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Lula vai ajudar na articulação do governo com o Congresso

O ex-presidente vai ajudar na articulação política do governo com o Congresso, na tentativa de reverter o clima de animosidade entre o PT e PMDB

Luiz Inácio Lula da Silva: Lula acertou com Dilma um cronograma de encontros que terá em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2015 às 20h09.

Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ajudar na articulação política do governo com o Congresso, na tentativa de reverter o clima de animosidade entre o PT e PMDB após a vitória de Eduardo Cunha (RJ) para o comando da Câmara.

Em conversa de mais de duas horas com Dilma, nesta quinta-feira, 12, em São Paulo, Lula acertou com ela um cronograma de encontros que terá em Brasília.

Após o Carnaval, Lula vai se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o líder do partido na Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e com a bancada de senadores do PT.

Na avaliação do ex-presidente, o Palácio do Planalto precisa agir rápido para evitar que a fratura na base aliada se aprofunde e a tese do impeachment ganhe força, no rastro do escândalo de corrupção na Petrobras, que culminou com a criação de outra CPI para investigar o desvio de dinheiro na estatal.

Desde que assumiu a presidência da Câmara, no dia 1.º, derrotando o petista Arlindo Chinaglia (SP), Cunha impôs uma série de reveses ao governo.

Depois de aplanar o terreno com o PMDB no Senado, Lula também quer conversar com o próprio Cunha, embora não haja nada marcado até o momento.

Na quarta-feira, 11, o ex-presidente jantou na casa do prefeito do Rio, Eduardo Paes. À mesa também estavam o governador Luiz Fernando Pezão e seu antecessor, Sérgio Cabral, todos do PMDB. Apesar de terem apoiado a eleição de Cunha, eles prometeram ajudar Lula na tarefa de reaproximação.

Ajuste

Lula disse a Dilma, no encontro de quinta-feira, que ela também deve adotar uma nova estratégia para enfrentar as críticas ao ajuste fiscal e as medidas impopulares anunciadas até aqui, como o endurecimento das regras para acesso ao seguro desemprego e abono salarial.

Com esse diagnóstico, Lula sugeriu à presidente que monte uma agenda para conseguir convencer os mais diversos segmentos econômicos e políticos da importância do ajuste, insistindo que essa fase será por pouco tempo.

Para defender o ajuste e melhorar a imagem do governo, hoje muito deteriorada, Lula também aconselhou Dilma a retomar as viagens pelo País o mais rápido possível.

O ex-presidente acha que ela deveria aproveitar seus discursos, nestas viagens, para explicar à população a importância das medidas econômicas e falar das fraudes que existem na concessão dos benefícios trabalhistas, de forma didática, citando que o governo está agindo para que as irregularidades acabem.

A estratégia de reação ao cerco político também prevê ações fora do Planalto. Na opinião de Lula, a presidente deve chamar uma grande reunião com governadores e prefeitos, com o objetivo de construir uma espécie de "frente de apoio" em torno das medidas para pôr a economia dos trilhos.

Na conversa com Dilma, ele lembrou que fez isso no primeiro ano de governo, em 2003, quando queria aval para a reforma da Previdência.

Dilma sabe que precisa dos governadores e prefeitos para aprovar o ajuste no Congresso, mas resiste a promover o encontro com eles agora por temer que todos cheguem para a conversa "com o pires na mão", nessa época de vacas magras.

São Paulo – A derrota da presidente reeleita Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados na semana passada pode ser uma amostra do que ela terá que encarar nos próximos anos. Se depender dos números das urnas, o Brasil terá um legislativo mais fragmentado a partir de 2015. Hoje, 22 partidos têm uma cadeira na Câmara dos Deputados. Em janeiro, 28 legendas estarão presentes na Casa. Tendo em vista a coligação do PT na campanha presidencial, Dilma manterá a maioria no Câmara. Mas a tendência é que, com tantos partidos, a presidente tenha mais dificuldade para aprovar projetos na Casa – a exemplo do que aconteceu na semana passada. Veja outros números que mostram o perfil dos novos deputados federais.
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