de 2024 às 19h13.
O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos nesta quinta-feira para determinar que investigações criminais conduzidas por membros do Ministério Público tenham os mesmos prazos e parâmetros dos inquéritos policiais. A Corte analisa desde esta quarta-feira uma série de ações que questionam o papel do Ministério Público em investigações criminais.
A equiparação dos prazos do Ministério Público com os policiais representa uma mudança na forma vigente hoje em dia, que dá maior liberdade aos procuradores e promotores. A proposta consta no voto conjunto apresentado pelos ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes.
Hoje, uma norma do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) estabelece que o procedimento investigatório criminal deverá ser concluído no prazo de 90 dias, ficando também autorizadas prorrogações sucessivas. Membros do MP ouvidos pelo GLOBO não consideram que a mudança imponha uma limitação, mas acreditam que possa criar mais uma etapa burocrática.
Tese final sobre o tema
O julgamento foi suspenso pelo presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso , e vai ser retomado na sessão do dia 2 de maio, quando os ministros deverão definir uma tese final sobre o tema.
Apesar da interrupção, a maioria dos integrantes da Corte também já definiu outros pontos, como o entendimento de que qualquer procedimento aberto por procuradores e promotores precisa ser comunicado imediatamente à Justiça para permitir a supervisão e que o Ministério Público tem poder de investigação.
Pelo voto de Fachin e Gilmar, "a investigação pelo Ministério Público tem caráter subsidiário. Essa subsidiariedade não visa a isolar os órgãos, mas a prever mecanismos de cooperação".
"A polícia judiciária possui a função de sempre esclarecer os fatos, ao passo que o Ministério Público deve zelar para que esse esclarecimento ocorra da forma mais completa possível, sempre que a garantia dos direitos de eventual investigado dele dependa", diz o voto.
Segundo a tese apresentada pelos dois ministros, a realização de investigações criminais pelo Ministério Público pressupõe "comunicação ao juiz competente sobre a instauração e o encerramento de procedimento investigatório, com o devido registro e distribuição".
Ao retomar o debate na próxima quinta-feira, o Supremo ainda vai analisar alguns ajustes na tese proposta por Fachin e Gilmar, como se a necessidade de prorrogação das investigações vale para casos com investigados presos ou se para todos os casos.
Nos debates que estão acontecendo sobre o tema, alguns ministros divergem sobre se o Ministério Público será obrigado a abrir apuração preliminar sobre ferimentos, mortes e abusos em operações policiais, dentro do controle da atividade policial. Para uma ala de magistrados, é preciso fixar que cabe ao promotor ou procurador avaliar as situações.