Maioria acha que investigação contra Flávio prejudica imagem de Bolsonaro
Pesquisa inédita da Ideia Big Data revela que 53,2% dos entrevistados vê imagem arranhada do governo com investigações contra filho do presidente
Clara Cerioni
Publicado em 11 de fevereiro de 2019 às 11h32.
Última atualização em 11 de fevereiro de 2019 às 12h15.
São Paulo — As investigações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) contra Flávio Bolsonaro , senador e filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, estão prejudicando a imagem do novo governo.
Essa é a conclusão de uma nova pesquisa da Ideia Big Data, que analisa o primeiro mês do governo Bolsonaro, antecipada com exclusividade por Exame. Foram entrevistados 1.513 pessoas maiores de 18 anos em todas as regiões do Brasil.
Mais da metade dos entrevistados (53,2%) considera que a imagem do presidente está arranhada com a suspeita de um esquema de corrupção envolvendo o senador, enquanto 35,2% dizem que a situação não prejudica e 11,6% não souberam avaliar.
A pesquisa foi realizada entre 30 de janeiro e 01 de fevereiro, época em que o noticiário estava divulgando novas informações envolvendo as denúncias contra Flávio Bolsonaro.
79% dos entrevistados estavam a par das investigações e para 42,6%, a melhor decisão de Flávio seria renunciar ao cargo para tentar proteger o governo. Outros 34,2% não acreditam ser necessária a saída do senador e 23,3% não responderam.
O levantamento revela ainda que 34,2% dos entrevistados discordam que o senador está sendo perseguido pela imprensa, como tem sugerido tanto o presidente Bolsonaro quanto o próprio senador.
Avaliação do primeiro mês
A pesquisa da Ideia Big Data mostra, também, que a aprovação do governo Bolsonaro é de 51,5%. Dentro deste grupo, a parcela mais otimista soma 19,4% — com participação maior de homens, 27,2%, contra 12,2% das mulheres.
Medidas prioritárias
Geração de emprego e combate à corrupção são as duas principais medidas que a população deve cobrar do governo. De acordo com a pesquisa, as pautas são prioritárias para 72,9% e 71%, respectivamente.
Depois, aparece transparência de gastos públicos (54,9%); reformas econômicas (43,1%); reforma política (35,1%); e empreendedorismo e inovação (35,1%).
A questão de "combate à ideologia de gênero nas escolas" é prioridade para 22% dos entrevistados, enquanto facilitação da posse de armas é para 8,7%. Ambas as pautas estiveram presente durante a campanha eleitoral.
Mudanças na Lei de Acesso à Informação
Há cerca de duas semanas, o vice-presidente Hamilton Mourão alterou as diretrizes da Lei de Acesso à Informação — importante ferramenta de transparência de dados, que vigora desde 2011 no Brasil.
A partir de agora, servidores em cargos comissionados também estarão autorizados aclassificar dados do governo como informações ultrassecretas, grau máximo de sigilo.
Anteriormente, essa decisão só poderia ser tomada pelo presidente da República, seu vice, os ministros de Estado, comandantes das Forças Armadas e chefes de missões diplomáticas
A atitude gerou preocupação em 39,8% dos entrevistados na pesquisa e revolta em 27,9%. Para 4,4%, a decisão gerou otimismo, enquanto 2,4% ficaram entusiasmados, 10% ficaram indiferentes e 15,4% não souberam responder.